Infelizmente, ainda é comum algumas pessoas confundirem as aulas de geografia “desinteressantes” que elas tiveram na escola com a atuação dos profissionais que lidam com análise espacial no mercado de trabalho

Artigo por Julio Ribeiro*

De fato, o ambiente de ensino e o de mercado são mundos que poderiam (e deveriam) estar mais próximos e se beneficiando mutuamente do que cada um tem de melhor.

Desde o primeiro momento em que os seres humanos começaram a interagir com o mundo e a compreender o que está acontecendo com o planeta, que está vivo e em constante alteração (assim como nós), surgiu a necessidade de se desenvolver o pensamento geográfico.

Manter esse conhecimento, que é vital para sobrevivência da espécie, transforma o ato de Geografar em uma necessidade e, por consequência, em uma disciplina. Nesse sentido, o ensino/viver da Geografia está presente na sociedade desde os primórdios. Remonta às pinturas rupestres e chega até os dias atuais, com mapas dinâmicos gerados por IA.

É preciso separar o que é geografia, ensino e as tecnologias do momento que são utilizadas para realizar esses dois primeiros itens com qualidade. Afirmo que GPS, Bússola, Satélites, Software de SIG, e por aí vai, não constituem a Geografia.

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Esses itens são tecnologias que permitem capturar processos ou demonstrar fenômenos que precisam ser conectados a outros contextos temporo-espaciais para, aí sim, fazermos uma análise geográfica. O mesmo acontece com a sala de aula, mais especificamente com o ensino de Geografia.

Vou dar um exemplo, para que fique mais clara a diferença entre o que é a essência da Geografia e o que são “recursos tecnológicos” para ensinar. Imaginem um professor querendo ensinar seus alunos sobre as forças endógenas (estruturantes) e exógenas (esculturantes) que atuam sobre a terra.

Nesse conteúdo clássico do ensino de Geografia, o foco não deve estar em “O QUE” são forças endógenas e exógenas, pois isso seria apenas um nível da etapa de cognição, que é o de dar a informação. O mais importante é problematizar com os alunos o “POR QUE” essas forças são importantes para a vida no planeta e, por consequência, para a existência dele próprio como indivíduo.

Ainda nesse exemplo, se o professor usar um desenho no quadro, pedir para ver no livro ou mostrar um vídeo na internet de vulcões e furacões, o recurso didático utilizado, ou seja, a técnica é apenas um meio para tal. Contudo, faz muita diferença se ele usar a melhor motivação possível, no melhor contexto para aqueles alunos específicos e com os recursos tecnológicos mais adequados.

Já imaginaram o uso de hologramas ou óculos de Realidade Virtual, conectados em um game global, onde alunos do Brasil poderiam ver e conversar com alunos que moram em áreas de risco de erupção vulcânica? E o objetivo seria tentar entender a riqueza do solo vulcânico ou buscar prever, atuar e evitar estar na rota de um rio de lava.

Em contrapartida, alunos brasileiros explicariam as chuvas torrenciais, o processo de previsão do tempo, o calor tropical e o motivo de não termos vulcões ativos, mas termos regiões com piscinas termais e solos também ricos para atividade agrícola.

Só de pensar em como as TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) estão evoluindo tão rápido, leva-nos a imaginar em como a aula de Geografia pode ser a EXPERIÊNCIA MAIS FANTÁSTICA, e dá até vontade de voltar agora para sala de aula e ser aluno novamente.

A grande questão que se pretende levantar é: as tecnologias são passageiras, momentâneas, mas devem sempre ser utilizadas da melhor maneira possível. O que é permanente são as complexas relações entre homem-meio, e o conhecimento Geográfico, seja ele vivido, estudado ou ensinado, deve ser incentivado de maneira muito qualificada, pois é vital para nosso dia-a-dia, para nosso entendimento no mundo e também para o sucesso das organizações públicas e privadas.

Por fim, o mundo e as sociedades do passado precisaram de (e prosperaram com) o auxílio da Geografia. No entanto, o mundo e a sociedade do futuro precisarão ainda mais desses conhecimentos, pois a velocidade e complexidade das relações demandam, crescentemente, do olhar geográfico e da prática que dele se depreende.

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Júlio Giovanni da Paz Ribeiro* é Graduado em Geografia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2005). Mestre em Geografia – Tratamento da Informação Espacial pela mesma instituição (2008). Experiências profissionais nos campos da licenciatura, bacharelado e empreendedorismo. Atualmente é CEO da HubSe, sendo este responsável pelo Instituto GEOeduc e execução dos treinamentos da AcademiaGIS Imagem (Esri BR). Foi o fundador/presidente da APROGEO-MG. Já atuou como professor universitário UniBH, UNA e PUCMinas, nos cursos de Geografia, Gestão Ambiental, Engenharia Ambiental, Mineração e Relações Internacionais. Atualmente é Professor do IBEC (Instituto Brasileiro de Educação Continuada). Possui experiência como coordenador do Curso de Geografia e Diretor do Instituto de Engenharia e Tecnologia do Uni-BH. Experiência como gerente de Marketing da linha de Conteúdo Geográfico da IMAGEM/ESRI (Soluções de Inteligência Geográfica). Atua nas áreas de tendências tecnológicas e práticas inovadoras de ensino. Consultor em gestão do conhecimento e geotecnologias. Principais áreas de interesse: Tendências Tecnológicas, Educação, Geomarketing, Análises espaciais e Smart Cities.

Gestão Inteligente de Imóveis Rurais

Este tema será destaque na programação do MundoGEO#Connect 2018, que será realizado de 15 a 17 de maio em São Paulo (SP).

Confira a programação completa e veja como foi a última edição, que reuniu mais de 3 mil participantes:

Fonte: GEOeduc