Entrevistas com profissionais das empresas Trimbase, Leica Geosystems, Santiago&Cintra e CPE

Eduardo Affonso (Trimbase)

InfoGPS|GNSS: Quais são, na sua opinião, os mercados mais emergentes para os profissionais de campo no Brasil?
Eduardo Affonso: A crescente cobrança de organismos internacionais em defesa do meio ambiente sustentável será sem dúvida o maior mercado para esses profissionais. As mudanças nas legislações dos países, sobre meio ambiente, cria espaço para esses profissionais que deverão se especializar nessas áreas, pois cada vez mais será exigido das empresas e profissionais, no desenvolvimento de suas atividades, o impacto ambiental desses projetos. A Trimbase vem acompanhando a evolução do mercado e tem observado uma crescente demanda na área de engenharia de um modo geral, na área de batimetria e na área de locação de dutos em específico.

IG: Qual é o perfil do profissional de levantamentos de campo do século 21 no Brasil?
EA: Um profissional que busque sempre seu aprimoramento através de cursos de especialização. Vemos uma migração de outras áreas (arquitetos, engenheiros civis, etc.) para esse mercado, por causa da demanda já presente hoje e também pela oferta de excelentes cursos de especialização em geodésia, topografia e cartografia. Com a evolução das tecnologias, o profissional viu-se obrigado a aprimorar os seus conhecimentos através de cursos, congressos e palestras, para que com isso não fique fora de um mercado que se torna cada dia mais competitivo. Temos certeza de que, com o passar do tempo, os levantamentos de campo serão executados de uma forma bem mais clara e correta, pois é isso que nós desejamos.

IG: Quais as novas tecnologias e tendências que estão chegando e que vão revolucionar o mercado?
EA: Sem dúvida a comunicação sem fio (wireless) estará cada vez mais presente nos equipamentos, permitindo ao profissional realizar trabalhos de alta complexidade em períodos de tempo cada vez menores. A opção de alguns países, como por exemplo a China, de usar sistemas próprios de navegação por satélite, abrirá espaços para novas tecnologias, novos softwares, equipamentos e profissinais que aprendam e dominem todos esses novos conhecimentos e tendências. Existem algumas novidades que se estão despontando no mercado, utilizando como parceiro a tecnologia GPS, que são a utilização dos PDA’s integrados com software para SIG e o monitoramento de veículos automotivos. Essas duas tecnologias nos tem chamado atenção, inclusive revolucionando o mercado em função de seus baixos custos e funcionalidade. 

IG: Qual sua dica para os profissinais deste setor que estão começando ou desejando se atualizar mais?
EA: O Brasil é um grande celeiro de profissionais que exportamos para as universidades e centros de pesquisa do mundo inteiro. O governo brasileiro está preocupado com essa evasão de técnicos, médicos, pesquisadores, etc., e pretende investir em uma política pública eficiente no campo da ciência e tecnologia, para pagar melhores salários e manter seus profissionais por mais tempo aqui, criando assim novos polos de desenvolvimento locais e difusão acessível à novas tecnologias. A Trimbase espera contribuir na formação de novos profissionais e usar sua experiência de quase 15 anos no desenvolvimento de soluções que atendam, do ponto de vista técnico-comercial, aos clientes. É muito importante estar presente na maioria dos eventos que ocorrem no país, tais como congressos, cursos e palestras. Sabemos da dificuldade disso, mas através desses eventos o profissional ficará mais próximo da realidade que está acontecendo. Também é muito importante a atualização das informações através dos livros, pois com a teoria certamente conseguiremos atingir uma maior perfeição na prática.

Irineu da Silva (Leica Geosystems)

InfoGPS|GNSS: Quais são, na sua opinião, os mercados mais emergentes para os profissionais de campo no Brasil?
Irineu da Silva: A topografia para estradas, mineração e dutos vem se tornando uma opção relevante para os profissionais de campo no Brasil.

IG: Qual é o perfil do profissional de levantamentos de campo do século 21 no Brasil?
IS: Um profissional que possa operar sem restrições um GPS tempo real (RTK) e que tenha, para isso, conhecimentos suficientes de geodésia básica para poder trabalhar com projeções cartográficas (principalmente UTM), transformações de coordenadas e redes geodésicas.

