Cerrados, Macrologística agropecuária e Áreas de preservação da vegetação nativa dentro dos imóveis rurais brasileiros serão objetos dos três principais sistemas de inteligência, monitoramento e gestão da Embrapa Territorial para os próximos anos

O novo centro de pesquisa da Embrapa foi inaugurado em 11 de dezembro, em Campinas, SP, pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi. A unidade resulta da unificação e integração de três instituições: o Grupo de Inteligência Territorial Estratégica, a Embrapa Gestão Territorial e a Embrapa Monitoramento por Satélite.

Mais de 300 pessoas participaram da cerimônia de inauguração, entre elas muitas autoridades: secretários de estado, prefeitos municipais e parlamentares. Na plateia, também estavam muitos produtores rurais, industriais, empresários e representantes de entidades de classe, além de empregados da Embrapa.

O chefe-geral da nova unidade, Evaristo de Miranda, resumiu o espírito do evento: “É o coroamento de uma etapa e o começo de uma nova aqui na Embrapa Territorial”.

Miranda lembrou os trabalhos já realizados pela Empresa analisando a agropecuária brasileira do ponto de vista territorial, que serviram de subsídios para governos e o setor privado. “É nosso dever fornecer subsídios, números, dados e fatos, em defesa da nossa agricultura, como fizemos durante a discussão do Código Florestal, e vamos continuar fazendo”, comprometeu-se.

A inteligência territorial é uma das cinco prioridades da Embrapa para o futuro, mas não pode se resumir a um acúmulo de dados, ressaltou o chefe-geral. Mais do que big data, o desafio é gerar o que chamou de right data. “Ou seja, analisar os dados e produzir a informação, o dado que a pessoa precisa, na hora que ela precisa, no lugar onde ela está para tomar decisão”, explicou.

Mudanças

O presidente da Embrapa, Maurício Antônio Lopes, disse que a inauguração da Embrapa Territorial faz parte do processo de reestruturação da Empresa. Além de racionalizar o uso dos recursos, as mudanças têm como objetivo “fortalecer nossa capacidade de entregar valor para a sociedade, produzir resultados impactantes, mudar a vida das pessoas para melhor”.

Lopes lembrou que a instituição nasceu com foco nos processos produtivos dentro das propriedades rurais, mas tem visto a necessidade de ampliar sua atuação. “Agora, nossa empresa é pressionada e desafiada a olhar para além dos limites das fazendas, a olhar para o território”, afirmou.

Um dos trabalhos de inteligência, monitoramento e gestão territorial desenvolvidos pela Embrapa mais citados durante a cerimônia foi a recente análise dos dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR), que revelou uma área de 20,5% do território brasileiro dentro das propriedades rurais com vegetação nativa preservada.

O secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Arnaldo Jardim, mostrou como é importante comprovar o quanto a produção rural brasileira é sustentável. “A sustentabilidade é uma moeda nossa e nos orgulhamos disso”, disse o secretário, que representou o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, na inauguração.

O prefeito de Campinas, Jonas Donizette, falou sobre como o agronegócio tem mantido não só o equilíbrio da balança comercial brasileira, mas também o orçamento público de muitos municípios. “Quase todos os municípios, em virtude da situação econômica, tiveram queda de arrecadação; nos municípios agrícolas, ela subiu”, pontuou Donizette, que é presidente da Frente Nacional de Prefeitos. Ele também ressaltou os trabalhos que a Embrapa já realizou para o município que administra, a exemplo do mapeamento das áreas com maior risco de dengue. “Muito obrigado por Campinas ter esse grande ativo que se torna agora Embrapa Territorial”, agradeceu.

Encerrando a cerimônia, o ministro Blairo Maggi atestou a capacidade de geração de informação qualificada pela equipe do centro de pesquisa. “Eles podem gerar as informações que vão ajudar o governo e a iniciativa privada a tomar decisões”, assegurou. Além da análise dos dados do CAR, Maggi destacou o estudo da macrologística da agropecuária brasileira, “não na visão de onde as estradas estão passando, mas onde elas deveriam passar”. “A macrologística está mostrando que, muitas vezes, se pensa em grandes linhas férreas ou grandes extensões de estradas, mas, se você ligar, com 100 quilômetros, uma estrada na outra, você tem um escoamento de safra muito interessante”, exemplificou.

A Embrapa Territorial prevê divulgar o estudo da macrologística da agropecuária brasileira em fevereiro de 2018. Na cerimônia de inauguração, também foi apresentado o GeoSocial – “Inclusão Produtiva no seu Município”, sistema de inteligência desenvolvido para o Ministério do Desenvolvimento Social. A ferramenta permite a organizações privadas, prefeituras, e outros órgãos de governo avaliar, em base territorial, a pertinência e os resultados de recursos gastos em programas sociais tendo em vista as necessidades das populações.

GeoInfo na Embrapa

A Embrapa oficializou, em 4 de dezembro, a criação do Comitê Gestor da Infraestrutura de Dados Espaciais. O grupo tem como função principal a implantação da plataforma GeoInfo na Empresa. Sua criação é fruto do projeto IDE-Embrapa, que consolidou uma proposta de processo para a gestão dos dados espaciais e da geoinformação produzidos pela Empresa e sua disponibilização para a sociedade por meio de uma plataforma na internet (GeoInfo).

O Comitê tem à frente a analista Daniela Maciel, da Embrapa Territorial. Também participam analistas e pesquisadores da Embrapa Informática Agropecuária, da Embrapa Florestas, da Embrapa Solos, da Embrapa Tabuleiros Costeiros e da sede da Empresa.

Com informações da Embrapa