O lançamento do satélite de imagens IKONOS II, da Space Imaging, no dia 24 de setembro último, traz nova era ao mercado de sensoriamento remoto. O sensor é capaz de adquirir imagens digitais de qualquer parte da Terra com resolução de 1 metro em preto e branco, e 4 metros em colorido, permitindo assim identificar objetos como ruas, casas e automóveis (pessoas, segundo a empresa, não).
Até agora as imagens com ampla disponibilidade no Brasil tinham resolução de no máximo 10 metros. Além disso, o IKONOS é o primeiro, e ainda o único, sistema exclusivamente comercial de observação da Terra. Todos os outros até agora lançados fazem parte de programas governamentais.
As imagens produzidas pelo satélite estarão disponíveis para venda entre o final deste ano e o início do próximo, sendo que a comercialização será feita sob a marca CARTERRA. O grau de detalhamento de que este novo sensor é capaz permite novos usos para as imagens de satélite, e um melhor aproveitamento nas situações em que elas já estão sendo usadas como agricultura, recursos naturais, emergências, telecomunicações, mapeamento, planejamento urbano e outros. A primeira cena captada, dentro do período de testes, foi da cidade de Washington D.C., no dia 30 de setembro. Ela foi apresentada ao mundo em 12 de outubro último e pode ser vista na página 66.
Com um metro de resolução, apresenta um grau de detalhamento nunca visto antes em um satélite comercial: dá até para contar os carros que estão na rua. O IKONOS está há 681 quilômetros da Terra, se movendo a uma velocidade de sete quilômetros por segundo, capaz de completar 14 voltas por dia no Globo. O período de revisita é de 2,9 dias, para imagens de 1 metro de resolução, e de 1,5 dias para resolução de 1,5 metros. Segundo a assessoria de imprensa da Space Imaging, a expectativa de vida do satélite é de 5 a 7 anos.
Por enquanto, a empresa apresenta seu satélite como "o primeiro e único satélite comercial de imagens de alta resolução", mas o reinado do IKONOS tem seus dias contados: estão previstos para lançamento, entre o final deste ano e o ano que vem, o satélite OrbView-3,da Orbital Imaging (ORBIMAGE), o QuickBird, da EarthWatch, a dupla EROS A1 e EROS A2, da West Indian Space, além do satélite indiano de 2,5 metros de resolução, IRS.
Quem assistir ao filme Inimigo do Estado, disponível nas principais locadoras do país, com o ator Will Smith, vai ter algumas previsões de onde a tecnologia geoespacial pode chegar. O filme está alguns passos à frente da realidade atual, mas a evolução desta área surpreende a cada dia. Em Inimigo do Estado, a Agência Nacional de Segurança americana, usa satélites de imagens que permitem acompanhar a movimentação de uma pessoa pelas ruas, e receptores GPS, acoplados a transmissores de sinal, tão pequenos que podem ser colocados dentro de uma caneta, para vigiar a vida de cidadãos sob suspeita. A invasão de privacidade que o filme sugere chega a ser assustadora mas, a tecnologia é fascinante.
Imagem do lançamento do satélite IKONOS II