Proposta foi apresentada pela ANAC no início de setembro. Vejas diferentes pontos de vista de especialistas e empresários sobre o assunto

Ricardo Cohen, Diretor – RCVIEW:

A regulamentação da ANAC é muito importante e esperada pelos profissionais do setor de drones no Brasil, mais especificamente no setor em que atuo, de multirrotores com decolagem vertical de classe 3, até 25 kg. Com essas normas publicadas, divulgadas e conhecidas não apenas pelos profissionais como também pela sociedade e empresários contratantes desses serviços, acredito e torço para que as operações sejam muito mais seguras e sensatas, já que os operadores que optarem por não seguir as normas serão facilmente identificados. Atualmente vê-se a utilização de “drones” em diversos eventos e ocasiões nas quais os contratantes ou clientes finais não têm a real noção dos riscos, como em ambientes fechados com grande concentração de pessoas (igrejas e festas infantis por exemplo). Os próprios fabricantes e comerciantes desses equipamentos vendem uma ilusão de que é muito simples a operação e dispensa treinamentos, o que não é uma realidade, já que, sem treinamento, diversas etapas de segurança podem ser ignoradas, como obrigatoriedade de respeitar os limites de altura e locais distantes de aeródromos e aeroclubes, por exemplo. A fiscalização é tão importante – ou mais – do que a criação da própria norma em si, para que esta seja respeitada e cumprida. Costumo dizer que os drones podem ser comparados aos automóveis, que podem ser facilmente negociados e comprados sem qualquer restrição, mas sua operação demanda treinamento e a minha expectativa é que, dependa de habilitação, mesmo que simplificada ou mesmo teórica. Para que esses equipamentos não se tornem noticia como causadores de acidentes, mas sim como máquinas fantásticas com centenas de possibilidades positivas.

Luiz Dalbelo, Gerente de vendas – VANTs da Santiago & Cintra:

O uso de veículos aéreos não tripulados (VANTs) ou drones, como são conhecidos, ainda é pouco utilizado no mercado civil mas essa é uma área que está em crescimento e mostrando seu espaço. Tanto que o tema será discutido no evento DroneShow Latin America, que pela primeira vez será realizado na América Latina. Não existem informações específicas para a área de construção, mas algumas dezenas de VANTs já foram adquiridos por diferentes empresas que prestam serviço para esta finalidade. Este mercado está crescendo e este crescimento tende a ser cada vez mais agressivo, por se tratar de uma tecnologia inovadora que traz inúmeros benefícios. Não temos dúvidas que esta tecnologia se tornará uma das principais empregadas no mapeamento e monitoramento de obras na engenharia.

Youngster Lucas – Xfly Brasil Equipamentos para Fotos e Filmagens Aéreas:

Com a chegada da legislação acredito que as empresas sérias sairão ganhando e é isso que esperamos que aconteça. Já tínhamos desenvolvido equipamentos para voar na França, onde a regulamentação já existe a mais tempo e as regras são bem mais rígidas, e não tivemos problema nenhum em nosso produto ser aprovado por lá.

Raquel Molina – Sócia Fundadora da Futuriste

Com a regulamentação será possível uma utilização mais formalizada dos Drones, e com isso o mercado tem a tendência de evoluir gradativamente visando inovações em aplicações e aprimoramento nos equipamentos. A Futuriste está constantemente em busca dessas formas diferenciadas de oferecer serviços e equipamentos de ponta, além da preocupação em obter treinamentos cada vez mais alinhados às necessidades do mercado nesse setor. A DroneShow será uma excelente fonte de informação para o mercado de Drones, apresentando as empresas do setor para um público que, com certeza, identificará excelentes oportunidades na aplicação desta tecnologia.

