Por Eduardo Freitas

InfoGNSS

Em meados de 2003, com o mercado de geomática “bombando”, a partir da lei de georreferenciamento de imóveis rurais, as matérias e artigos sobre este assunto passaram a pedir por uma publicação específica que abordasse todos os aspectos dos levantamentos em campo e processamento de dados em escritório.

A revista InfoGEO, naquela época, abordava todos os temas ligados à geoinformação, desde GIS até topografia, passando por imagens de satélites, aerofotogrametria, cartografia e agrimensura. Uma revista de qualidade, que falasse especificamente sobre geomática, estava prestes a nascer.

Emerson Granemann, diretor e publisher da MundoGEO, conta que a revista InfoGNSS nasceu como um desmembramento da InfoGEO. “Após consultarmos o mercado e o perfil de nossos leitores, percebemos que existia uma necessidade de criarmos uma nova publicação. A aposta editorial foi de levar a estes profissionais as principais tendências nas tecnologias de levantamentos”, afirma.

Dentro da edição 30 da InfoGEO foi encartado o primeiro número da revista InfoGNSS, que naquela época ainda se chamava InfoGPS. A revista passou por uma evolução em seu nome, levando em conta o termo que designa os Sistemas Globais de Navegação por Satélite (GNSS). Apesar do nome, a publicação não aborda somente os levantamentos com receptores GNSS, mas também com estações totais, níveis digitais, laser scanners e demais equipamentos para medidas de alta precisão.

Assim surgiu a InfoGNSS, uma publicação voltada para agrimensores, cartógrafos, topógrafos e demais profissionais interessados em geomática. Para a engenheira Fátima Alves Tostes, consultora da empresa Base Aerofotogrametria e Projetos, “a revista InfoGNSS é a única que enfoca a geomática e sua evolução. Nota-se um mudança da tecnologia em relação a equipamentos, porém muitos fundamentos são desconhecidos dos profissionais que querem atuar na área, e a revista tem procurado suprir essa falta de conhecimento”.

A qualificação dos colunistas e autores de artigos é outro diferencial da publicação. Para Leonilson Liandro da Silva, sócio diretor da empresa Geo-Top, “a revista InfoGNSS tem evoluído no seu conteúdo e na forma de abordar os assuntos técnicos, sempre trazendo os comentários de profissionais com conhecimento de causa sobre o assunto”.

Abordar com propriedade a evolução da tecnologia sempre foi uma preocupação da InfoGNSS. Segundo Eliezer de Oliveira, da Furtado & Schmidt, “desde que passamos a utilizar o sistema geodésico para as definições de coordenadas e distâncias entre pontos, evoluíram as aplicações e os equipamentos voltados para os mais variados segmentos. Acompanhamos também a evolução dos receptores GNSS geodésicos de alta precisão, com seus levantamentos estáticos, cinemáticos e RTK”.

Ano I ao Ano VI

A primeira edição da InfoGNSS tinha como principal assunto a Lei 10.267 e perguntava: afinal, podemos aceitar que qualquer profissional, que não o cartógrafo ou agrimensor, esteja habilitado para georreferenciar um imóvel rural? Como pode-se ver, o assunto da InfoGNSS 1 ainda é atual e veio à tona com a resolução 1.010 do Confea, que mexe com as atribuições profissionais de engenheiros, tecnólogos e técnicos. Nesta mesma edição, começou a escrever seus textos para a revista o colunista Régis Bueno, que permanece colaborando até hoje com a publicação.

A Lei 10.267 continuou em alta e foi tema também da capa do segundo número da InfoGNSS. A partir desta edição, começaram a ser abordados os Serviços Baseados em Localização (LBS na sigla em inglês), com uma coluna sobre o uso da tecnologia. Já a edição 3 contou em sua capa com uma matéria sobre a expectativa para o congresso GEOBrasil 2004, realizado pela MundoGEO e Alcantara Machado.

Em 2004 estava em desenvolvimento o sistema europeu de navegação por satélites Galileo, tema da matéria de capa da quarta edição da InfoGNSS, escrita por João Francisco Galera Monico, do departamento de cartografia da Universidade Estadual Paulista (Unesp). O professor Galera volta na presente edição com uma coluna fixa, na qual vai abordar os aspectos mais técnicos da geodésia.

