O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) divulgou na última segunda-feira (6/5) durante abertura da exposição sobre Geologia Marinha, no Rio de Janeiro, resultado preliminar da expedição inédita realizada em parceria com o Japão, em águas internacionais do Atlântico Sul, com o submersível Shinkai 6500, que levou pesquisadores brasileiros ao leito do oceano, em uma região conhecida como elevação do Rio Grande, onde a CPRM realiza uma série de pesquisas para avaliar o potencial mineral da região.

Expedição descobre continente submerso no Atlântico Sul
Localização da elevação do Rio Grande. Imagem: CPRM

Durante coletiva à imprensa, o diretor de Geologia e Recursos Minerais da CPRM, Roberto Ventura, anunciou a descoberta de rochas de granito durante os mergulhos do Shinkai. “Essas amostras reforçam a hipótese de que a Elevação do Rio Grande é um continente que afundou há 100 milhões de anos, quando a América do Sul se separou da África. Isso pode revolucionar nossa compreensão sobre a formação e evolução da crosta terrestre”, disse Ventura, acrescentando a necessidade de mais estudos para confirmar a hipótese.

Ele explica que, inicialmente, levantou-se a hipótese de que o recolhimento de tais amostras fora engano ou acidente. No entanto, no último mês, uma expedição com cientistas do Brasil e Japão, a bordo do equipamento submersível Shinkai 6.500, observou a formação geológica que está em frente à costa brasileira e, a partir de uma análise, passou a considerar que a região pode conter um pedaço de continente que ficou perdido no mar por milhões de anos.

Ao todo, o Shinkai 6500 fez sete mergulhos entre a Elevação e a Dorsal de São Paulo, quatro deles levando pesquisadores brasileiros. Todos os locais foram escolhidos pelo CPRM com base em expedições realizadas antes na região. Além do granito, importante, do ponto de vista científico, foram encontrados indícios de minerais como ferro, manganês, cobalto, cobre, níquel, nióbio e tântalo.

Expedição

Iatá-Piuna “Navegando em Águas Profundas e Escuras, na língua Tupi-guarani”, teve seu início no dia 13 de abril, quando partiu de Cape Town, na África do Sul, levando a bordo seis pesquisadores brasileiros e cientistas japoneses. A expedição está mapeamento e recolhendo material geológico e biológico do leito marinho do Atlântico Sul, inclusive de áreas da Plataforma Continental e da Zona Econômica Exclusiva brasileiras.

No primeiro trecho da expedição foram percorridas a Elevação do Rio Grande e a cordilheira de São Paulo. No segundo trecho, será explorado o Platô de São Paulo para a pesquisa científica da biogeografia e da biodiversidade dos fundos marinhos, e da possível identificação de recursos naturais e minerais com usos econômicos.

A expedição é o marco principal da cooperação Brasil-Japão em Oceanografia, Ciências do Mar e Tecnologia de Oceanos, iniciativa decorrente de acordo de cooperação técnica, celebrado entre o Serviço Geológico Brasileiro (CPRM), o Instituto de Oceanografia da Universidade de São Paulo (IO-USP) e a Agência Japonesa de Ciências do Mar e da Terra (JAMSTEC).

De acordo com Ventura, o próximo passo será enviar ao governo brasileiro uma solicitação para que o país reclame a área, que está em águas internacionais, junto à Autoridade Internacional de Fundos Marítimos (ISBA, na sigla em inglês), organismo ligado à Organização das Nações Unidas, para que seja realizada no local prospecção de recursos minerais e estudos relacionados ao meio ambiente.

Expedição descobre indícios de continente submerso no Atlântico Sul
Rochas encontradas durante expedição geológica à Elevação do Rio Grande. Imagem: Divulgação/CPRM

Com informações do CPRM