Estamos vivendo uma nova fase de disrupção no setor de Geotecnologia. Você tem duas opções: surfar esta onda ou afundar…

Antes de mais nada, vamos a uma rápida história pessoal: durante muitos anos, pra mim era difícil explicar o que eu estudava na faculdade.

Afinal, Engenharia Cartográfica não é Direito, Medicina ou Civil, que todo mundo conhece.

Era uma ginástica verbal pra falar de sensoriamento remoto, sistemas de informação geográfica, geomensura, até no fim resumir e cravar que eu trabalhava com mapas…

Aí, quando surgiu o Google Earth, em 2004, ficou muito mais fácil, pois todo mundo passou a entender o que é um SIG, nem que seja somente pra traçar a menor rota entre dois pontos – ou hoje até mesmo encontrar relacionamentos de forma “georreferenciada”.

O surgimento do Google Earth foi um destes marcos no setor de Geo, o que podemos chamar de disrupção.

Voltando um pouco no tempo, a primeira grande disrupção aconteceu lá em 1854, quando o médico sanitarista John Snow (não, infelizmente não tem nada a ver com o personagem de Game of Thrones) fez a primeira análise espacial quando sobrepôs camadas com poços de água e casos de cólera acontecendo em Londres na época, com o objetivo de descobrir qual era o foco da doença.

Entre o mapa de John Snow e o Google Earth, outro marco foi a popularização dos computadores, que aconteceu quase ao mesmo tempo que o surgimento dos sistemas globais de navegação por satélite GPS (norte-americano) e Glonass (russo).

Hoje, os computadores migraram pra palma das nossas mãos, com os smartphones, e temos posicionamento preciso com vários sistemas, incluindo o europeu Galileo e o chinês Beidou.

Também imagens de satélites em tempo quase real obtidas com frotas de veículos em órbita, SIGs cada vez mais simples e intuitivos, sistemas de mapeamento móvel que fazem levantamentos em 3D em uma pequena fração do tempo que uma equipe de topografia fazia anteriormente…

Mas tudo isso é evolução de tecnologias anteriores. Nano satélites são os mesmos veículos, só que miniaturizados. SIGs vêm evoluindo, mas fazem basicamente o que os anteriores faziam. Laser scanners são uma – super – evolução das estações totais e por aí vai.

Porém, tem uma tecnologia que vem sacudindo o mercado de Geo há algum tempo e deverá revolucionar ainda mais nossa área e a sociedade em geral nos próximos anos.

Esta tecnologia são os drones…

Não dá mais pra negar que eles chegaram pra ficar, que não são “modinha” e que estão gerando uma – nova – disrupção.

Na MundoGEO, a primeira vez que se falou de drones foi em 2009, na capa da revista InfoGEO, quando identificamos a “invasão dos VANTs”.

Veja que não falávamos nem de drone, que foi o nome que acabou se popularizando. Era VANT mesmo, sigla para veículo aéreo não tripulado.

Hoje, os órgãos reguladores usam também a sigla RPA ou ARP, usada para aeronave remotamente pilotada, mas o termo drone ficou tão forte que até uma criança, hoje, sabe o que é…

Poucas empresas no Brasil desenvolviam drones pra uso civil naquela época, mas mesmo assim realizamos em 2010 os primeiros seminários do setor, reunindo representantes daquele mercado ainda embrionário.

Em 2011 foi realizado o primeiro evento MundoGEO#Connect no qual havia poucos drones, nenhum multirrotor.

Com a evolução do evento, evoluiu também o setor de drones e em outubro de 2015 aconteceu o primeiro DroneShow.

E foi show… (com a desculpa do trocadilho).

Nos anos seguintes, sempre o DroneShow aconteceu junto com o MundoGEO#Connect, afinal há muita sinergia entre os dois eventos.

E este ano aconteceu um evento histórico…

De 15 a 17 de maio de 2018 em São Paulo (SP) foi realizado o melhor evento da MundoGEO até hoje, sem nenhuma dúvida nem medo de parecer arrogante.

O mercado está maduro, tanto as empresas e instituições do setor quanto os profissionais se capacitaram e atualizaram, e hoje podemos dizer que os drones estão consolidados no Brasil e temos uma das regulamentações mais modernas do mundo.

Mas não sou somente eu que tô falando. Basta ver tudo o que saiu sobre o evento no SBT, Revista Pequenas Empresas Grandes Negócios, Tecmundo, Rede Vida, Correio Braziliense, 33Giga, Techtudo, Diário do Grande ABC, Além do Click, Canal Tech, Band, entre outros lugares…

Dá pra ter uma – pequena – ideia do que rolou neste vídeo de menos de 1 minuto:

Mas é importante saber que o drone, sozinho, não faz milagre. Ele é um complemento pra outras (geo)tecnologias e também depende de outros dados de alta precisão, que ainda são coletados com levantamentos em solo. E também é preciso saber que além do drone é preciso dominar os sensores e softwares envolvidos. E o DroneShow 2018 foi um prato cheio pra isso…

No meu caso, este ano fiquei mais envolvido nas atividades do MundoGEO#Connect. Na abertura, moderei o seminário que teve nada menos do que Julio Ribeiro (Hubse), Abimael Cereda Junior (Geografia das Coisas), Eduardo Francisco (Gisbi) entre os palestrantes. No terceiro dia, moderei o debate sobre o Sinter com representantes da Receita Federal, ABNT, Confea, mercado e academia, que foi acalorado mas certamente foi a mesa mais completa já formada sobre o tema.

E como o mercado não pára, o DroneShow e MundoGEO#Connect 2019 já está marcado pra 25 a 27 de junho, novamente na capital paulista. O tema será a relação entre a Revolução Industrial 4.0 e o setor de Geo e Drones.

Vem muito mais por aí. Estamos apenas “arranhando a superfície” desta nova disrupção que já está em andamento.

#Bora?

Imagens: Pixabay e arquivo pessoal