O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atualizou as altitudes de sete pontos culminantes brasileiros, a partir da aplicação da versão 2015 do modelo de ondulação geoidal do Brasil (MAPGEO2015), disponibilizada pelo IBGE no final do ano passado, às altitudes determinadas anteriormente naquelas localidades por receptores GPS. A atualização não alterou o ranking das montanhas mais altas do país, mas determinou aumentos de 1,52m tanto no Pico da Neblina (mais alto) quanto no Pico 31 de março (segundo mais alto), que passaram a ter 2.995,30 m e 2.974,18 m, respectivamente. Em relação aos outros cinco pontos culminantes, houve reduções nas altitudes inferiores a um metro.

Ponto culminante Nova altitude (m) Altitude anterior (m) Diferença (m)
Neblina
2.995,30
2.993,78
1,52
31 de março
2.974,18
2.972,66
1,52
Bandeira
2.891,32
2.891,98
-0,66
Pedra da Mina
2.798,06
2.798,39
-0,33
Agulhas Negras
2.790,94
2.791,55
-0,61
Cristal
2.769,05
2.769,76
-0,71
Monte Roraima
2.734,05
2.734,06
-0,01

A determinação da altitude em locais de difícil acesso sempre representou um grande desafio para o campo das geociências. No passado, a alternativa era o nivelamento barométrico, realizado com o barômetro, instrumento criado no século 17 e utilizado para medir a pressão atmosférica, altitude e mudanças no tempo. No entanto, os valores obtidos apresentavam imprecisões da ordem de metros. Com o advento das técnicas de posicionamento associadas aos Sistemas Globais de Navegação por Satélites (GNSS), em especial ao Sistema de Posicionamento Global (GPS), os levantamentos passaram a fornecer coordenadas (latitude, longitude e altitude) com alta precisão.

Utilizando a tecnologia GPS, em maio de 2004, o IBGE iniciou o projeto Pontos Culminantes, com o objetivo de determinar altitudes mais precisas para os picos mais elevados do Brasil, utilizando equipamentos de rastreamento GPS associados às modernas técnicas de posicionamento preciso por satélites. O projeto, executado em cooperação com o Instituto Militar de Engenharia (IME), foi concluído em 2005, com a medição do Monte Roraima (Serra de Pacaraíma, RR, divisa entre Brasil, Venezuela e Guiana) e outros seis pontos culminantes: Pico da Neblina (Serra do Imeri, AM), Pico 31 de Março (Serra do Imeri), Pico da Bandeira (Serra do Caparaó), Pico Pedra da Mina (Serra da Mantiqueira), Pico das Agulhas Negras (Serra da Mantiqueira) e Pico Cristal (Serra do Caparaó).

No entanto, as altitudes determinadas utilizando-se um receptor GPS não estão relacionadas ao nível médio do mar (ou, de forma mais rigorosa, ao geoide, que é a superfície equipotencial do campo de gravidade da Terra que coincide com o nível médio do mar em repouso), mas a um elipsoide (ver na ilustração abaixo), adotado como forma geométrica da Terra. Assim, torna-se necessário conhecer a diferença entre as superfícies do geoide e do elipsoide, isto é, a altura ou ondulação geoidal, para que se possa obter a altitude ortométrica (acima do nível médio do mar).

Essa nova atualização das altitudes dos picos culminantes foi necessária tendo em vista o conhecimento de valores, mais precisos, da ondulação geoidal no Brasil com a divulgação do MAPGEO2015 em novembro de 2015. Este novo modelo geoidal foi desenvolvido pelo IBGE, em conjunto com a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP).

IBGE aplica o MAPGEO2015 para rever as altitudes de sete pontos culminantes

Fonte: IBGE