Muito tem se escrito e comentado sobre as maneiras com as quais uma empresa absorve e implanta a cultura de GEO dentro de sua rotina de trabalho. Apesar do Brasil ainda não privilegiar tanto quanto gostaríamos a questão da valorização da informação atualizada e de fácil acesso para a gestão de empresas, os avanços têm sido notáveis. De simples "novidades" trazidas do exterior há décadas, passamos a usar as Geotecnologias para produzir mapas temáticos cada vez melhores, e por fim estamos colhendo resultados concretos de economia e eficiência, cruzando-os com informações técnicas e sócio econômicas.
De uma forma ou de outra o caminho percorrido na implantação de um Sistema de Informações que contenha referências geográficas dentro de uma empresa, pública ou privada, percorre 3 fases.
Gis – No início o grande desafio é converter os mapas existentes para formato digital ou produzi-los já nesse ambiente. Os resultados podem ser imediatos, aposentam-se as velhas mapotecas, surgem os arquivos digitais. Mapas temáticos são produzidos em grande quantidade, trocam-se desenhistas por digitalizadores, iniciam-se os investimentos em hardware e software. Usam-se sistemas CAD ou GIS, mas utilizando mais os recursos de mapeamento, com algumas tímidas tentativas de cruzamento com bancos de dados alfanuméricos. O sucesso já é garantido, pois os mapas digitais por sua beleza estética e por seus novos recursos na tela do computador ou plotados conquistam rapidamente os usuários.
GIS – Em seguida, com a disseminação da cartografia digital pela empresa, e o elevado astral da equipe do GEO, o próximo passo é a integração desses mapas em um sistema GIS. Nesta fase em geral, o que acontece é que começam a se formar "ilhas", com vários departamentos tentando compartilhar o mesmo mapa, mas cada um à sua maneira, tentando resolver os seus problemas. Avança melhor o setor que tem mais apoio da cúpula, ou que tem pessoal mais qualificado. Os resultados começam a aparecer, mas de forma setorizada. Felizmente, logo começa a haver o interesse em unificar os sistemas, mas é grande a dificuldade face às diferenças de cada grupo envolvido, com orçamentos, prazos, aculturamento e necessidades diferentes. Entretanto, começa a ficar claro que, para que a empresa como um todo tenha benefícios maiores, deve-se pensar o GIS como um sistema totalmente integrado ao Sistema de Informações geral da empresa, afinal tudo é informação, não faz muito sentido manter esta divisão.
gIS – Por fim descobre-se que o GIS deve ser integrado ao sistema corporativo de gestão da empresa. Nesta fase, se a empresa estiver bem amadurecida e corretamente assessorada por uma competente equipe técnica que teve sabedoria para acompanhar as etapas anteriores, tudo anda bem. Caso contrário, se as etapas anteriores não forem consistentes, e devidamente assimiladas por todos os setores da empresa, existem graves riscos de se travarem os processos. Nada que uma boa dose de determinação não resolva, afinal, há remédio para tudo, mesmo para casos quase perdidos. Mas com certeza é nesta fase que ocorrem as maiores alegrias com os resultados do Sistema de Informações (chamá-lo de geográfico já é até desnecessário), ou as maiores desilusões e arrependimentos, quando se descobrem os erros do passado..
O período de duração de cada fase, principalmente das duas primeiras, pode durar semanas, meses ou até anos, dependendo muito da complexidade da empresa e da visão de seus dirigentes em investir e acompanhar de perto a evolução do projeto. Afinal, para um moderno administrador de empresas, a informação atualizada, espacializada e de fácil acesso é estratégica e fundamental para o seu trabalho.
Sempre é bom lembrar que devemos buscar a meta maior, mesmo que os recursos sejam escassos no começo. O lema deve ser: "Pensar Grande, Começar Pequeno e Agir Rápido e com Determinação". Uma coisa é certa, para chegarmos à meta final temos que montar e estruturar um eficiente Sistema de Informações, mantê-lo atualizado, processar seus dados, analisar geograficamente seus resultados e tomar as decisões que necessitamos para atingir os objetivos da empresa, seja ela uma prefeitura, uma concessionária de energia ou uma rede de franquias.
GPS e IKONOS – Dois fatos para o mercado mundial são marcantes neste ano 2000. Primeiro o início de uma nova era no sensoriamento remoto, com a disponibilização das imagens de alta resolução (1 metro) do satélite IKONOS. Este é só um dos satélites de uma série de outros que serão lançados nos próximos anos. As dúvidas do mercado agora são no sentido de saber quais as reais aplicações dessas imagens no mercado de mapeamento.
Outro fator importantíssimo é a desativação da degradação das coordenadas do GPS, que está provocando uma onda de rumores muito grande, principalmente na área de usos de baixa precisão. Afinal, receptores que apresentavam um erro de 100 metros, de um dia para o outro passaram a apresentar 8 metros. Qual é afinal o impacto que essa mudança vai acarretar para o mercado?
A revista infoGEO, consciente do seu papel de formadora de opinião do mercado, está neste momento acompanhando os testes aqui no Brasil que universidades, distribuidores e usuários estão fazendo tanto com equipamentos GPS, quanto com as imagens do IKONOS. Nas próximas edições, apresentaremos os resultados desses testes devidamente comentados por especialistas. É só aguardar.
Emerson Zanon Granemann
é engenheiro cartógrafo e editor da infoGEO. emerson@infogeo.com.br