O grupo de Geoprocessamento do Centro Regional do Nordeste (CRN) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em Natal (RN), apresenta resultados preliminares do monitoramento por satélite da Caatinga. Já foi mapeada uma área de aproximadamente 90 mil Km², o que representa 14% dos seis Estados e 9,15% do total da Caatinga. Até o momento, o monitoramento revela 40% de Caatinga Preservada, 45% de Caatinga Degradada, 7,2% de Solo Exposto, 6,5% de lavoura e 0,7% de corpos d’água.

As áreas mapeadas dos Estados de Alagoas e Pernambuco são as mais desmatadas, enquanto no leste do Ceará e no oeste do Rio Grande do Norte predomina a Caatinga Preservada. “Os dados revelam que há diferenças na cobertura vegetal entre mesorregiões dos Estados e, por isso, ainda não é possível identificar qual é o Estado mais desmatado ou o mais preservado”, explica Miguel Cuellar, pesquisador do CRN/INPE.

A meta é mapear 30% da área total da Caatinga até o final de 2015 e apresentar resultados para subsidiar eventuais políticas de desenvolvimento sustentável no que tange ao uso da terra pelo homem e a necessidade de conservação ambiental. Os pesquisadores verificam nas imagens de satélites as mudanças ambientais ocorridas na região e buscam identificar os principais vetores do desmatamento com base em dados socioeconômicos.

O monitoramento permite conhecer as dinâmicas de desmatamento da Caatinga associadas a diferentes padrões de desenvolvimento econômico. Isto quer dizer que, além da delimitação do desmatamento, são identificadas as principais atividades econômicas que exercem pressão sobre os recursos naturais”, diz Cuellar.

O monitoramento identifica as seguintes classes: Caatinga Preservada, Caatinga Degradada, Solo Exposto, Lavoura, Corpos d’água e Urbano. Com isso, é possível quantificar as áreas de vegetação natural e as alteradas, delimitando as áreas de produção agrícola, de culturas perenes, pastagens, entre outras.

Segundo o grupo de Geoprocessamento do CRN/INPE, está em execução o levantamento de informações de uso e cobertura da terra nas áreas desmatadas da região para os anos de 2013 e 2014 – devido a cobertura excessiva de nuvens na região, não é possível realizar o levantamento num só ano.

O monitoramento da Caatinga integra o projeto “Construindo Nosso Mapa Municipal Visto do Espaço”, que tem como objetivo mapear a dinâmica de uso e cobertura da terra no Semiárido brasileiro. “São gerados cinco mapas por município, e o mapa de ‘Uso e Ocupação do Solo’ serve para conhecer o estado atual da Caatinga”, informa o pesquisador do INPE.

O mapa do desmatamento do bioma Caatinga foi elaborado a partir da classificação das imagens Landsat-8 de 2013/2014 da região semiárida dos Estados de Alagoas, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte. As informações estão em escala municipal, o que permitirá avaliar a mudança ambiental tanto no âmbito municipal quanto por microrregião, mesorregião e por estado.

Os dados estão disponíveis na página: www.geopro.crn2.inpe.br/desmatamento.htm

Bioma Caatinga

A área do bioma Caatinga, segundo a delimitação do IBGE (2004), é de 969.589 km², situada entre os paralelos 3° e 17°S e meridianos 35° e 45°W, e cobre 9,92% do território nacional. A estimativa da população do Semiárido em 2014 é de 23,8 milhões de habitantes, sendo a região semiárida mais populosa do mundo. A região conta com um rebanho de 31,2 milhões, sendo que 53% são bovinos. O superpastoreio é uma das principais causas da degradação da cobertura vegetal.

O bioma Caatinga, composto por diversas formações vegetais, ocupa a maior parte desta região, sendo um dos poucos com distribuição restrita ao Brasil. O termo “Caatinga” designa uma vegetação dominante, que se estende por quase todos os Estados do Nordeste e norte de Minas Gerais. Esse ecossistema é muito importante do ponto de vista biológico por apresentar fauna e flora únicas, formada por uma vasta biodiversidade, rica em recursos genéticos e de vegetação constituída por espécies lenhosas, herbáceas, cactáceas e bromeliáceas. Estima-se que pelo menos 932 espécies já foram registradas para a região, das quais 380 são endêmicas.

Entre as atividades a serem desenvolvidas pela equipe do CRN/INPE estão o mapeamento das áreas de cobertura vegetal natural, cobertura vegetal antrópica, massas d´água, área natural não vegetada (afloramentos rochosos, dunas e praias fluviais) e áreas não-observadas (com cobertura de nuvens e queimadas). Nas áreas de cobertura vegetal antrópica, serão identificadas pastagens, culturas agrícolas anuais e perenes, silvicultura, espaços urbanos e mosaico de ocupações.

Além da geração de dados básicos para atender às demandas atuais relacionadas ao cálculo e modelagem de emissão e sequestro de gases de efeito estufa, pela dinâmica de uso da terra, os pesquisadores também querem entender o impacto que as políticas públicas de uso da terra promoveram no bioma Caatinga. Os estudos podem ajudar a compreender, por exemplo, qual a relação entre a legislação ambiental e os resultados do monitoramento do bioma Caatinga, como explica Guilherme Reis Pereira, do CRN/INPE.

O desenvolvimento inicial do monitoramento da Caatinga apresenta os seguintes resultados preliminares, utilizando os anos de 2013/2014 do satélite Landsat-8:

Fonte: Inpe