A revista Science publicou um estudo sobre as taxas de desmatamento nas florestas tropicais úmidas mostrando que a perda de cobertura vegetal nessas áreas "é 23% menor que o geralmente aceito". Para realizar o estudo, a equipe desenvolveu uma metodologia que incluiu, além do tratamento de imagens de satélite em precisão tão alta como a obtida pelo Inpe, a coleta de amostras das florestas em cem locais distribuídos pelo mundo. Entre 1990 e 1997, no mundo todo, 58 mil quilômetros quadrados de florestas tropicais úmidas foram definitivamente perdidas, convertidas principalmente em pastos e agricultura.
Mais de um terço desse desmatamento ocorreu na Amazônia brasileira. Além das florestas derrubadas para a agricultura e pecuária, também se perderam outras que foram degradadas ou exploradas por corte seletivo de madeira, por exemplo. Essas não foram computadas no estudo. Como também não foram computadas a mata atlântica e os bosques mexicanos.
O estrago é, portanto, maior: os autores estimam que 23 mil quilômetros quadrados de floresta tropical úmida são degradados todos os anos. A equipe da pesquisa, de seis cientistas europeus chefiados por Fréderic Achard, do Centro de Pesquisas Conjuntas, foi motivada pelo pouco conhecimento que se tem das florestas tropicais, apesar da sua crescente importância para o clima global.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, que reúne mais de 400 cientistas de todo o mundo, observa que "para países tropicais, as estimativas de desmatamento são muito imprecisas e podem estar erradas em até 50%".