A Inteligência Territorial Estratégica (ITE) é um instrumento complementar relevante no planejamento da inovação da pesquisa agropecuária. O termo aparece no Plano Gerencial da Embrapa para 2016-2018 como suporte da “Aliança para a Inovação” – uma das três ações estruturantes apresentadas no documento. Norteado por essa ferramenta, o processo de transferência de tecnologias da Empresa vem desenvolvendo produtos estratégicos utilizados por parceiros para o entendimento e o desenvolvimento de territórios.

A ITE pode ser entendida como um conjunto de ferramentas e métodos aplicados para a compreensão de um território em sua totalidade, através da integração de informações provenientes de diferentes bancos de dados. Essas informações integradas servirão para apoiar a tomada de decisão para o desenvolvimento territorial.

Se tomarmos como um exemplo de território um shopping, uma base de dados levantada poderia ser a localização dos estabelecimentos; outra base seria o tipo de produtos vendidos nas lojas, assim como a sua variedade, o estoque, o número de empregados, os descontos e as formas de pagamento. A reunião destas informações em um sistema permite o entendimento da totalidade daquele território e auxiliam o usuário – no caso, o cliente – na tomada de decisão de qual o melhor estabelecimento e o melhor momento para comprar um determinado produto.

O mesmo processo acontece na pesquisa agropecuária. Os Sistemas de Inteligência Territorial Estratégicas (SITEs), desenvolvidos pela Embrapa Monitoramento por Satélite, por meio do Grupo de Inteligência Territorial Estratégica (Gite), utilizam a ITE para o desenvolvimento de estudos e outros produtos. Esses sistemas integram, e não apenas reúnem ou sobrepõem, informações de um território relativas aos quadros agrário, agrícola, natural, socioeconômico e de infraestrutura.

“O que nós buscamos é conjugar as diversas dimensões que compõem um território rural”, enfatiza Evaristo de Miranda, chefe-geral da Unidade.

Com essas metodologias, em 2015 foi desenvolvido um estudo de caracterização da microrregião do Bico do Papagaio (Norte de Tocantins), com indicação de cadeias produtivas e municípios prioritários para atuação do Governo Federal.

Além disso, ressalta Miranda, os SITEs podem ser utilizados para entender as transformações das regiões. “Tentam entender o que está por trás desses processos, imaginar cenários futuros e definir situações territoriais razoavelmente parecidas ou equiproblemáticas, como também equipotenciais em termos de desenvolvimento agropecuário, a partir desta análise multitemática”, explicou.

Um exemplo dessa aplicação é o trabalho desenvolvido para ajudar a recuperação dos rebanhos de caprinos e ovinos no Semiárido Nordestino após o ciclo de seca. O estudo, solicitado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), analisou a concentração da produção e a densidade do rebanho nas microrregiões e, a partir daí, indicou aquelas que eram prioritárias tendo em vista a otimização dos recursos a serem empregados e que teriam maior impacto econômico e retorno social. O Gite também analisou a região do sudeste paraense, levantando oportunidades e desafios para o desenvolvimento agropecuário e social da região.

Fonte: Embrapa