Entenda o que muda com o anúncio do IGS14, o novo marco de referência para o cálculo de órbitas e parâmetros associados aos satélites GNSS

Hoje o assunto é ‘espinhoso’: Geodésia.

Mais especificamente, um assunto que recebi através do informativo GeoNotas edição 61, sobre o recém anunciado IGS14, o novo marco de referência para cálculo de órbitas dos satélites GNSS.

Mas vamos por partes…

GNSS é a sigla para Global Navigation Satellite System, ou Sistema Global de Navegação por Satélites. Refere-se a sistemas com alcance mundial, usados para posicionamento, com base na posição de satélites em órbitas.

Exemplos: o norte-americano GPS, o russo Glonass, o europeu Galileo e o chinês Beidou.

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A determinação de coordenadas a partir do posicionamento por satélites somente é possível se forem utilizados sistemas de referência que permitam a relação direta entre a posição dos satélites e as coordenadas dos pontos em Terra.

No caso específico dos sistemas GNSS, as coordenadas calculadas sobre a superfície da Terra devem estar associadas ao mesmo sistema de referência no qual se expressam as efemérides dos satélites GNSS.

Tal sistema é o Sistema Internacional de Referência Terrestre (ITRS, na sigla em inglês), materializado por uma rede global de estações geodésicas com coordenadas muito precisas:

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Desde 1988 são calculadas regularmente soluções do ITRF (por exemplo, ITRF88, ITRF97, ITRF2014), sendo que a cada nova solução se inclui um número maior de observações, as quais por sua vez são de maior qualidade, fazendo com que as coordenadas das estações de referência sejam cada vez mais precisas.

Acesse aqui as diferentes versões do ITRF

O ITRF vigente atualmente é o denominado ITRF2014, publicado pelo IERS (International Earth Rotation and Reference Systems Service) em janeiro de 2016, que inclui observações GNSS (GPS + Glonass), SLR (Satellite Laser Ranging), VLBI (Very Long Baseline Interferometry) e Doris (Doppler Orbit determination and Radiopositioning Integrated on Satellite).

O porquê do IGS

Dado que nem todas as estações GNSS incluídas no ITRF têm uma precisão homogênea, o IGS (International GNSS Service) seleciona aquelas estações que satisfazem certos critérios de qualidade e as utiliza como marco de referência no cálculo de seus produtos finais (por exemplo, órbitas dos satélites GNSS, correções para os relógios dos satélites, parâmetros de orientação terrestre, etc.).

Os critérios de seleção se baseiam, entre outros, em uma distribuição global, monumentação adequada das estações, continuidade em sua operação e integração com outras técnicas geodésicas espaciais.

Em princípio, a rede formada pelas estações de referência selecionadas pelo IGS não apresenta translações, nem transformações, nem mudança de escala com respeito ao ITRF; por isso, nominalmente, o marco de referência do IGS e o ITRF são rigorosamente iguais.

De acordo com isto, desde 2004, a cada ITRF corresponde um marco de referência do IGS. Por exemplo, para o ITRF2008, o IGS definiu o marco de referência IGS08, o qual, devido aos fortes terremotos no Chile em fevereiro de 2010 e no Japão em março de 2011, foi redefinido no IGb08 mediante a exclusão daquelas estações afetadas.

Veja aqui os diferentes marcos de referência do IGS

Com a entrada em vigência do ITRF2014, o IGS se deu a tarefa de selecionar as melhores estações GNSS não incluídas e definiu então o marco de referência IGS14.

As órbitas GNSS do IGS se calculam neste novo marco de referência desde 29 de janeiro de 2017 e, portanto, as coordenadas que se determinem mediante posicionamento GNSS e usando os produtos do IGS (como por exemplo, o marco de referência SIRGAS) também se referem ao IGS14 desde esta data.

Fazendo um parênteses, o Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas (SIRGAS) é o sistema de referência geodésico para o Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) e para as atividades da Cartografia Brasileira.

Em 2005, a Resolução do Presidente do IBGE Nº 1/2005 estabeleceu o SIRGAS, em sua realização do ano de 2000 (SIRGAS2000), e foi definido um período de transição de no máximo dez anos, no qual o SIRGAS2000 poderia ser utilizado em paralelo com outros sistemas de referência, como o SAD 69, por exemplo. Ou seja, desde 2015 toda Cartografia tem que ser feita usando como sistema de referência o SIRGAS2000.

Confira aqui os detalhes do IGS14

Marco de referência IGS14

Com informações do Sirgas, informativo Geonotas e revista MundoGEO

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IGS14, o novo marco de referência para cálculo de órbitas dos satélites GNSS

Post publicado originalmente no site do Instituto GEOeduc