A cobertura completa do GEOBrasil foi assunto da InfoGNSS 5. Além disso, esta edição contou com um artigo sobre a Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC), com o passado e o futuro da maior infraestrutura de GNSS do País, escrito por técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já a sexta edição abordou as histórias de sucesso de mineradoras que utilizam a tecnologia de controle de máquinas com GNSS, mostrando um imenso campo de trabalho para os profissionais de geo.

O assunto georreferenciamento de imóveis rurais voltou à cena na sétima edição, com as alterações na Lei que tinham o objetivo de recadastrar todas as terras do Brasil. Constava na edição a Carta de Araraquara, produzida no 19º Encontro Regional de Oficiais de Registros de Imóveis, que definia as principais barreiras da nova legislação e apontava soluções para o problema. Nesta edição, o Instituto de Registro Imobiliário do Brasil (Irib) passou a apoiar a publicação, através do envio de notícias e novidades de interesse dos leitores.

Realizado paralelamente ao GEOBrasil, o ExpoGPS/Galileo 2005 – Congresso e Feira Internacional de Tecnologias de Posicionamento por Satélite – foi o tema da edição 8 da InfoGNSS. Já os aspectos técnicos e comerciais dos sistemas GPS, Glonass e Galileo foram tema da matéria de capa da nona edição, com o título “Revolução GNSS”.

As diversas redes ativas de GNSS presentes no Brasil e no mundo foram abordadas na edição 10, com os conceitos e aplicações das infraestruturas geodésicas de monitoramento contínuo. A décima-primeira edição contou com uma matéria de Andrea Carneiro, professora do departamento de engenharia cartográfica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na qual fazia uma análise da lei de georreferenciamento às vésperas da aplicação para todos os imóveis rurais. Depois disso, o prazo para regularização acabou sendo adiado.

O ano de 2006 começou com uma edição que abordava o georreferenciamento de imóveis urbanos, o que seria o passo natural na regularização fundiária brasileira. A partir do Estatuto das Cidades e da Lei 10.267, houve uma movimentação para elaborar um mecanismo que obrigasse o georreferenciamento dos imóveis urbanos segundo critérios técnicos. A edição 13 abordou o GEOBrasil que, em 2006, passou a se chamar GEOBrasil Summit.

Na décima-quarta edição, novamente os sistemas GNSS foram o tema da capa, mostrando que o assunto é inesgotável. Este número também passou a publicar a seção Fique Ligado, na qual são abordados os assuntos mais comentados nos blogs, fóruns e listas de discussão do setor de geomática. Além disso, a seção Fórum começou a receber textos de profissionais da área, geralmente sobre temas polêmicos como a gratuidade de dados públicos.

Com o título “Irib e Incra falam a mesma língua”, a edição 15 da InfoGNSS abordou um debate realizado durante o GEOBrasil Summit 2006, no qual os Institutos declararam uniformidade de entendimentos para o georreferenciamento. Na ocasião, representantes do Incra e Irib responderam perguntas dos geomensores sobre a difícil tarefa de cumprimento das regras em vigor. A edição também passou a contar com uma coluna fixa de Roberto Tadeu Teixeira, engenheiro agrimensor, coordenador do Comitê Regional de Certificação do Incra-SP, membro da equipe que elaborou a Norma de georreferenciamento e professor da Faculdade de Engenharia de Agrimensura de Pirassununga.

A matéria de capa da edição 16 teve como tema o profissional de campo do século 21 e as novas tecnologias para levantamentos. Dentre elas, destacavam-se o RTK, sistemas GNSS, imagens de satélites de alta resolução, integração entre GIS e CAD, wireless, Google Earth e Sirgas. Se em 2006 isso tudo era novidade, agora está completamente incorporado às atividades dos profissionais de campo. Outro destaque desta edição foi um artigo técnico sobre a avaliação de imagens Ikonos II e QuickBird para obtenção de bases cartográficas cadastrais.

A Lei de Responsabilidade Territorial Urbana e suas implicações no Cadastro Técnico Multifinalitário foram assuntos da edição 17 da InfoGNSS. Coincidentemente, as diretrizes para a criação, instituição e atualização do Cadastro Territorial Multifinalitário (CTM) nos municípios foram publicadas no Diário Oficial da União no último dia 8 de dezembro.

