Por Eduardo Freitas


O termo “qualidade” é algo relativo, que deve sempre estar associado a outro fator. No seminário Qualidade de Dados Geoespaciais, que aconteceu no último dia 8 de julho em São Paulo, uma das melhores definições foi esta: qualidade é superar as expectativas do cliente.

Com o tema “Saiba como obter rapidamente uma base geográfia precisa”, mais de 160 pessoas estiveram reunidas no Bourbon Convention Ibirapuera, na capital paulista, para debater exclusivamente este assunto: a qualidade dos dados geoespaciais.

Voltado para profissionais dos setores de transportes, gestão pública, infraestrutura e meio ambiente, entre outros, o seminário proporcionou aos participantes o acesso ao que há de mais importante sobre bases de dados geoespaciais, com a presença de especialistas que apresentaram as tecnologias e metodologias disponíveis para garantir a qualidade nas fases de coleta, modelagem, integração e disponibilização de mapas digitais.

A primeira palestra do dia, apresentada por Wilson Holler, da área de gestão territorial estratégica da Embrapa Monitoramento por Satélite, mostrou os diversos aspectos relativos aos mapas digitais, dando início ao aprofundamento no tema. A partir da explanação inicial foram feitas considerações sobre o assunto, pelos debatedores Flávio de Almeida Pires, presidente da Assesso; e Marco Fidos, diretor da Inovação.

Através de uma enquete realizada recentemente no Portal MundoGEO (ver box), foi possível descobrir que fase mais influencia na qualidade dos dados geoespaciais. Para debater as diferentes formas de coleta de dados com altíssima precisão, foram convidados os especialistas Renato Asinelli Filho, diretor da Engefoto; Roberto Ruy, coordenador de P&D da Engemap; Dieter Luebeck, gerente da OrbiSat; e Fernando Villasol, diretor de produtos da Navteq. Este debate teve como objetivo discutir as vantagens e desvantagens das diferentes formas de coleta de dados usando aerolevantamentos, imagens de satélite, dados laser e radar, para aplicações que requerem alta precisão e acurácia.

Porém, existem casos nos quais a precisão pode ser deixada de lado em favor de uma aquisição e disponibilização mais ágil dos mapas, como a resposta a desastres naturais. Para debater as formas de aquisição utilizadas quando o mais rápido é mais importante que o mais preciso, estiveram presentes Wagner Pacífico, diretor da Multispectral; Felipe Seabra, gerente da Digibase; e Cássio Fernando Rosseto, diretor da Geologística.

Interoperabilidade

A parte da tarde teve início com a palestra “Interoperabilidade: os desafios da validação e padronização de dados”, com a presença de Omar Antonio Lunardi, chefe da 3ª Divisão de Levantamento da Diretoria de Serviço Geográfico do Exército; e Iara Musse Felix, diretora da Santiago & Cintra Consultoria. Este debate, entre representantes da iniciativa privada e do setor público, mostrou como diferentes tecnologias podem contribuir para a padronização de informações, visando a interoperabilidade de dados geoespaciais. Além disso, o coronel Omar apresentou com detalhes os aspectos sobre qualidade dentro da Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE).

Em seguida, Allan Brandt, diretor da TerraVision; Adriano Junqueira, diretor da ProMaps; Marcelo Martino, líder em soluções da Logica; e Adriano Huguet, diretor da HGT, debateram sobre modelagem e integração, abordando a importância de manter a qualidade durante o agrupamento de diferentes informações em uma só base. Logo após aconteceu um debate sobre a disponibilização de bases, entre Rafael de Melo Cuba, gerente do CPqD; Manoel Ortiz, diretor da Surface; e Antonio Machado, diretor da AMS Kepler, mostrando as diferentes formas de compartilhamento de dados, desde a venda de arquivos digitais até a assinatura de serviços de mapas online.

Existem, hoje, várias iniciativas de mapeamento que utilizam, como fonte principal de dados, a colaboração do usuário. Um exemplo é o OpenStreetMap, um projeto no qual entusiastas de todo o mundo estão literalmente mapeando o globo. Para debater este assunto foram convidados especialistas envolvidos em projetos de mapeamento colaborativo: Patrícia Azevedo, coordenadora do projeto Wikimapa; Rafael Siqueira, CTO da LBS Local; e Renato da Silva Lima, pesquisador da Universidade Federal de Itajubá.

Segundo Emerson Zanon Granemann, o evento teve vários pontos importantes. “Um destaque foi a fala de Renato Asinelli, que definiu bem a qualidade como a superação das expectativas dos clientes. A partir disso, ficou claro que precisão e rapidez passam a ser definidas pelas necessidades do usuário”.

Este seminário foi uma realização da MundoGEO, com apoio do Portal e Revista InfoGPS, UOL, Apontador|MapLink, Gristec, Abec-SP e Instituto GeoDireito, além do patrocínio da Digibase, Santiago & Cintra Consultoria, HGT e AMS Kepler, e a divulgação dos blogs GeoinformaçãoOnline, WebMapIt, TecGeoWeb, Fernando Quadro, Rascunho-Geo, GeoLuisLopes e GEOeasy.

Inserida no contexto legal, social e econômico, a qualidade dos dados geoespaciais deve levar em consideração, entre outros fatores, os direitos autorais e a legislação que rege a produção e a disponibilização de mapas digitais. A partir das informações apresentadas no seminário, ficou claro que é importante estar atento, também, para as propriedades dos objetos, as formas das entidades, a realidade física, a imprecisão nos dados socioeconômicos e outras variáveis, que podem influenciar na qualidade da geoinformação.