O incêndio na base brasileira na Antártica – sim, escreve-se como a cerveja, e não “Antártida”, ou você chamaria o círculo polar de “antártido”? -, além de uma tragédia pessoal pelos mortos e feridos, vai atrasar a pesquisa na região. Até que uma nova base seja construída e os trabalhos retomados, serão vários anos de espera.

Ocorrido no último sábado (25/2), o acidente na Estação Antártica Comandante Ferraz expôs a fragilidade e o improviso das instalações onde trabalhvaam cientistas brasileiros – eram 60 pessoas na base no dia do incêndio. A base começou a operar em fevereiro de 1984, levada à Antártica em módulos pelo navio oceanográfico Barão de Teffé, mas cresceu baseada em “puxadinhos” e não em um projeto de expansão pré-definido.

Os programas de pesquisas que eram feitos na base permitiam estudar o impacto das mudanças ambientais globais na Antártica e suas consequências para as Américas inclusive a Amazônia.

Nadal

Logo que soube do acidente, lembrei do meu professor Carlos Nadal. Todos os que fizeram a disciplina Astronomia de Posição no curso de Engenharia Cartográfica da UFPR, devem lembrar das histórias do Nadal, dentre elas suas peripécias na base brasileira na Antártica. Alguns cientistas da UFPR estavam participando de pesquisas na base no dia do acidente, o que evidencia que a estação está muito longe mas ao mesmo tempo bem próxima de nós, com conhecidos que estavam – ou poderiam estar – lá, além de um forte impacto na pesquisa brasileira, que vai precisar se recuperar do baque e seguir em frente.

Em nome do MundoGEO, nossos sentimentos aos familiares dos mortos e feridos no acidente.

Atualização às 14h30: o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) publicou uma nota sobre a atuação do Instituto na base brasileira na Antártica. Segundo a nota, no momento do acidente, estavam na estação dois profissionais do Inpe: José Roberto Chagas, da Divisão de Geofísica Espacial; e José Valentin Bageston, da Divisão de Aeronomia. Ambos estavam na Antártica desde o dia 10 de fevereiro e tinham retorno previsto para o início de março. Eles estão bem e desembarcaram no Rio de Janeiro na madrugada desta segunda-feira, com o grupo trazido de Punta Arenas, Chile, em avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Ainda hoje ambos devem chegar a São José dos Campos.