Pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas e da Unicamp estão usando o sensoriamento remoto por satélite para estimar, com margem de erro de apenas 2%, qual seria a safra de cana num determinado local.

O sistema correlaciona o comportamento do canavial sob a luz solar com a produtividade, mas ainda precisa ser aperfeiçoado. O geólogo Teodoro Isnard Ribeiro de Almeida, pesquisador do IGC (Instituto de Geociências da USP) e coordenador do estudo, diz estar confiante no potencial da técnica.

"Isso permitiria ao proprietário otimizar seus custos. É uma informação barata – ele gastaria cerca de mil reais para comprar uma imagem de uma área de 185 por 185 quilômetros", informou o pesquisador ao jornal Folha de S.Paulo (na edição de 01/11/2003). Em conjunto com a agrônoma Raffaella Rossetto, do Instituto Agronômico, e o geólogo Carlos Roberto Souza Filho, do IG (Instituto de Geociências da Unicamp), Almeida testou o sistema na Usina da Barra, em Dois Córregos (interior de São Paulo).

Foram analisados 108 hectares, divididos em 11 talhões (como são denominados os "canteiros" de cana). Esse tipo de medição é possível graças às próprias características ópticas peculiares da vegetação. "As plantas chegam a refletir entre 40% e 70% da faixa do infravermelho próximo", diz Almeida. Ainda há muito trabalho pela frente antes que o modelo se torne operacional.

A equipe quer refiná-lo usando dados como a chuva que caiu na plantação e testar a correlação do comportamento espectral com os graus de maturação da planta. Esse último trabalho será feito em parceria com Frédéric Baret, do Inra (Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica, na sigla em francês), em Avignon, na França.

As informações foram divulgadas pela Folha de S.Paulo.