O fundador da MundoGEO – empresa que comemora 15 anos em 2013 – revela as origens da sua motivação para mudar a carreira e investir numa instituição que tem como vocação atuar como um farol do mercado, conectando a comunidade de geoinformação. Ele afirma que o mercado de Geomática e Soluções Geoespaciais vem passando por uma grande transformação, impulsionado pelos avanços das tecnologias, pelas novas formas de se fazer negócios e pelas mudanças culturais da sociedade.

Empreendedor da área comunicação, o engenheiro cartógrafo Emerson Zanon Granemann tem uma trajetória pouco comum. Formado pela Universidade Federal do Paraná, teve sua primeira experiência profissional atuando durante nove anos na empresa Esteio Engenharia de Aerolevantamentos. Precocemente, ainda como estudante, começou na empresa participando de projetos inovadores. Foi engenheiro residente em trabalhos de campo para mapeamento e cadastro, depois atuou como coordenador de operações de levantamentos terrestres e aéreos e nos últimos anos como coordenador de projetos. Nesta fase, conheceu toda a cadeia produtiva do setor, incluindo os setores administrativos e financeiros, criou muitas conexões, atuando em quase todos os estados brasileiros, e interagiu com diversos tipos de usuários de geoinformação, nas áreas de cadastro , tributação, planejamento, transportes, infraestrutura, meio ambiente, mineração, florestal, óleo e gás, entre outras. Depois disso, atuou como consultor de governos estaduais e prefeituras, na especificação e acompanhamento de mapeamentos. Em paralelo, neste período, foi um dos fundadores da Associação Brasileira de Engenheiros Cartógrafos – Regional Paraná. Em seguida, começou a atuar na criação de projetos de comunicação, participando como um dos criadores da revista Fator GIS e do evento GISBrasil, culminando posteriormente com a fundação da MundoGEO, em março de 1998. Neste ano, lançou a revista InfoGEO, criou o evento ExpoGEO em 1999, foi consutor de uma empresa de eventos de São Paulo no evento GEOBrasil, de 2000 a 2009, lançou a revista InfoGNSS, em 2002, o portal MundoGEO em 2003 e, mais recentemente, lançou a revista MundoGEO, que é resultado da união das revistas InfoGEO e InfoGNSS. E, finalmente, concebeu em 2011 o evento MundoGEO#Connect LatinAmerica– Conferência e Feira de Geomática e Soluções Geoespaciais.

Nesta entrevista, no ano em que a MundoGEO completa 15 anos, ele conta os motivos que o inspiraram a fazer esta mudança na carreira, descreve os desafios que enfrentou e adianta alguns planos futuros, traçando um paralelo com o desenvolvimento deste setor.

MundoGEO: Como foi o primeiro insight que desencadeou a decisão de mudar sua carreira?

Emerson Zanon Granemann: Foi quando eu ainda trabalhava na Esteio. Eu percebia, a cada projeto, que havia uma falta de sintonia entre a comunidade cartográfica e a comunidade usuária. Tornava-se evidente que faltava algo para unir usuários e produtores da geoinformação. Desta forma, desde o início, a motivação em criar uma empresa como a MundoGEO foi preencher esta lacuna de conectar os profissionais do setor e promover, com isso, o desenvolvimento sustentável do mercado. Ficou claro que focar na comunidade multidisciplinar que atua no setor, formada não só por especialistas, mas acadêmicos, estudantes, usuários e gestores da informação, era o melhor caminho para melhor promover as geotecnologias.

MG: O que mudou no mercado nos últimos 15 anos?

EZG: Muita coisa. Alguns fatores merecem mais destaque, como o barateamento do hardware, software e principalmente da coleta de dados. Em relação à disseminação da cultura de uso da geoinformação, os produtos de visualização do Google Maps e Earth provocaram uma quebra de paradigma no conceito de disponibilização de informações. Além disso, percebi um aculturamento melhor da comunidade usuária, provocado pela melhoria do ensino, da busca constante de atualização, maior eficiência e pelos investimentos das empresas privadas do setor. Recentemente, nota-se uma maior preocupação do governo e iniciativa privada com o conceito de interoperabilidade, que facilita o compartilhamento dos dados. Além disso, há uma crescente demanda de projetos pelo setor privado, invertendo a dependência excessiva que as empresas tinham, no passado, de recursos do governo.

MG: Quais os planos da MundoGEO no mercado internacional?

EZG: Hoje, a MundoGEO é líder na América Latina e está entre as principais empresas do mundo do setor de comunicações. Nossa força no Brasil é grande, mas estamos crescendo muito na América Latina, Portugal, Espanha e Africa. Estamos produzindo mais notícias locais internacionais. Comparadas às outras empresas do setor, a MundoGEO se destaca pela amplitude de canais que oferece atualmente, nos idiomas português e espanhol, como: revistas, internet, eventos e agora também os cursos online. Nossa intenção é oferecer várias opções de geração de conteúdo nestes idiomas e ampliar gradualmente a produção em inglês. Outra prioridade são as cooperações internacionais que estamos fazendo, como com o portal americano Directions Mag, o evento alemão Intergeo e a Esri no apoio aos seus eventos de usuários na América Latina.

MG: Quais os planos para a MundoGEO na área de educação?

EZG: Esta é uma nova unidade de negócios da empresa. Nossos planos são oferecer à comunidade, inicialmente, cursos online de curta duração e introdutórios, mas sempre com um módulo prático nas áreas de GIS, automação topográfica, VANTs, sensoriamento remoto e georreferenciamento de imóveis rurais, entre outras. Depois, a partir de pesquisas vamos desenvolver cursos mais específicos e até por demanda, para empresas que desejem atualizar suas equipes com cursos mais customizados. Está previsto convênio com empresas que possam oferecer ferramentas para que seus produtos sejam melhor entendidos e utilizados. No caso de soft-
wares, soluções livres também serão oferecidas a quem desejar. Inicialmente em português, os cursos em breve serão oferecidos também em espanhol e adaptados à realidade de outros países da América Latina. Para isso, a MundoGEO está desenvolvendo sua plataforma online, detalhando um projeto pedagógico e montando uma equipe de conteudistas, instrutores e tutores.

Emerson Zanon GranemannMG: Qual e importância de sua equipe de colaboradores ?

EZG: Costumo dizer que tudo que a MundoGEO fez pelo mercado só foi possível por contar com o apoio ativo da comunidade de profissionais, leitores e participantes de nossos eventos, pelos apoiadores institucionais, pelo patrocínio das empresas do setor, pelo apoio externo de autores de artigos, palestrantes e por último, mas não menos importante, da fundamental colaboração de sua equipe interna polivalente e altamente comprometida com a missão da empresa.

MG: Qual é a previsão para os próximos 15 anos da MundoGEO?

EZG: Pretendemos nos firmar como um dos principais protagonistas na conexão da comunidade global de profissionais do setor de geomática e soluções geoespaciais, mas sempre respeitando as condições regionais de cada país e desenvolvendo parcerias estratégicas locais. O compromisso é tornar a plataforma MundoGEO e seus vários canais de conteúdo cada vez mais interativos e abertos a ações colaborativas, valorizar cada vez mais a produção de conteúdo impresso e digital, formatar eventos presenciais cada vez mais atrativos e investir em cursos, eventos e pesquisas de mercado usando o ambiente online.

Até 2028 (2013 + 15 anos) certamente teremos muitas novidades. O antigo slogan – “Geoinformação para todos” – que criamos, no início da empresa, estará sempre nos inspirando, a partir da conexão entre profissionais da comunidade, que está presente no DNA da empresa desde antes da sua fundação, em 1998.