A InfoGEO participou do grande evento em Las Vegas, que ofereceu mais de 30 cursos da área de GIS

Por Flávio Yuaça

Las Vegas, Nevada. Início de dezembro de 2003. Em torno de 3.300 usuários estão reunidos para mais uma edição – a décima primeira – da Autodesk University. O MGM Grand, um dos maiores hotéis do mundo, transformou-se na "Meca do CAD". Sediou o principal evento para usuários da principal empresa deste mercado. Lynn Allen, bastante conhecida entre os usuários AutoCAD e que ocupa o cargo um tanto incomum de Evangelista Técnica da Autodesk, foi uma anfitriã que conseguiu um bom equilíbrio entre discussões técnicas, momentos de descontração e visões do futuro.

A Autodesk University é um evento de quatro dias voltado principalmente para usuários de produtos Autodesk – AutoCAD, Revit, Map, MapGuide, Inventor, Civil Series, Land Desktop, só para citar alguns dos mais de 40 aplicativos. A edição deste ano ofereceu para este público em torno de 200 cursos, agrupados em assuntos como Engenharia Civil, GIS, Internet, Manufatura e Construção. Muitos dos cursos foram oferecidos em laboratórios onde os alunos puderam testar na prática o conhecimento recém-adquirido. Um outro ponto alto do evento foram as oportunidades de contato e troca de experiências entre usuários. Recepções, coquetéis e as refeições em conjunto criaram ambientes propícios para o compartilhamento de informações. E como em outros eventos deste tipo, também foi possível ter contato tanto com os técnicos que estão desenvolvendo o software – estes sabem exatamente por que determinada função não faz o que deveria fazer – quanto com os executivos da empresa, que podem dar dicas sobre as tendências da indústria e dos produtos. Sugestões e elogios dividiram espaço democraticamente com as críticas e reivindicações.

MGM Grand Hotel, sede das últimas 4 edições da Autodesk University

GIS na Autodesk
Apesar de o foco principal do evento não ter sido as geotecnologias e geoinformação, a Autodesk deixou transparecer a importância que está dando a esta área ao oferecer mais de 30 cursos relacionados com GIS. Além dos treinamentos sobre os produtos da Autodesk para GIS como MapGuide e Autodesk Map, foram abordadas questões conceituais – GIS e interoperabilidade, por exemplo – e até mesmo a integração com produtos de terceiros como a ESRI, criadora do ArcView e a Oracle, que apresentou o Oracle 10g. A Autodesk possui uma vice-presidência, ocupada atualmente por Chris Bradshaw, responsável pela área de GIS. Dentro da Autodesk esta área é conhecida como ISD – Infrastructure Solutions Division. Em conjunto com a Autodesk University, a ISD promoveu mais uma edição do Worldwide GIS User Conference.

Brasil e México
Antes do início da Autodesk University houve um evento exclusivo para a imprensa, com a participação de representantes de cerca de 30 revistas, jornais e outras publicações especializadas – a maioria norte-americanas. A InfoGEO foi uma das quatro convidadas – e a única voltada para GIS – da América Latina. Além da InfoGEO estiveram presentes o Jornal Reforma, principal periódico mexicano, e as revistas Obras e Manufactura, pertencentes ao segundo maior grupo editorial também do México.

Novo nível de suporte
A maioria dos lançamentos anunciados durante o evento foi de interesse específico para a comunidade Autodesk – como por exemplo a extensão do Programa Autodesk Subscription para países da América Latina a partir de 1º de dezembro de 2003. Por uma tarifa anual o usuário recebe as últimas versões dos produtos, suporte de especialistas da Autodesk que tem acesso aos desenvolvedores do software, além de cursos via Web (e-Learning).

DWF e PDF
Uma notícia veiculada com freqüência e que pode afetar positivamente a comunidade de usuários GIS foi a ênfase que a Autodesk está dando ao formato DWF (Design Web Format), criado para a publicação de desenhos técnicos. É um potencial substituto para o formato PDF (Adobe Portable Document Format) para a publicação de mapas, por exemplo. Segundo comparativo publicado pela Autodesk, o formato DWF gera arquivos bem menores que o PDF (69k x 1624k para um desenho AutoCAD usado como teste) e de forma mais rápida (4 segundos x 85 segundos). Além disso preserva dados como escala, medidas e sistema de coordenadas. Assim como existe o Acrobat Reader, gratuito, para visualizar e imprimir arquivos PDF, a Autodesk distribui também de forma gratuita o Express Viewer, um aplicativo pequeno (2,1MB contra os 16,4MB do Acrobat Reader 6.0.1 versão Português Windows XP)que permite visualizar e imprimir arquivos DWF.

A outra grande vantagem do formato DWF sobre o PDF e que pode acelerar a adoção do DWF como padrão para as publicações de mapas e desenhos técnicos foi a disponibilização gratuita do DWF Writer, um gerador de arquivos que funciona como uma impressora Windows. Ou seja, qualquer aplicativo Windows, mesmo que não seja um produto Autodesk, pode imprimir um arquivo DWF – e isso sem o pagamento de direitos autorais ou a aquisição de software. Mesmo que o DWF não venha a suplantar o PDF como padrão, esta concorrência certamente será benéfica à comunidade de usuários GIS.

Chris Bradshaw, vice-presidente da Infrastrucuture Solutions Division – ISD – da Autodesk. Os produtos GIS são de responsabilidade da ISD.

Jim Farley, da Oracle, apresentando as características do Oracle Spatial 10g

Pavilhão de exposições

Feira
Apesar de fortemente voltado para cursos, palestras e apresentações, a Autodesk University reservou um pavilhão onde cerca de 75 fornecedores apresentaram seus produtos e serviços. HP, IBM, Intel e Microsoft dividiram espaço com algumas empresas voltadas especificamente para a indústria de geotecnologias, como a 4DataLink, Hitachi Software Global Technology (famosa pelos vetorizadores automáticos), LizardTech (MrSID) e Trimble (GPS).

Imprimindo em 3D
Um fato que chamou a atenção na feira foi a quantidade de fornecedores de impressoras 3D. Apesar de disponíveis há diversos anos, ainda são pouco divulgadas entre os usuários GIS no Brasil. Estas impressoras permitem transferir para o mundo real os modelos tridimensionais gerados pelo GIS. Por exemplo é possível gerar uma maquete de uma cidade e seus prédios em plástico ou celulose a partir dos dados vetoriais disponíveis no GIS. Mapas temáticos, modelos digitais de terreno com sobreposição de imagens de satélite ou aerofotos podem deixar a tela do computador e materializar-se na forma de montanhas, rios e vales esculpidos em plástico. A evolução destas impressoras chegou a tal ponto que é possível imprimir, por exemplo, um carrinho de brinquedo com rodas que giram e portas que abrem. Apesar do custo elevado já não é incomum encontrar modelos tridimensionais impressos a partir de dados geográficos em feiras, exposições e museus.

Para os que se interessarem, a próxima Autodesk University será novamente no MGM Grand Hotel em Las Vegas de 30 de novembro a 3 de dezembro de 2004.

Modelo 3D "impresso" a partir de dados vetoriais e geográficos