Parceria firmada no final de 2011 entre o Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) do Exército Brasileiro e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Sistemas Embarcados Críticos (INCT-SEC) tem como meta desenvolver uma aeronave não tripulada de altíssima tecnologia para monitorar as extensas fronteiras do País. No momento, o Instituto define com o Exército as características da aeronave para que em março a equipe comece a trabalhar no projeto inovador.

“A intenção do convênio é ampliar a formação de recursos humanos e a aquisição de conhecimentos, estimulando a inserção de pesquisadores do Exército na academia, no sentido de atuarmos em conjunto na busca e definição de novos projetos tecnológicos importantes para o Brasil. E um desses projetos é a criação desta aeronave autônoma, que fará o reconhecimento de locais de difícil acesso com fotos e imagens”, diz a professora Kalinka Castelo Branco, do ICMC, diretora administrativa e operacional do Instituto, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Segundo ela, na fase atual se definem quais aplicações a aeronave deve ter para se adequar às necessidades do Exército. Fechado o plano de desenvolvimento, começa a etapa de construção do Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant). “Queremos já em março iniciar o projeto de uma aeronave com mais autonomia, de modo que ela possa cobrir uma área maior de nossas fronteiras. Hoje, já temos alguns Vants empregados em atividades militares, porém estes não percorrem extensas aéreas, pois a bateria tem autonomia para apenas uma hora de sobrevôo”, informa.

VANT Tiriba

Um dos Vants utilizados hoje pelo Exército foi doado pela fabricante AGX Tecnologia, segundo informações da própria empresa. Denominado Tiriba, atualmente a aeronave tem aplicação em atividades militares e servirá de base para o desenvolvimento do novo aparelho. O Tiriba é elétrico, tem autonomia de voo de uma hora, sendo que após esse período é necessária a troca de baterias. Pesa entre 3,7 e 4 quilos, com 3 metros de envergadura.

Desenvolvido em parceria com a empresa AGX Tecnologia, de São Carlos (SP), o Vant voa e executa missões de forma autônoma, sem a intervenção de um piloto. No Exército, ele atua no monitoramento das fronteiras, em parceria com a Polícia Federal, e no reconhecimento de locais de difícil acesso por meio de fotos e filmagem.

“Ele realiza as missões que são passadas por meio de smartphone ou tablet e retorna ao local de partida ou pousa num ponto específico determinado pelo programador da missão. O que pretendemos nesse novo projeto é ampliar o tempo de vôo da aeronave e abarcar novos recursos tecnológicos, fazendo com que ela, de forma autônoma, tome certas iniciativas dependendo da movimentação terrestre, de pessoas ou animais”, diz a professora Kalinka.

Segundo ela, por ser autônomo e inteligente, o veículo pode ajustar sua rota conforme as variações do vento, por exemplo. “Por meio de GPS e sensores instalados, ele voa sozinho, e ao ser lançado percorre todo caminho tirando fotos e filmando as atividades no solo”, diz Kalinka, que pontua ainda que se houver necessidade de intervenção humana um piloto virtual pode entrar em cena. “Assim que o veículo decola não há mais a intervenção do ser humano, a não ser que se diagnostique algum problema, nesse caso, se passa a direção assistida da aeronave, quando um piloto comanda seu retorno e pouso”, explica.

A pesquisadora destaca que se continuarmos avançando com as pesquisas dos Vants, em breve o País poderá competir com as tecnologias existentes no mercado internacional. “No Brasil quase não temos este modelo de aeronave autônoma, pois os estudos desta tecnologia ainda são muito recentes no País. Mas agora, estamos conseguindo fazer nacionalmente algo muito importante, e acreditamos que nos próximos anos nossos Vants serão uma tecnologia amplamente utilizada e muito requisitada por outros países”, ressalta a diretora operacional do Instituto.

Fonte: Ascom do CNPq