O governo federal irá concluir até a próxima semana o levantamento geológico de 31 municípios das regiões Sul e Sudeste que apresentam risco muito alto de deslizamentos de terra e outros fenômenos de solo que têm maior probabilidade de causar vítimas em circunstâncias climáticas adversas. A ação faz parte de esforço que teve início no começo do ano, após as tragédias da região serrana do Rio, e tem atenção especial também com cidades de Santa Catarina, que sofreram com fortes tempestades em 2008.

As 31 cidades fazem parte de um grupo maior de mais de 50, mas apenas sobre essas não havia nenhuma informação sobre as características geológicas e ocupação do terreno anteriormente. Com esses levantamentos, o governo agora tem, em tese, toda informação necessária para conhecer os locais mais vulneráveis de Sul e Sudeste em caso de chuvas de grandes proporções.

O levantamento foi feito pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Esse material será integrado ao sistema de alertas da Defesa Civil nos municípios e vai compor o Centro Nacional de Monitoramento de Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), que fica sob a coordenação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

O Cemaden foi criado no início deste ano. Segundo Thales de Queiroz Sampaio, diretor de hidrologia e gestão territorial do CPRM, nesses 31 municípios foram delimitados polígonos mais sensíveis às variações do clima. Até o dia 1º de dezembro, em 24 municípios, a CPRM já tinha indicado 26.224 moradias com risco alto ou muito alto e 109.730 pessoas vivendo nessas áreas.

Apenas em Nova Friburgo (RJ), principal cenário das tragédias do início do ano que deixaram mais de 900 mortos, ainda são 2540 moradias em áreas de risco alto, onde vivem cerca de 10 mil pessoas, segundo o CPRM. Nos próximos dias serão concluídos os levantamentos em Ouro Preto (MG) e Angra dos Reis (RJ).

Após o trabalho emergencial nesses municípios, a CPRM ainda está fazendo o mesmo levantamento em campo do sistema geotécnico de 1400 municípios brasileiros – que tem a partir de médio risco de deslizamentos. “A partir de março vamos para o Nordeste, onde fortes chuvas também abalaram cidades recentemente”, diz Sampaio.

Segundo o levantamento do CPRM , os municípios com alto risco de deslizamento são: Cachoeiro do Itapemirim, Marechal Floriano, Vargem Alta, Viana, Santa Leopoldina e Cariacica no Espirito Santo; Encantado, Fontoura, Xavier Igrejinha, Itati, Novo Hamburgo e Soledade no Rio Grande do Sul; São José dos Pinhais, Antonina, Almirante Tamandaré e Rio Branco do Sul no Paraná; Brusque, Gaspar, Ilhota, Jaraguá do Sul, Luis Alves, Palhoça, São José e Timbó em Santa Catarina; Nova Friburgo, Sumidouro, Angra dos Reis, Niterói e São José do Vale do Rio Preto no Rio de Janeiro; e Ouro Preto em Minas Gerais.

Com informações do CPRM