O Departamento de Cítricos do Estado da Flórida quer monitorar por satélite os laranjais de todos os países produtores. A idéia seria fornecer aos plantadores e distribuidores informações sobre a indústria que países do mercado global não costumam disponibilizar.
O projeto ainda está em fase de testes, mas já desagrada a Abecitrus, a associação dos exportadores brasileiros. As informações estariam sempre disponíveis, tanto na Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) quanto na Food and Drug Administration (FDA), a agência federal que regula a produção de alimentos e remédios nos EUA. A Abecitrus considera o monitoramento por satélite dos laranjais uma espionagem industrial. O porta-voz do departamento americano, Eric Boomhower, disse que o uso do satélite QuickBird destina-se ao mercado global, seja ao Brasil, China ou Israel. As imagens detectarão o aumento da área plantada, inclusive na Flórida.
O projeto-piloto, orçado em US 40 mil, será implantando até o fim do ano. A iniciativa se torna mais sensível em meio à tensão das negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e das negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC). O Brasil espera uma redução da tarifa do suco de laranja, que hoje é de US 418 por tonelada. Os EUA consomem cerca de 1,1 milhão de toneladas por ano, dos quais cem mil são importadas, e o Brasil entra com menos de 10% da demanda interna do país. O Departamento de Agricultura dos EUA tem um serviço que vem usando imagens de satélites desde 1982. É o único do mundo a usar tal tecnologia. São duas mil imagens por ano, de 120 países, de plantações diversas.