A pesquisadora Felícia Madeira, da Fundação Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), apresentou na 54ª Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), realizada na última semana em Goiânia, trabalho demonstrando que é nas pequenas favelas de São Paulo que o número de homicídios de jovens é maior.
Para chegar a essa conclusão, Madeira apresentou dados de estatísticas de homicídio sobre um mapa de São Paulo. Só foi possível realizar o estudo porque a Seade teve acesso a microdados da região metropolitana de São Paulo do Censo 2000, fornecidos pelo IBGE. Graças à especificidade das informações, foi possível, dentro de um distrito grande como o Jardim Ângela (zona sul de São Paulo), por exemplo, diferenciar microrregiões (chamadas de setores censitários) que podem representar bairros, favelas ou quarteirões.
Ao apresentar o mapa da cidade sobreposto ao de registros de homicídios, ela mostrou que a maior concentração desse tipo de crime na capital é encontrada justamente em áreas de baixo poder aquisitivo nas zonas leste e sul, onde a porcentagem de jovens é superior a 20% do total da população. Para a pesquisadora, uma possível explicação para o fato de um maior número de homicídios ser encontrado em pequenas favelas é que, em áreas onde a invasão populacional é recente, a população está mais desorganizada e com menos condições de se opor à entrada do tráfico de drogas.
A sobreposição de mapas mostra também que o número de jovens na cidade de São Paulo é maior justamente nas áreas onde a renda média mensal do chefe de família é menor, o que significa que a população jovem de São Paulo se concentra em áreas mais pobres da cidade.