A ecóloga goiana Cíntia Honório Vasconcelos resolveu investigar se imagens de satélite poderiam ser úteis para estudar a expansão da malária no território amazônico. O foco foi feito em municípios próximos ao reservatório de Tucuruí.
A conseqüência imediata da pesquisa foi a geração de mapas de áreas de risco de malária nas cidades paraenses de Jacundá, Tucuruí e Novo Repartimento. As imagens, que revelam a cobertura vegetal por intermédio de metodologias matemáticas, foram cruzadas com séries históricas de malária para a região.
O trabalho foi apresentado como tese de doutorado defendida na Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo, com orientação da professora Evlyn Novo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Nos três municípios analisados, a correlação entre as figuras e os pontos georreferenciados do mundo real se mostrou positiva.
No caso de Jacundá, por exemplo, 60% das áreas onde ocorreram casos de malária nos últimos oito anos estavam dentro da área do mapa considerada de alto risco. Esses dados são referentes a 1996. Em 2001, as imagens de satélites voltaram a ser usadas para a geração de mapas. O resultado novamente mostrou a relação direta entre malária e desmatamento.
"A comparação das duas gerações de mapas mostra que a área de risco aumentou de 83,75 quilômetros quadrados, em abril de 1996, para 161 quilômetros quadrados, em abril de 2001", disse Cíntia à Agência FAPESP. Isso, segundo o estudo, ocorreu por causa da abertura de novas estradas e da expansão da mancha urbana. Cíntia e Evlyn acreditam que a abordagem feita por elas no estudo pode, com algumas adaptações, ser usada para outras doenças, como leishmaniose e dengue.
"Esses mapas de risco podem ajudar no controle da malária". As informações são da Agência Fapesp.