Ola Rollen: CEO do grupo HexagonPrincipal executivo do grupo Hexagon, Ola Rollen esteve no Brasil em agosto e foi entrevistado com exclusividade pela revista InfoGNSS.

InfoGNSS: Você poderia nos dar um resumo sobre o grupo Hexagon, mais especificamente na área geoespacial?
Ola Rollen: No setor de geomática, fazem parte do grupo empresas como a Leica Geosystems, Erdas, Intergraph e Geomax.

IGNSS: O grupo atua em outras áreas, além do setor de soluções geoespaciais?
OR: Nós estamos nos setores geoespacial e de metrologia. Na verdade, temos uma visão diferente do mercado, em relação ao que é chamado “geoespacial” e “metrologia”. Nós chamamos de macro e micro. Macro são objetos que você precisa medir com acurácia menor que 50 microns, enquanto micro seria uma acurácia maior do que 50 microns, o que está mais voltado para engenharia, produção, fábricas. Os problemas são os mesmos em ambas as áreas.

IGNSS: Em uma palestra apresentada por você, foi mostrado um mapa no qual a América Latina representava 3% do volume de vendas do grupo Hexagon. Quais suas impressões sobre o crescimento do mercado de geo na América Latina e no Brasil?
OR: O que acontece no grupo Hexagon é um reflexo da economia global. A América do Sul representa 4% da economia em todo o mundo e nós temos hoje um volume de 3% na região. Eu posso prever que nos próximos 12 meses o grupo Hexagon vai aumentar este número para 4% das vendas totais na América do Sul. Há muitas coisas acontecendo aqui, como as Olimpíadas, a Copa do Mundo, a atividade de extração de petróleo, o “boom” da indústria de mineração, que estão nos ajudando a crescer.

IGNSS: Como você avalia este crescimento nos próximos cinco anos?
OR: O Brasil sempre foi visto como o “país do futuro”. Eu estive pela primeira vez no país em 1992 e todos esperavam que o Brasil decolasse, porém ano após ano isto não acontecia. A re-estruturação da economia, em combinação com a demanda por produtos que o Brasil possui, vai realmente ajudar a impulsionar este país, e eu não vejo sinais de desaceleração nos próximos anos.

IGNSS: Muito tem se falado em GIS dinâmico, 3D, computação em nuvem, etc.. Na sua opinião, quais são as tendências no setor de geotecnologia para os próximos anos.
OR: Uma tendência para os próximos anos é a fusão de sensores, o que significa que você tem que combinar tecnologias baseadas em laser ou câmeras com outros recursos com capacidades de sensoriamento, porque você tem que capturar mais dados, você não quer mais 2D mas sim 3D. Além disso, as pessoas querem usar a informação quase online. Há tantas mudanças acontecendo hoje, que nós precisamos de sistemas mais versáteis.

IGNSS: Como você vê o desafio de uma infraestrutura crescente que vai de encontro à conservação do meio ambiente?
OR: Eu não tenho certeza que há um conflito entre estas duas áreas. É preciso desenvolver novas ferramentas e tecnologias para gerar energia, diminuir o desperdício de recursos, oferecer água tratada para as pessoas, etc.. O campo tende a ficar mais deserto, então você precisa otimizar a agricultura para produzir mais comida. É preciso novas tecnologias para resolver problemas ambientais de mega-cidades, como São Paulo.


No fim de agosto, o grupo Hexagon anunciou a aquisição da empresa brasileira Sisgraph.