O ano de 2007 começou com muitos problemas para a engenharia nacional. Houve escorregamentos de terra no Rio de Janeiro, ruptura de uma barragem em Minas Gerais e o desabamento nas obras do metrô de São Paulo. A monitoração de grandes estruturas, como pontes, viadutos, túneis, minas, barragens e estádios, foi assunto da matéria de capa da InfoGNSS 18. Destaque para o artigo “GPS L1 além dos 20 quilômetros”, com uma pesquisa sobre a exatidão de coordenadas obtidas com a fase da portadora L1.

Há dois anos a RBMC passava por um processo de modernização, dentro das atividades do Projeto de Infraestrutura Geoespacial Nacional (PIGN), um acordo de cooperação entre o IBGE e a Universidade de New Brunswick, do Canadá. O plano de expansão, detalhado na InfoGNSS 19, tinha como objetivo diminuir a distância entre as estações, integrar a RBMC com a rede do Incra (Ribac) e aumentar o número de receptores.

A tecnologia Light Detection and Ranging (Lidar), o princípio do laser scanner, já é estudada há mais de três décadas, principalmente na área de sensores aerotransportados, mas aos poucos invadiu também o setor de levantamentos terrestres. O uso de imagens em levantamentos de campo foi o assunto da vigésima edição da InfoGNSS, que contou com um efeito tridimensional na capa, denominado estereograma. A edição teve também uma entrevista exclusiva com Geoff Zeiss, diretor de geotecnologia da Autodesk.

A aquisição de 80 estações de referência L1/L2 pelo Incra foi considerada um marco na cartografia nacional. Com isso, o Instituto iniciou uma nova fase na qual a rede Ribac passou a ser constituída por receptores próprios do Incra, todos de dupla frequência, que acumulam observações GPS e Glonass. Esta atualização foi abordada na InfoGNSS 21, que também passou a contar com a coluna GeoQuality, escrita por Wilson Holler, engenheiro cartógrafo e supervisor da área de gestão territorial estratégica da Embrapa Monitoramento por Satélite.

O desafio de manter-se atualizado na profissão foi abordado na edição 22 da revista InfoGNSS. A constante evolução tecnológica e a forte concorrência têm cobrado dos profissionais, além de boa formação, que estejam sempre atualizados. A publicação também inaugurou a seção “Vamos mapear o Brasil”, um espaço reservado para a divulgação de iniciativas e esforços que estão sendo realizados para o mapeamento do país, tanto pelo poder público como por empresas privadas, ONGs e instituições de ensino.

Em 2008 o GEOBrasil Summit mudou seu nome para GEO Summit Latin America, consolidando-se como um evento continental. Apostando no tema Infraestruturas de Dados Espaciais (IDE), o congresso foi o assunto da matéria de capa da InfoGNSS 23, que também inaugurou a coluna Evolução GNSS, de Rodrigo Leandro, engenheiro de pesquisa e desenvolvimento em GNSS da Trimble, na Alemanha.

Há uma certa divisão entre países desenvolvidos e em desenvolvimento também na área de posicionamento por satélites. O hemisfério norte já é quase todo atendido por sistemas de aumentação GPS, que melhoram a performance do posicionamento com satélites, mas a América Latina também poderá contar com esse tipo de tecnologia em breve. A implementação de sistemas de aumentação GPS no Brasil e na região foi abordada na matéria de capa da InfoGNSS 24.

Mais escrituras do que terras. Mostrando um quebra-cabeças com o mapa do Brasil, no qual sobravam peças, a capa da InfoGNSS 25 chocava por mostrar que existe, hoje, mais terra registrada do que a extensão real do país. O georreferenciamento de propriedades rurais e o papel do registro de imóveis foram temas da matéria, que mostrava os benefícios para toda a sociedade da obtenção de dados precisos sobre os imóveis.

Um erro básico de engenharia, encontrado nas obras do metrô de São Paulo, provocou um desencontro de túneis que foram escavados a partir de duas frentes de trabalho. O fato, atribuído a um erro de topografia, mostra como a geomática é usada desde o levantamento até a monitoração de grandes obras de engenharia, passando pelo planejamento e execução. Assim como crescem o campo de trabalho e as oportunidades, aumenta também a responsabilidade dos profissionais da área. A aplicação da geomática em grandes obras de engenharia foi o tema da matéria de capa da InfoGNSS 26.