Manoel Silva Neto – Sócio fundador da Droneng Drones e Engenharia

Acredito que 2016 será marcado por um crescimento ainda maior do mercado nacional. O projeto do uso de VANTs na segurança das olimpíadas, por exemplo, já indica que a regulamentação deverá ser consolidada. Outro indicador foi o anúncio do Conselho Monetário Nacional (CMN), que afirma que a partir deste ano os bancos irão fiscalizar operações de crédito rural através de imagens de satélites ou de VANT. No mercado de geotecnologias, a fotogrametria será popularizada, gerando uma demanda para “cartografia rápida” e soluções geográficas com foco em problemas reais dos clientes.

Giovani Amianti – Diretor Presidente da XMobots Aeroespacial e Defesa

Uma das grandes surpresas foi a ANAC autorizar, em algum nível, a operação em ambientes urbanos, pois no mundo são poucas as agências reguladoras que apostam em áreas urbanas. Em áreas urbanas e ambientes rurais, a autorização permitirá voos até 60 metros e com uma distância mínima de 30 m horizontal das pessoas, ou seja, não poderá ter nenhuma pessoa embaixo em um raio de 30 metros, e também operações para fins públicos, e não serão permitidas operações civis como filmagens de casamento, por exemplo.

Roberto Ruy – Diretor da SensorMap:

A Sensormap, que atua no desenvolvimento de soluções de alta qualidade para aplicações em geotecnologia, como o VANT SX8, acredita que a nova regulamentação proposta pela ANAC impulsionará o mercado nesta área, tendo em vista que muitos usuários da geotecnologia se encontram receosos pelo uso desta potencial ferramenta do VANT em função da barreira regulatória. A regulamentação deverá reduzir a informalidade do mercado de VANT no Brasil e incentivar o desenvolvimento e a exploração de diversas aplicações. Um item a ser destacado desta nova proposta de regulamentação é a permissão de voos em áreas povoadas com altura de até 60 m. Isso fomentará os estudos e análises de aplicações em ambientes urbanos, como cadastro multifinalitário e identificação e monitoramento de focos de dengue, principalmente levando em conta as características dos multirrotores. Obviamente os usuários deverão observar os requisitos que serão definidos pela ANAC, além de estarem atentos aos itens de segurança e a qualidade dos sensores no momento de definição de suas plataformas do tipo VANT.

Tagôre Cauê Cardoso – Diretor Executivo da 3D Mapas:

O evento DroneShow será fundamental para fomentar o mercado no Brasil e gerar novos negócios. Com um país de grandes proporções como o nosso, não faltará demanda de serviços de mapeamento com Drones e isto certamente vai causar um impacto positivo sobre a economia, pois reduz os custos e dá agilidade para os projetos. Acredito que é preciso romper algumas barreiras e preconceitos sobre o uso de Drones, e a capacitação e divulgação dos resultados obtidos são fundamentais para isso, bem como a regulamentação que está em andamento e deve entrar em vigor no início de 2016.

George Alfredo Longhitano – Diretor da G Drones:

O Brasil é enorme e, por esse e outros motivos, sempre foi um desafio a obtenção de dados geográficos atualizados e de qualidade sobre o território. Os VANTs apresentam um potencial incrível de suprir parte desta demanda em diversas áreas, como por exemplo na agricultura de precisão, no planejamento urbano e de infraestrutura, no monitoramento ambiental e de obras, em silvicultura, mineração, etc.. A expectativa é que com a regulamentação da ANAC para a operação de VANTs para fins comerciais, o mercado profissional cresça em progressão geométrica em 2016. A G drones pretende se consolidar como a empresa brasileira que apresenta soluções de melhor custo/benefício para o mercado de drones para mapeamento, tanto para aquisição de equipamentos, quanto para capacitação e execução de serviços

Ulf Bogdawa – CEO da SkyDrones Tecnologia AviÔnica:

Em 2013 foi apresentada uma proposta de legislação para a Anac pela Skydrones, baseada em uma pesquisa realizada sobre as normas vigentes em outros países, como Austrália e Inglaterra. Assim, a proposta da ANAC atende aos anseios dos profissionais e é um bom começo pois possibilita o trabalho legal de muitos operadores.