Trabalho utilizou a tecnologia LiDAR para obter informações da altura da vegetação

Os governos de diversos países têm somado esforços para combater o aquecimento global e isto inclui ações para reduzir o desmatamento, em especial em nações por onde se estendem florestas tropicais. O mecanismo denominado REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal), proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU) para contribuir com ações desta natureza, necessita de dados de qualidade e confiáveis sobre a quantificação do estoque de carbono associado à biomassa florestal, bem como ao monitoramento do desflorestamento em si.

Pesquisas sobre as florestas tropicais incluem temáticas que perpassam pela ciclagem de nutrientes, emissões de gases a partir do desmatamento, biodiversidade, questões sociais relacionadas ao uso dos recursos florestais e às comunidades tradicionais, por exemplo. De forma geral, estes estudos podem contribuir à gestão regional, incluindo, decisões de manejo dos recursos florestais.

Considerando aspectos relacionados à estrutura da floresta amazônica, vários grupos de pesquisa vêm trabalhando há anos para produzir mapas de estimativa de biomassa e, consequentemente, da estimativa da quantidade de carbono estocado na maior floresta tropical do planeta. Porém, por uma série de fatores, como a dificuldade da determinação da biomassa em campo, diferentes metodologias aplicadas e fontes de dados de sensoriamento remoto, as estimativas da biomassa variam entre as pesquisas e os mapas divulgados.

No contexto do Projeto Monitoramento Ambiental por Satélites no Bioma Amazônia (MSA), financiado pelo Fundo Amazônia e executado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), desenvolveu-se o projeto “Melhoria dos métodos de estimativa de biomassa e de modelos de estimativa de emissões por mudança de uso da terra”. A atividade foi coordenada pelo pesquisador Jean Ometto, chefe do Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) do INPE.

O trabalho utilizou a tecnologia LiDAR, que é um sensor laser ativo capaz de modelar a superfície do terreno tridimensionalmente, obtendo informações da altura da vegetação. O objetivo foi gerar um novo mapa de biomassa florestal para a Amazônia, reduzindo incertezas relacionadas às estimativas de cada área amostrada e da representação dos dados para a região. “Esse projeto é a primeira iniciativa do Brasil para a coleta de um grande volume de dados LiDAR no bioma Amazônia”, diz Ometto.

Com o uso do sensor LiDAR aerotransportado foi possível obter informações precisas da altura da vegetação de áreas representativas e com variabilidade de condições e características florestais do bioma Amazônia, como florestas protegidas, degradadas, florestas secundárias e alagáveis.

“Por meio das informações obtidas com os dados LiDAR e realizando trabalho de inventário florestal foi possível estimar a biomassa florestal com boa precisão. A utilização conjunta de outras fontes de dados de sensoriamento remoto e dados de inventários florestais em campo, possibilitou extrapolar a biomassa para toda a área de cobertura florestal do bioma”, explica o pesquisador do INPE.

Além de sobrevoar as áreas definidas a partir do mapeamento do PRODES – Monitoramento da Floresta Amazônia Brasileira por Satélite, a aeronave que transportava o LiDAR sobrevoou áreas de vegetação secundária mapeadas anteriormente pelo Projeto TerraClass Amazônia e áreas de florestas sazonalmente inundadas.

“Dentre as possíveis aplicações desse mapa de estimativa de biomassa florestal, está a contribuição às discussões e base de dados utilizados pelas Comunicações Nacionais para a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e nos mecanismos de incentivo à redução de emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento e da degradação florestal, a exemplo do REDD+. Além disso, o mapa produzido poderá auxiliar modelos climáticos e de vegetação que demandam dados desta variável como parâmetros de entrada”, diz Ometto.

O Projeto Monitoramento Ambiental por Satélites no Bioma Amazônia (MSA) teve início em 2014 para apoiar o desenvolvimento de estudos sobre usos e cobertura da terra no bioma Amazônia, bem como a ampliação e o aprimoramento do monitoramento ambiental por satélites realizado pelo INPE. Foi executado pelo Instituto através de sua instituição de apoio, a Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologias Espaciais (Funcate) e o BNDES, com recursos do Fundo Amazônia.

Nos dias 13 e 14 de agosto, no INPE em São José dos Campos (SP), será realizado o seminário de encerramento do projeto, onde serão apresentados e discutidos os resultados obtidos durante sua execução.

Mapeamento com Drones

O uso de drones para mapeamento será tema de dois cursos (básico e avançado) que vão acontecer durante o DroneShow Plus 2018, de 6 a 8 de novembro em São Paulo (SP). Confira a programação completa.

Este tema também foi destaque em várias atividades do DroneShow 2018, que aconteceu em maio passado também na capital paulista. Veja um resumo de como foi o evento:

Imagens: Pixabay e Inpe