Evento se consolida como o mais importante do setor e projeta crescimento cada vez maior. A edição 2003 já tem data e local definidos
Por Marjorie Xavier
Temas bem escolhidos, público qualificado, troca de experiências, "cases" concretos, boa organização, grandes negócios, ótimos resultados. Tudo isso ajuda a definir o que foi o GEOBrasil 2002 Congresso e Feira Internacionais de Geoinformação, que aconteceu de 21 a 24 de maio no Centro de Convenções Imigrantes, em São Paulo. O evento, em sua terceira edição, organizado e promovido pela Alcantara Machado Feiras de Negócios, contou com o apoio exclusivo da GITA (Geospatial Information & Technology Association), maior entidade mundial do setor. Na semana do evento a GITA Brasil (Associação de Informação e Tecnologia Geoespacial), filiada a GITA americana, realizou suas primeiras reuniões e cadastrou centenas de interessados no seu estande na feira.
Traduzindo o sucesso em números: o GEOBrasil 2002 registrou um aumento de 35% em área e 25% no número de expositores em relação à edição passada. A visitação também foi muito boa – 3,7 mil visitantes, dos quais 800 congressistas e 130 palestrantes, conferiram os lançamentos dos expositores, o que representou novidades de mais de 90 marcas. E quem pensa que o evento atingiu seu ápice, prepare-se para 2003. Há expectativa de crescimento ainda maior devido a proposta de tornar-se mais abrangente, incorporando as emergentes áreas de LBS, GIS Mobile, logística, soluções para web e geomarketing. Aliás, o GEOBrasil 2003 já tem data definida de 20 a 23 de maio e será novamente em São Paulo.
Área da feira aumentou 35% em relação a 2001
Mais importante que a quantidade de participantes, o ponto alto do último GEOBrasil foi a qualidade e diversidade dos profissionais. A maioria dos expositores confirmou que o evento atraiu um público selecionado e potencial comprador. "Os resultados da feira foram melhores do que em 2001. O público está mais qualificado e registramos bom movimento. O espaço físico melhorou também", afirmou Antônio Cobo Neto, diretor presidente da Base Aerofotogrametria. Luiz Alberto Scorcim, da empresa curitibana Aeroimagem, confirmou que nos últimos anos o GEOBrasil foi o evento que mais proporcionou chances de fechamento de novos negócios.
O bom resultado do evento reflete os números preliminares de uma pesquisa de mercado, encomendada pela Alcantara Machado e Editora Espaço GEO, ao Instituto de Pesquisa Datacenso. De acordo com esta prévia, o setor de geoinformação, que gera 4,5 mil empregos diretos, deve faturar este ano R$ 1,5 bilhão com estimativa de crescimento de 13% para 2003.
Desta vez, as empresas Sisgraph, Digibase, Base e Santiago & Cintra elegeram o GEOBrasil como único evento do setor que participariam em 2002. Todas foram unânimes em confirmar que a feira foi excelente e que no ano que vem estarão novamente presentes.
Mídia
Segundo o diretor do evento, José Danghesi, para atrair o público desejado não foram poupados esforços. A organização investiu na divulgação na grande imprensa, e não somente em mídias especializadas. O trabalho garantiu que o GEOBrasil, e consequentemente as geotecnologias, ganhassem voz em jornais e revistas de grande circulação. Sem dúvida, foi a primeira vez que a geoinformação ganhou tanto destaque editorial e repercussão em publicações como as revistas Época, Exame e Isto É Dinheiro, Carta Capital e nos jornais DCI, Estado de São Paulo, Gazeta Mercantil, Valor Econômico e Folha. Portais na web focados em tecnologia também destacaram o GEOBrasil.
Também surtiu Tagrande efeito a mala direta direcionada pela Alcantara Machado e os convites ao mercado distribuídos pelos expositores. O bom resultado também foi fruto do trabalho conjunto da assessoria de eventos da Alcantara Machado e de alguns expositores, como a Sisgraph, Digibase, Geoambiente, Imagem, Santiago & Cintra, Base, entre outros.
Congresso
Já em sua abertura, o Congresso levantou problemas antigos do setor, como a falta de uma "cultura" de mapeamento no país. Eduardo Freire, do Incra, falou sobre a expectativa pela implantação do Cadastro Nacional de Imóveis Rurais. O dirigente do Incra também aproveitou o GEOBrasil para divulgar que, através de financiamento com o BID, nos próximos quatros anos o país irá investir no mapeamento das propriedades rurais aproximadamente 260 milhões de dólares, dentro da proposta do cadastro único.
