*Por Cristiano Saito

A população mundial tem um aumento diário de 100 mil pessoas e mais da metade delas vivem em áreas urbanas. As projeções demográficas apontam para uma urgência nessas discussões e decisões. Projeções da ONU mostram que a população global deve chegar a 9,3 bilhões até 2050, sendo que 66% estará localizada em áreas urbanas. As consequências de números tão grandes se refletem em demandas impressionantes em infraestrutura urbana.

O rápido crescimento levou a problemas com locomoção e no aumento da demanda por mobilidade. Em estudo encomendado pela Firjan – Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, a falta de investimentos em transportes públicos com o consequente aumento nos congestionamentos, além de diminuir a qualidade de vida dos cidadãos, causa prejuízos anuais de R$ 111 bilhões à economia brasileira.

Além disso, a questão ambiental é premente. As emissões globais anuais do transporte urbano devem dobrar para o equivalente a quase um bilhão de toneladas anuais de CO2 até 2025 (ieA). Como a energia consumida pelo transporte é responsável por 23% das emissões de CO2 do planeta (e de 70% a 90% do CO2 das grandes cidades brasileiras), mitigar a poluição causada pelo transporte será fundamental para que seja possível atingir a meta mundial de limitar o aquecimento da Terra, definida no Acordo de Paris.

Logo, encontrar soluções concretas para a expansão da oferta de transporte público, com qualidade e sem emissão de gases de efeito estufa, que garantam o bem-estar da população está no horizonte de todos os agentes responsáveis por direcionar as discussões em torno do desenvolvimento das cidades.

O conceito de “cidades inteligentes” está diretamente ligado à infraestrutura e à capacidade do uso de tecnologias para a construção de serviços e ações sustentáveis. Uma cidade inteligente utiliza as tecnologias da informação e comunicação como propulsoras e, ao mesmo tempo, suporte para o aumento de eficiência operacional de seu centro urbano.

A possibilidade de integração dos projetos de mobilidade urbana no contexto de cidades inteligentes é uma nova porta que se abre. O poder público deve prever, monitorar e gerenciar as atividades da cidade em tempo real, buscando possíveis problemas que possam comprometer o seu desempenho e sanando-os antes de acontecerem.

Como mérito disso pode-se citar grandes projetos e investimentos focados no princípio do espaço público útil, conectando bairros que antes não entravam no eixo turístico e sempre buscando boas opções de transporte sustentável.

Um grande passo para essa conquista do Rio de Janeiro foi a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos. O VLT do Rio de Janeiro terá ao final do projeto, 31 estações cobrindo um total de 28 quilômetros. Conectando outros modais de transporte, as linhas do VLT já auxiliam consideravelmente a redução do trânsito no centro da cidade e o projeto combina grande tecnologia: solução de energia livre de catenárias.

Desenvolver um planejamento de mobilidade é bastante complexo para a engenharia urbana e deve se basear em dados reais da cidade para ter sucesso. Existem muitas dificuldades para tornar realidade grandes projetos como o de uma cidade sustentável.

Fazer com que vários órgãos compartilhem um mesmo sistema de comando e monitoramento que seja responsável por serviços públicos, por exemplo, é uma etapa árdua. No entanto, é extremamente válida a tentativa de se dissipar o conceito entre formadores de opinião, grandes líderes e pessoas que realmente queiram fazer a diferença onde vivem. O importante é se pensar em fatores que possam contribuir para o desenvolvimento ou melhoria da cidade, que já é ou pode se tornar inteligente.

*Cristiano Lopes Saito é engenheiro de produção formado pela Escola Politécnica/USP com experiência internacional nos mercados de infraestrutura para energia e transporte. Profissional com carreira internacional, já trabalhou na Argentina, Suíça e França gerenciando equipes multiculturais com alcance global. Atualmente, é Diretor de Desenvolvimento de Negócios para Veículos Leves sobre Trilhos na Alstom América Latina e promove soluções inovadoras de transporte através da integração de modais e reurbanização de nossas cidades.

MundoGEO#Connect 2017

A sétima edição do MundoGEO#Connect acontecerá no Centro de Convenções Frei Caneca, na capital paulista, em paralelo à terceira edição do evento DroneShow, com feira integrada de Drones e Geotecnologias, com mais de 20 atividades entre cursos, debates e seminários, com expectativa de reunir mais de 100 palestrantes.

No dia 9 de maio acontecerá o Debate: Cidades Inteligentes. O conceito de Smart Cities (Cidades Inteligentes) vem sendo cada vez mais discutido e incorporado nos processos de gestão nas principais cidades do mundo. O uso integrado de tecnologias de informação e comunicação proporciona uma visão ampla do tecido urbano. Este sistema proporciona coleta de informações rápidas, precisas e estruturais para agilizar a tomada de decisão, relacionadas ao meio ambiente, mobilidade urbana, distribuição de energia, gestão das águas, defesa civil, entre outras. Descubra neste debate com especialistas como as Geotecnologias se integram às Cidades Inteligentes e os principais benefícios para os gestores e a população.
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