IG: Quais as novas tecnologias e tendências que estão chegando e que vão revolucionar o mercado?
IS: O GPS tempo real, embora não seja mundialmente uma tecnologia inovadora, é o próximo passo do avanço tecnológico no Brasil. A implantação de redes de Estações de Referência GPS em tempo real será o avanço mais expressivo e a tendência tecnológica mais marcante.

IG: Qual sua dica para os profissinais deste setor que estão começando ou desejando se atualizar mais?
IS: Aprofundar o seu conhecimento no uso do GPS Tempo Real e em cartografia básica, conforme mencionado acima.

Eduardo Oliveira (Santiago & Cintra)

InfoGPS|GNSS: Quais são, na sua opinião, os mercados mais emergentes para os profissionais de campo no Brasil?
Eduardo Oliveira: Acredito que as oportunidades para os profissionais de levantamentos de campo estejam diretamente ligadas às áreas de maior investimento. Hoje vemos que é prioridade do governo investimentos em dutos, geração e transmissão de energia. Em geração de energia há oportunidades em barragens e termo-elétricas (a primeira fazendo uso intensivo de levantamentos). Mineração é outro mercado forte, amplo consumidor privado de serviços de levantamentos. Batimetria, florestas e túneis são nichos de mercado com investimentos menores. Já em estradas infelizmente ainda não temos tido o volume de recursos necessários para desenvolvimento e recuperação. 

IG: Qual é o perfil do profissional de levantamentos de campo do século 21 no Brasil?
EO: Há uma verdadeira revolução tecnológica em curso. Antes bastava entender tecnicamente de levantamento em si. Hoje, devido à integração entre hardware, software, redes, internet e celulares, é imprescindível que o profissional de campo tenha uma visão de TI. Não necessita dominar todos os temas profundamente, mas tem que ter conhecimento pelo menos básico de todas essas áreas e de como elas se inter-relacionam. Outro fator importante é a informação. O profissional tem que se manter informado e atualizado das diversas tecnologias disponíveis. Por último afirmaria que o inglês é cada vez mais importante dentro dessa atividade.

IG: Quais as novas tecnologias e tendências que estão chegando e que vão revolucionar o mercado?
EO: São várias as novidades, como principais eu mencionaria os escaners a laser terrestres, as estaçãoes totais robotizadas e as com tecnologia de imageamento digital (digital imaging) , além das redes de estações de referência RTK e estações de referência virtuais (VRS).

IG: Qual sua dica para os profissinais deste setor que estão começando ou desejando se atualizar mais?
EO: Internet sem dúvida é uma maneira excelente de uma pessoa se atualizar a um baixo custo. Porém, o conhecimento pelo menos básicode inglês é fundamental. Vale a pena visitar sites de organizações estrangeiras e no Brasil o Portal MundoGEO.  As revistas POB (americana), Professional Surveyor (americana), GIM Magazine (européia) e GPS WORLD (americana) são de leitura obrigatória. No Brasil, as revistas InfoGEO e InfoGPS|GNSS são, sem dúvida, uma ótima fonte de informação.  Um outro modo de nos atualizarmos é através dos cursos de extensão promovidos pelas universidades. Neste caso deve-se tomar cuidado, porque há muitas instituições privadas que oferecem cursos que são verdadeiros "caça-níqueis". O conteúdo é paupérrimo. Vale a pena entrar nos sites das universidades federais e das estaduais, bem como dos CEFETs. Há ainda eventos onde se pode aprender e sobretudo “ver” muito. Um bom exemplo disso é o GEOBrasil Summit, organizado todos os anos pela Alcantara Machado. Finalizaria dizendo que também vale a pena ir conversar com seu fornecedor de equipamentos. Se a empresa for séria, não terá apenas o interesse em vender-lhe algo, mas sim o de atualizá-lo, mostrando-lhe quais as novidades que se esperam para um futuro próximo.

Roger Nevesr (CPE)

InfoGPS|GNSS: Quais são, na sua opinião, os mercados mais emergentes para os profissionais de campo no Brasil?
Roger Neves: Mineração, petróleo/gás e energia elétrica (geração,transmissão e distribuição).

IG: Qual é o perfil do profissional de levantamentos de campo do século 21 no Brasil?
RN: Engenheiro agrimensor com bom domínio de informática.

IG: Quais as novas tecnologias e tendências que estão chegando e que vão revolucionar o mercado?
RN: 3D Scanner.

IG: Qual sua dica para os profissinais deste setor que estão começando ou desejando se atualizar mais?
RN: Estudar muito. Dedicação total.