No ano passado, duas das mais importantes empresas de fotogrametria do mundo – Leica e Helava – perceberam que o desenvolvimento de uma câmera digital exigia união de esforços. Surgia a LH Systems, uma joint-venture que já tem vários projetos em andamento e possibilidade de fusão com a Zeiss. Agora, a LH tenta consolidar suas bases pelo mundo. George Southard, vice-presidente de vendas da empresa, esteve no Brasil em setembro para visitar grandes usuários de fotogrametria no país. Em entrevista a infoGEO, Southard falou sobre o processo de fusão, os projetos da LH e sobre o mercado brasileiro.
George Southard em sua passagem pelo Brasil
InfoGEO – Como está a joint venture formada pela Leica e pela Helava?
Southard – LH Systems foi formada em junho de 1997, por meio da fusão dos departamentos de fotogrametria da Leica Corporations suíça e da GDE Systems, em San Diego. A Leica tem muita tradição em hardware para fotogrametria, enquanto a Helava (que é parte da GDE) tem sistemas de fotogrametria digital. Em fevereiro foi anunciada uma joint-venture entre a LH e o departamento de fotogrametria da Zeiss, que deve ter seus últimos ajustes nas próximas semanas.
InfoGEO – Não existe o risco de monopólio com esta fusão?
Southard – O principal produto fabricado unicamente pela Leica e pela Zeiss é a câmera aerofotogramétrica com filme. O caminho da indústria atualmente é para uma câmera digital de alta precisão, e o ciclo das câmeras com filme está decaindo. Há imagens digitais fornecidas por satélites, por outras câmeras digitais. Em 10 anos não vai mais haver fotogrametria que não seja digital. Além disso, uma das coisas que foram investigadas pelo Departamento de Justiça dos EUA e pela Comunidade Econômica Européia para permitir a fusão foi esta. A companhia teve que garantir que continuaria a vender seus produtos a preços razoáveis. Mesmo porque seria comercialmente ruim querer aumentar preços. As pessoas não comprariam nossas câmeras, e esperariam pela tecnologia digital.
InfoGEO – E como estão os projetos para uma câmera digital com a marca LHZ (União de Leica, Helava e Zeiss)?
Southard – Antes mesmo da criação da LH, Leica, GDE e DLR – a agência espacial alemã – já haviam somado esforços para o desenvolvimento de uma câmera aerofotogra-métrica digital de alta precisão. O projeto começou há 2 anos e dentro de 24 meses a primeira geração de câmeras digitais deve estar no mercado. Ficou claro logo no início que seriam necessários muitos milhões de dólares. Como o mercado não é grande o suficiente para duas companhias tentarem desenvolver este projeto ao mesmo tempo, optou-se pela fusão.
InfoGEO – Qual o problema das tentativas de criar câmeras aerofotogramétricas digitais até aqui?
Southard – Principalmente o sensor, que era muito pequeno e exigia muitos vôos para cobertura das áreas. O projeto de nossa câmera prevê 3 linhas de sensores de 24.000 pixels cada. Uma série de lentes também está sendo desenvolvida para permitir imagens em Wide Angle, Super Wide Angle e Standard. Além dos dados pancromáticos e coloridos, muitas bandas multiespectrais estarão disponíveis na câmera.
InfoGEO – Como é o mercado brasileiro para fotogrametria?
Southard – A LH Systems acredita que a América Latina seja um dos melhores mercados emergentes neste momento. Na América do Norte temos uma base muito sólida de clientes, mas que cresce pouco. Já na América do Sul tem havido demanda muito grande por equipamentos de alta precisão. Uma das razões de eu estar aqui é estar frente a frente com nossos clientes para ouvir sobre necessidades locais e saber o que eles esperam para o futuro.
InfoGEO – Por que países você vai passar?
Southard – Minha viagem foi programada para 10 dias. Além do Brasil, devo visitar Uruguai e Peru. No Brasil, Curitiba e São Paulo.