Muitos profissionais da mensuração ainda têm em mente que CAD é apenas Desenho Assistido por Computador, que serve para representar suas medições e pode ser estático durante a elaboração de projetos.

Porém, os tempos mudaram, novas gerações de programas foram chegando e se sobrepondo a antigos conceitos. Hoje, quem desenvolve projetos sobre uma base topográfica desenvolvida por “softwares” que não interagem sabe quanto é penoso e oneroso essa falta de interoperabilidade, pois a simples conversão de linguagem entre programas nem sempre atende o perfeito gerenciamento entre levantamentos, projetos e implantações.

Por outro lado, nos programas que se tornaram padrão mundial, como os da família AutoCAD para a área de arquitetura, engenharia e construção (AEC), os desenhos carregam consigo bancos de dados com toda gama de pontos, perfis, estaqueamentos, DTM, volumetria, etc.. Com isso, profissionais de levantamento, projeto e construção trabalham de maneira integrada, com maior flexibilidade nos trabalhos colaborativos de equipes à distância, tão comum no mundo em que vivemos.

Por exemplo, se um membro da equipe em um determinado momento precisa fazer, de maneira instantânea, um corte de perfil no terreno, o seu programa (AEC) o fará sem a necessidade de migrar para outro programa específico que o gerou. Outro exemplo: o projetista muda a cota de um platô no seu projeto de terraplenagem e o DTM gerado pela equipe de topografia reconhece a alteração também de maneira instantânea, do mesmo modo anterior.

Mais um exemplo: o projetista precisa de complementação nos trabalhos topográficos; o mensurador envia-lhe via web os dados faltantes, através do arquivo LandXML (formato mais usado no mundo entre projetistas e profissionais da geomática), que são inseridos automaticamente no levantamento anterior, além dos pontos topográficos, perfis, DTM e curvas de nível, desconsiderando de maneira programada os excessos que por ventura foram levantados, evitando assim os chamados “remontes de complementação”.

Algumas estações totais já descarregam seus coletores no formato de arquivo LandXML, o que viabiliza seu envio do campo ao cliente em tempo quase real.

Terminado o projeto, o AEC exporta com rapidez os pontos projetados para a memória da estação total, através de arquivos gerados por um simples “passar do mouse” sobre ele (projeto digitalizado), evitando assim eventuais erros causados pela fadiga das transcrições manuais e proporcionando maior segurança na implantação das obras.

Dentre outras ferramentas, vale salientar a otimização no processo de distribuição dos desenhos no formato dwg convertidos para dwf (desenho em formato para web), e a inserção e manuseio de qualquer imagem raster, inclusive de satélites georreferenciadas, que o Google Earth oferece ao sistema.

Enfim, no mundo da geomática, o software que só serve para desenhar deu lugar aos que vão muito além disso, pois nos dias de hoje não basta ser desenho, tem que participar. ?

Dirceu H. Gennari
Agrimensor e geomensor
dgennari@terra.com.br