A mudança de uma grande metrópole como São Paulo, ao longo de 50 anos, pode ser muito reveladora. A observação é da Multispectral Mapas Digitais, pioneira na produção nacional de mapas digitais, disponibilizou na internet um acervo de fotografias aéreas da capital paulista, produzidas em 1958 e que permitem comparar com imagens da atualidade.

Fotos comparativas de áreas com maiores índices de alagamento e desmoronamento em São Paulo, disponíveis no GeoPortal da empresa, apontam forte ocupação urbana em 50 anos. “É um olhar rápido e curioso sobre o passado e o presente da nossa cidade que pode nos ajudar a compreender a razão de tantas inundações e desabamentos, agora bem mais frequentes”, diz Wagner Pacífico, diretor de Mobilidade da Multispectral.

As imagens comparam o aumento do número de construções em trechos, como a rua Ministro Godoi, esquina com a avenida Sumaré, no Sumarezinho; e rua Apinagés, em Perdizes, que foram interditadas por causa das chuvas.


Região do Sumaré/SP, em 2008


Imagem área da mesma região do Sumaré, em São Paulo, no ano de 1958

Locais onde predominava muita vegetação foram totalmente ocupados por construções, como os bairros Casa Verde, Freguesia do Ó, Pirituba, Jaraguá, Perus, Vila Prudente, Ipiranga, Santo Amaro e Cidade Ademar. Estes bairros se encontram em estado de atenção no caso de deslizamentos, a exemplo das regiões de São Miguel Paulista e Itaim Paulista, que correm risco de mais enchentes.

O rio Tietê, canalizado para a passagem da marginal, e marcado pela ocupação populacional desordenada ou irregular nas proximidades do leito até a região de Itaquera, foi outro alvo de observação da Multispectral. ”É interessante ver as imagens deste rio feitas em 1958 e comprovar o grau de assoreamento e o avanço de moradias, como o bairro Pantanal, na Zona Leste da cidade”, afirma Wagner Pacífico.

Em geral, as fotos mostram que, em 1958, São Paulo tinha muito verde, baixo grau de impermeabilização do solo pela malha asfáltica e de concreto, pouca ocupação das encostas dos morros e menor presença de detritos (lixo e resíduos) nas ruas e córregos, que dificultam o escoamento das chuvas.