Campanha de crowdfunding foi lançada pelo Grupo Polar da Universidade de Lisboa, que gostaria de ter um Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT ou Drone) para construir mapas 3D do terreno na Antártida. O objetivo é analisar a paisagem marcada pelo gelo e degelo e pelas alterações climáticas.

Tem menos de um quilo e menos de um metro da ponta da uma asa à outra – e é com este pequeno Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT ou Drone), que um grupo de investigadores portugueses pretendem dar um salto na obtenção de dados na Antártida. Para tal, o Grupo Polar da Universidade de Lisboa lançou uma campanha de crowdfunding, ou financiamento colaborativo: até ao final deste mês, quem quiser pode contribuir para os 20 mil euros que custa o drone. Caso não se atinja esse valor, o dinheiro será devolvido.

Segundo os cientistas, o drone é necessário para que possam realizar levantamentos fotográficos e do relevo com grande resolução em áreas extensas na Antártica, em particular na Península Antártica. “Nas regiões em que trabalhamos não há levantamentos topográficos adequados e é extremamente caro e difícil voar com helicópteros para efetuar fotografia aérea”, afirmou a equipe na página em que apresenta o projeto para crowdfunding. “As restrições orçamentais recentes têm limitado muito a nossa capacidade de adquirir um veículo aéreo não tripulado”, completou.

O drone poderá voar durante 45 minutos e a resolução das suas imagens, obtidas por câmara óptica e uma câmara de infravermelhos, será alta, entre 10 a 20 centímetros. Além disso, o drone é capaz de cobrir áreas mais amplas, podendo fazer dez quilómetros quadrados num único voo.

Os dados recolhidos permitirão discriminar os tipos de cobertura do solo (como neve ou rochas), os diferentes tipos de vegetações (líquenes ou musgos) ou outras mudanças que ocorreram na superfície, como o movimento dos calhaus no interior do solo para a superfície devido aos ciclos de gelo-degelo e que deixam estrias no solo. Com todo este tipo de informação, a equipe pode monitorizar o que está a acontecer na Antártida, mais precisamente ao solo que se mantém congelado durante pelo menos dois anos.

Drone que os cientistas gostariam de adquirir

Um postal da Antártida

Caso a equipe consiga comprar o drone, os primeiros testes ao aparelho se realizarão entre meados de fevereiro e março, durante a campanha deste ano à Antártida.  Os primeiros testes serão na ilha do Rei Jorge, arquipélago das Shetland do Sul, junto à Península Antártica. E em 2015, além do Rei Jorge, o drone voaria nas ilhas de Livingston e Deception, também nas Shetland do Sul.

Ainda no campo das imagens, a campanha deste ano inclui o voo num helicóptero brasileiro com uma câmera de 200 bandas espectrais — depois de tentativas falhadas nos dois anos anteriores —, o que permitirá uma análise fina da paisagem, ainda que com resolução limitada. Se houver drone, será da Antártida que os cientistas enviarão um postal a quem tenha contribuído com pelo menos 25 euros.

Mais informações e contribuições estão disponíveis no site http://ppl.com.pt/pt/prj/3dantartida