Recursos serão investidos em equipamentos, capacitação e transferência de tecnologias

Com o objetivo de integrar as atividades desenvolvidas por órgãos de meteorologia dos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) aprovou a destinação de recursos no valor de 8 milhões de reais a fundo perdido para criação da Climasul – Rede Sul-Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas e Prevenção aos Desastres Naturais.

Apresentado pelo Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) em conjunto com o Centro de Informações de Recursos Ambientais e Hidrometeorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Ciram/Epagri) e Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Sul (Fepagro), o projeto contempla a aquisição de equipamentos (hardware) e sistemas (softwares), capacitação de profissionais e transferência tecnológica com foco em monitoramento ambiental, previsões, estudos e pesquisas sobre mudanças climáticas e desastres naturais. “A atuação integrada e cooperativa entre os três Estados possibilitará uma ação transversal entre as instituições, com intercâmbio de dados, informações, resultados, previsões e soluções em meteorologia”, observa o diretor adjunto do Simepar, César Beneti.

As estruturas existentes serão recuperadas, ampliadas e modernizadas, entre as quais sensores de detecção de raios, estações meteorológicas de superfície e radares, sistemas de integração, visualização e armazenamento de dados. Equipamentos oceanográficos, ondógrafos, correntógrafos, marégrafos, e de geotecnologia serão adquiridos, juntamente com sistemas de alto desempenho para previsão de chuvas (cluster para modelagem). Um sistema de videoconferência será instalado para comunicação entre meteorologistas e pesquisadores em tempo real, interligando os centros operacionais dos três Estados e os órgãos federais (Instituto Nacional de Meteorologia/Inmet, Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/Inmet-Inpe e Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha/DHN), além de instituições de ensino e pesquisa. Para proporcionar amplo acesso aos dados e informações, será implementado um portal na Internet com todos os produtos gerados pela rede.

Segundo o diretor do Simepar, Eduardo Alvim Leite, “o projeto realça o reconhecimento das agências de ciência e tecnologia do país da capacidade técnica alcançada pelas instituições meteorológicas do sul do Brasil, tanto para o monitoramento e a previsão de desastres naturais, quanto para o desenvolvimento de pesquisas conjuntas em tempo e clima”.

Mapeamento das áreas de risco

Outro objetivo da Rede Climasul é promover estudos sobre vulnerabilidades aos eventos extremos e efeitos das mudanças climáticas em atividades econômicas da Região Sul de modo a mitigar os danos provocados por enchentes, estiagens e geadas, entre outros. A Rede Climasul aperfeiçoará a metodologia de identificação e mapeamento de áreas de risco suscetíveis a deslizamentos, enchentes e inundações, gerando benefícios à sociedade por meio de convênios com a defesa civil dos Estados, secretarias de agricultura, cooperativas, prefeituras municipais e outros agentes tomadores de decisão.

“A expectativa do Simepar é de que o trabalho conjunto possibilite um avanço no entendimento dos processos físicos relacionados a eventos extremos, aperfeiçoando a representação desses processos nos modelos atmosféricos e melhorando a qualidade e a confiabilidade da previsão do tempo com alta resolução espacial”, afirma o pesquisador do Simepar, Flávio Deppe.

Investimentos em curso

Os recursos da Finep para a Rede Climasul vêm somar-se a um conjunto de iniciativas do Governo do Paraná para viabilizar a mais moderna infraestrutura de monitoramento e previsão hidrometeorológica do país, com investimentos de quase R$ 34 milhões nos próximos três anos.

Em 2014 um novo radar meteorológico deve iniciar sua operação em Cascavel ao custo de R$ 10 milhões. Até julho a rede de estações hidrometeorológicas do litoral será expandida com investimentos de R$ 550 mil. Ambos os projetos são viabilizados com recursos do Fundo Paraná da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) e do próprio Simepar.

Para 2015 também estão programados investimentos de R$ 7,3 milhões para expansão da rede hidrometeorológica dos municípios paranaenses e mais R$ 16 milhões do Programa de Fortalecimento e Gestão de Riscos e Desastres da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA) para implantação de equipamentos meteorológicos no litoral, entre os quais um radar, estações hidrometeorológicas críticas, sistema computacional de alto desempenho e estudos de vulnerabilidades.

Desde a década de 70 do século XX, o sul do Brasil tem sido impactado por eventos climáticos extremos e desastres naturais, com grandes prejuízos sociais e econômicos, além de vítimas fatais.

Em sua maioria, os desastres estão associados à instabilidade severa do tempo e do clima, que causa inundações, deslizamentos, vendavais, tornados, chuvas de granizo e estiagem. A ocorrência de eventos severos impacta diversos setores, como habitação, abastecimento de água, agricultura, saúde, trânsito, meio ambiente, qualidade do ar, turismo, lazer, geração, transmissão e fornecimento de energia, entre outros.

O 5º Relatório do Painel Intragovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) divulgado em setembro deste ano em Estocolmo (Suécia) indica que o aquecimento é preocupante na maior parte do planeta. A 19ª Conferência da Convenção do Clima da ONU, realizada este ano em Varsóvia (Polônia), apontou a necessidade de ações concretas nos países mais atingidos pelo aquecimento global. No Brasil, especialistas estimam que a temperatura aumentará cinco graus até 2100.

Foto do Centro de Monitoramento e Previsão do Simepar, no Paraná, que será integrado aos centros operacionais da EpagriI/Ciram, de Santa Catarina e da Fepagro, do Rio Grande do Sul.

 


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