No final de 2008 e início de 2009, a crise econômica norte-americana pegou todos de surpresa e teve efeitos na vida das pessoas, inclusive no Brasil. Os profissionais e as empresas de geomática também sentiram a apreensão de tempos difíceis e a diminuição no ritmo dos negócios. Com isso, as empresas começaram a repensar os seus processos, com o objetivo de otimizar recursos e investimentos em tempos difíceis. A edição 27 da revista abordou, em sua matéria de capa e em vários artigos, a busca por qualidade nas empresas do setor de geomática.

A InfoGNSS 28 abordou o programa Terra Legal, que tem como objetivo acabar com o “caos fundiário” na Amazônia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, no dia 25 de junho de 2009, a Medida Provisória (MP) 458, que estabelece regras para regularização fundiária de 67,4 milhões de hectares de terras públicas na Amazônia. O programa Terra Legal é a divisão do Ministério do Desenvolvimento Agrário responsável por colocar em prática as medidas da MP 458.

A construção civil promete ser o motor da economia brasileira nos próximos anos. A preparação para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016 deve transformar o país em um grande canteiro de obras, o que permite ao setor reiniciar o ciclo de crescimento interrompido em 2008 pela crise. Para a maioria dos torcedores, a Copa e as Olimpíadas não vão passar de diversão, mas para os profissionais do setor de geomática estes eventos representam inúmeras frentes de trabalho. A edição 29 da revista InfoGNSS foi diagramada pouco antes do anúncio do Brasil como sede dos jogos olímpicos, e por isso abordou somente os impactos da Copa no setor de geotecnologia.

Alexandre Rainha, da Embratop Geo-tecnologias, afirma que “entre altos e baixos no setor de geomática, podemos considerar que fechamos estes últimos seis anos no azul. Aqueles que contarem com pessoal técnico e com equipamentos cuja qualidade não seja duvidosa, certamente poderão comemorar, ao fim dos próximos seis anos, pois o mercado continuará aquecido”.

Esta edição abre um novo ciclo da revista InfoGNSS, no qual a tecnologia de levantamentos em campo e processamento de dados tende a sofrer um salto brutal devido às demandas por serviços de medição, locação, implantação e monitoramento de grandes empreendimentos por todo o Brasil.

Segundo Fátima Tostes, “o segmento da geomática tem muito ainda a evoluir, principalmente na capacitação de profissionais de forma séria e competente”. Já para Leonilson da Silva, “no campo das geotecnologias há novas ferramentas de trabalho cada vez mais desenvolvidas, equipamentos topográficos mais sofisticados e softwares modernos que têm sido produzidos para esse mercado, que parece insaciável por novos produtos”.

E a InfoGNSS pretende acompanhar todo este desenvolvimento. De acordo com Eliezer de Oliveira, “é importante termos uma literatura reportando as nossas necessidades e a relevância desses equipamentos na realidade brasileira, atendendo a modernização e regulamentação conforme nossa legislação”.

Após 30 edições, a decisão de lançar uma revista segmentada para a área de geomática se mostrou correta. Segundo Emerson Granemann, “100% das empresas que fornecem produtos e serviços para o setor são anunciantes da InfoGNSS. Além disso, cresce a cada dia o número de leitores, representados por profissionais de diversas formações que atuam nas atividades de coleta e processamento de dados em campo. Temos convicção de que, para o profissional moderno do setor de agrimensura e cartografia, a revista InfoGNSS é a melhor fonte de consulta”.

Nos últimos seis anos, a InfoGNSS se consolidou como uma referência no setor de geomática, sendo uma fonte de informação e atualização para profissionais da área. A mudança no nome da revista, passando de InfoGPS para InfoGPS|GNSS e por fim InfoGNSS, mostra como mudaram os conceitos no setor dos sistemas globais de navegação por satélites. A integração entre campo e escritório e as novas tecnologias, que surgem a cada dia, vão estar sempre nas páginas da InfoGNSS.

Espere por muitas novidades sobre GNSS e geomática nas próximas edições!

Melhore a InfoGNSS!

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