Já virou notícia no círculo dos amantes de sensoriamento remoto e afins o lançamento do satélite CBERS-4, no último domingo (7/12) a partir da base chinesa de Taiyuan. Não era de se esperar outra coisa, afinal muita expectativa foi gerada após a perda do satélite anterior e várias perspectivas surgem a partir da novidade desta semana. Além disso, muitas reflexões podem ser feitas sobre os avanços no sensoriamento remoto aqui no Brasil que esse lançamento promete. Vamos falar sobre alguns neste espaço, mas, para começar bem, antes faremos um panorama sobre a atualidade dessa tecnologia no país.

É leviano falar que o sensoriamento remoto, enquanto prática, é recente, pois sabemos que muitas atividades, que são hoje sistematizadas como atividades de mapeamento a distância já eram praticadas antes desse uso específico. Partindo de seu significado puro, utilizar sensores sem contato direto para obtenção de dados terrestres é uma prática que acontece desde o fim do século XVIII, quando balões a gás eram usados para observação de campos de batalha.

Início do Programa CBERS

Em termos de Brasil, a atividade do sensoriamento remoto era alimentada até poucos anos atrás somente por um acervo obtido por satélites internacionais, com destaques para Índia e Estados Unidos. A autonomia do Brasil na obtenção de imagens aconteceu com o projeto CBERS em parceria com a China. Isso tudo aconteceu com o acordo firmado entre as nações no dia 6 de julho de 1988 e, a partir disso, foram realizados os investimentos, as pesquisas e o desenvolvimento dos satélites a serem lançados.

O CBERS-1, 2 e 2B são iguais em sua composição e constituição, tendo a mesma missão espacial. A ideia inicial é atender necessidades dos dois países, bem como promover uma inserção das nações emergentes no mercado de imagens de satélites, que é um setor em potencial e até então era dominado majoritariamente por países pertencentes ao bloco das nações consideradas desenvolvidas sob o ponto de vista econômico.

Falha no CBERS-3 e antecipação do CBERS-4

O projeto do “Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres” (tradução de “China-Brazil Earth Resources Satellite” que é o significado da sigla CBERS) deu certo e, com isso, os governos decidiram avançar, promovendo o lançamento do CBERS-3. Infelizmente, o satélite teve falha em seu posicionamento em órbita, o que fez com que ambos os governos de imediato tomassem a iniciativa de criar um CBERS-4. Um ano depois do CBERS-3, que foi lançado no dia 9 de dezembro de 2013 mas fracassou, lançou-se no último domingo, com antecedência no prazo estabelecido, o CBERS-4, que teve sucesso em seu posicionamento em órbita, que faz com que ele realize uma revolução completa na terra em uma hora e 40 minutos.

As expectativas sobre esse lançamento são imensas. O CBERS-4 vem não só para preencher a lacuna do CBERS-3, mas também para complementar e realizar estudos avançados, como por exemplo o monitoramento do desmatamento na Amazônia. Confira acima a primeira imagem apresentada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), da Região dos Lagos, no estado do Rio de Janeiro, obtida pela MUX, a primeira câmera para satélites inteiramente desenvolvida e produzida no Brasil. Com 20 metros de resolução espacial, a MUX registra imagens nas bandas do azul, verde, vermelho e infravermelho próximo, para uso em diferentes aplicações.

Além da câmera MUX, o CBERS-4 conta ainda com os sensores WFI, IRS e PAN. A WFI (Câmera de Campo Largo) tem a propriedade de fazer rápidas revisitas – em geral em menos de cinco dias – , o que possibilita atividades de monitoramento e vigilância. Já o IRS (Imageador Multiespectral e Termal) é um sensor de varredura mecânica com resolução espacial de 40 metros nas bandas pancromática e de 80 metros na banda termal, muito próxima daquela do TM/Landsat e com aplicações semelhantes. Por sua vez, a câmera PAN é a de melhor resolução espacial a bordo dos CBERS-4, com apenas 5 metros na banda pancromática e 10 metros na multiespectral, permitindo assim a continuidade aos imageamentos de alta resolução iniciados com a câmera HRC do satélite CBERS-2B.

Liberação de imagens para os usuários

As quatro câmeras do Cbers enviarão imagens de áreas que possibilitarão o mapeamento de áreas agrícolas, geológicas e monitoramento do desmatamento de quase 90% do território da América do Sul e também da China. Além disso, em função de acordos de parcerias governamentais, também serão disponibilizadas imagens do continente africano para alguns países da África.

Segundo a Agência Espacial Brasileira (AEB), agora o satélite entra na fase de testes – denominada de comissionamento -, que dura em torno de três meses e, ao final, o mesmo passará a enviar as imagens que serão disponibilizadas aos usuários. Ou seja, poderemos contar com as imagens do CBERS-4 a partir de março de 2015.

Acompanhando todos esses avanços, podemos refletir um pouco sobre os impactos possíveis que isso pode gerar no mundo do sensoriamento remoto para o Brasil. Esperamos que esses avanços contribuam para o enriquecimento das atividades no setor de Geotecnologia, desde o levantamento de imagens, monitoramento de terras – como essa proposta de monitorar a Amazônia -, até facilitações referentes à pesquisas sociodemográficas e análises de fenômenos naturais.

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Fonte: GEOeduc