Google Earth e Bing Maps levados a sério

Os Globos Virtuais (GV) já mudaram nossa maneira de trabalhar. Vários sites e blogs trouxeram comparações sobre suas funcionalidades. Um estudo realizado pelo European Spatial Data Research (EuroSDR) em 2010, com a participação de 21 organizações de 11 países europeus, foi um pouco além, relacionando sua influência no mercado, como aplicações, impactos políticos e econômicos, base de dados geoespaciais, conteúdo dos dados geoespaciais, qualidade, padronização, alcance dos dados e ainda perspectivas e tendências.

A maioria dos GVs são disponibilizados gratuitamente e permitem ao usuário manipular, visualizar, girar e inclinar a terra de forma interativa. Além dos citados no relatório, existem outras iniciativas, como o Nasa World Wind, Earth3D, Gaia M-V, MacKiev’s 3D Weather Globe & Atlas, Skyline Globe & TerraExplorer, Marble, ArcGIS Explorer, Norkart Virtual Globe, Grifinor, Citysurf, EarthBrowser, Erdas Apollo e Bhuvan.

Os GVs de maior predominância nas entidades avaliadas foram o Google Earth (GE) e o Microsoft Bing Maps 3D (antigo Virtual Earth). Por outro lado, aproximadamente 50% das instituições pensam em desenvolver seu próprio sistema. Semelhante a outros novos termos tecnológicos, observou-se uma variedade das terminologias para definir este tipo de sistema, influenciadas principalmente por fatores comerciais (como produtos e nomes de empresas), pela evolução científica e pela criação de domínios. O termo preferido foi Virtual Globe (Globo Virtual), em contrapartida a outros termos, como Digital Globe, 3D Globe, Virtual Globe Environments, 3D Virtual Environments, Digital Earth e Virtual Earth.

Outra questão foi uma abordagem sobre os metadados geoespaciais, concluindo que seria mais interessante ter junto ao dado georreferenciado a informação de como ele foi obtido e suas limitações de uso (como a escala, por exemplo). Os metadados permitem avaliar a qualidade e distinguir dados oficiais de fontes de dados de qualidade variável. Ainda que o dado esteja impreciso, é necessário conhecer sua imprecisão.

Os entrevistados apontaram para uma colaboração geoespacial no uso dos GVs. No entanto, para que isso aconteça, o relatório aponta para a importância da padronização dos dados, que melhora a interoperabilidade e o acesso às informações. Segundo o relatório, o formato de arquivos KML é a primeira maneira básica de compartilhar informações geográficas. Para desenvolver serviços mais integrados de geoinformação, o OpenLayers é apontado como um padrão nos próximos meses.

Os desafios encontrados incluem a construção de parcerias e redes, o desenvolvimento de interfaces, apresentações de dados 3D com qualidade e combinações com webmappings.

Uma oportunidade apontada foi que, através dos GVs, é possível chegar a novos mercados e clientes, pois eles são mais acessíveis para apresentar projetos de planejamento.

Outro ponto diz respeito ao uso generalizado de GVs e à pressão que isso pode gerar para a melhoria da qualidade de dados geográficos. Os problemas mais citados são dados desatualizados, de baixa resolução (especialmente imagens), qualidade geométrica e semântica (qualidade dos nomes dos locais, idioma, erros ortográficos, dados incorretos).

No futuro, a visualização do conteúdo padrão dos GVs deverá diminuir, enquanto os novos tipos de utilização, tais como edição/captura e em particular a colaboração geoespacial, deverão ganhar importância. Isto parece indicar uma transição dos usuários, de meros consumidores para um paradigma de produção e interação. Os lançamentos de GVs, tais como Erdas Apollo, já incorporam a colaboração geoespacial na sua interface.

O surgimento dos GVs levaram a mudanças nas estratégias de negócios das empresas de geoinformação. A pesquisa mostrou que os GVs criam vários desafios, mas também oferecem uma série de oportunidades.

O relatório completo da EuroSDR pode ser encontrado em http://bit.ly/gux5Ee.

Wilson Anderson Holler
Engenheiro cartógrafo da área de gestão territorial estratégica da Embrapa Monitoramento por Satélite
holler@cnpm.embrapa.br

Paulo Martinho
Engenheiro agrônomo, mestre em agricultura tropical e subtropical. Atua na área de gestão territorial estratégica da Embrapa Monitoramento por Satélite
paulo@cnpm.embrapa.br