A principal empresa espacial russa, a Jrunichev, demitiu mais de três mil especialistas devido à falta de contratos internacionais para a construção de foguetes, conforme noticiou o jornal O Globo de 25 de janeiro. A crise no setor veio à tona apenas dez dias depois de o governo russo enviar proposta ao Brasil para a utilização da base de lançamento de satélites em Alcântara, no Maranhão.
Na ocasião, o ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, afirmou que uma comissão estudaria a proposta russa. De acordo com a empresa Jrunichev, a demanda por foguetes diminui a cada ano no mercado internacional. Em 2001, a empresa construiu seis foguetes lançadores de satélites. Em 2002, vendeu quatro e, este ano, tem contrato para a fabricação de apenas três lançadores. Embora mais da metade da produção anual de foguetes da empresa se destine ao programa espacial russo, financiado pelo governo, a Jrunichev depende das encomendas internacionais para se manter.
Atualmente, existem mais de 800 satélites em órbita que satisfazem a demanda das comunicações telefônicas, das transmissões de sinais de rádio e televisão, da internet e da navegação aérea e marítima. Com os avanços tecnológicos, o período de vida útil dos satélites aumentou muito. Agora, vai de 12 a 15 anos, o que incide negativamente na demanda por foguetes lançadores de novos satélites. Na época da antiga União Soviética, a empresa chegou a ter 22 mil empregados, número que foi reduzido a 18.700 no ano passado.