Os temas do Congresso foram realmente bem variados, e polêmicos. A criação de um certificado de qualidade para dados geográficos e a nova legislação de aerolevantamentos e de sensoriamento remoto foram alguns dos assuntos discutidos. A mudança do referencial geodésico brasileiro, as aplicações das imagens de satélite de alta resolução, as novas tecnologias de mapeamento, assim como as políticas públicas para a produção e distribuição de dados geográficos, também não foram deixados de lado. "Foi bem enriquecedor, pois os temas foram bem escolhidos. O Painel Acadêmico foi muito bom", declarou Cláudio Pelosi, analista de sistemas da Conder. Foi reservado um espaço especial para a apresentação dos trabalhos premiados no concurso acadêmico confira os vencedores nobox.
Movimento foi constante nos quatro dias
Foram 800 congressistas nos quatro dias de palestras e debates. "O congresso estava melhor do que em outros anos por apresentar "cases" mais concretos. Os temas foram bem escolhidos e bem apresentados", opinou a engenheira cartógrafa Tânia Wambier, da Engefoto. As palestras sobre novas tecnologias foram consideradas muito esclarecedoras. Sobre radares imageadores orbitais, por exemplo, o pesquisador do Inpe Waldir Renato Paradella explicou como funciona esta nova forma de mapeamento. "Há uma tendência de proliferação dos sistemas orbitais. Agora, nesta nova fase, temos equipamentos permitindo mais que uma polarização, ou seja, mais que uma imagem", disse Waldir, que durante sua palestra destacou o Envisat, sistema sucessor dos satélites ERS-1 e ERS-2.
O GEOBrasil também promoveu cursos concorridos. O de Geomarketing atraiu mais de 60 participantes, surpreendendo até mesmo os organizadores do evento. "Foi altamente positivo e espero participar mais vezes", disse o instrutor Nivaldo Tristão de Souza, da China & Associados Geomarketing.
Dos 130 palestrantes e debatedores, 18 eram estrangeiros, de países como Canadá, Espanha, Holanda e Estados Unidos. "A qualidade do público foi surpreendente e superou nossas expectativas", comemora o coordenador do congresso, Emerson Zanon Granemann. "Acredito que tenha sido um momento de reciclagem profissional e um ponto de partida para novos projetos, uma vez que a geoinformação passou a ser definitivamente integrada aos sistemas de gestão empresarial", complementa Emerson.
Feira
Quem deixou para visitar apenas a feira de geotecnologias também não saiu decepcionado. As imagens de alta resolução e os bancos de dados para GIS, assim como aplicações de LBS, estavam entre os produtos que mais chamaram a atenção nos corredores do evento. Natal Saito, coordenador de projetos da EngeBras, esteve no último dia da feira e ressaltou a diversidade dos expositores. "A feira estava bem organizada. Além disso, o local é de fácil acesso. São muitas novidades, o que exige um pouco mais de atenção dos visitantes", disse ele. De fato, em apenas um dia era difícil conferir detalhadamente todos os estandes.
Muitos negócios foram fechados, embora o forte de um evento desta natureza seja o contato direto com o cliente. Segundo o engenheiro cartógrafo da Sight GPS, Fernando Barroso, os contatos encaminhados durante o evento devem alavancar 30% do faturamento anual da empresa. "Realizamos uma média de 30 bons contatos por dia; o público era formado por profissionais extremamente interessados e com poder de decisão", disse Barroso.
De acordo com o diretor da Santiago & Cintra, Boaz Teixeira, a empresa fechou negócios da ordem de R$ 350 mil. "Acreditamos que nos próximos 60 dias esse número chegará a R$ 2 milhões. O estande ficou lotado todos os dias. O GEOBrasil 2002 superou as nossas expectativas", concluiu Teixeira. A empresa também promoveu dois workshops que tiveram a participação de 260 profissionais.
Recém criada, a Infostrata apostou no GEOBrasil para lançar a empresa no mercado. "O evento superou as nossas metas, ficamos muito surpresos com a qualidade do público. O GEOBrasil é um evento de caráter internacional", explica o presidente da empresa Ricardo Castro. Já o diretor técnico da Base, Irineu Idoeta, contou que foram realizados aproximadamente 180 contatos em todo o evento. A empresa acredita que 15% dos contatos iniciados no evento vão gerar negócios em médio prazo.
O mercado de geoinformação, mais maduro, exige cada vez mais profissionalismo e resultados. O GEOBrasil se firmou como sua principal vitrine. Enfim, um setor em franca expansão precisava de um evento à altura. Pode-se afirmar com certeza que o GEOBrasil se consolidou como principal evento de atualização tecnológica e geração de negócios na área de geoinformação, já fazendo parte do calendário nacional e internacional do setor.