Com a adoção de novas tecnologias, acabamos involuntariamente sendo monitorados por várias instituições públicas e privadas
Hoje, certamente a tecnologia vem tomando dimensões cinematográficas, no que tange a possibilidade de controle e rastreamento de nossas vidas e hábitos. Podemos de várias maneiras sermos rastreados, seja por registro de nossos hábitos diários, como por exemplo:
– registros de nossas compras no cartão de crédito;
– registros de nossas ligações telefônicas, com os números que ligamos e recebemos ligações, bem como com a gravação de nossas conversas;
– registros de qual localização e quando nós usamos nossos telefones celulares, pois os telefones atuais já registram com pouca precisão (2 km aproximadamente) a localização de onde são originadas e recebidas as ligações;
– declarações e variações de nossos bens nos registros do imposto de renda (que aparentemente serão em futuro próximo confrontadas com nossa movimentação bancária);
– saldo e movimentação de nossas contas correntes e aplicações financeiras;
– registros na polícia federal de nossas viagens nacionais e internacionais;
– registros de nossas passagens nos pedágios eletrônicos;
– registros biométricos de nossas impressões digitais, ou leitura de nosso código da íris (leitura dos olhos), que já é utilizada normalmente nos aeroportos internacionais; (por exemplo o de Israel)
– dados pessoais de cadastros que fazemos quando visitamos feiras, exposições, e quaisquer tipos de eventos públicos;
– cadastros pessoais realizados em lojas de departamentos, quando compramos qualquer tipo de bem, principalmente quando compramos com parcelamento de pagamento, e neste caso, os cadastros que somos obrigados a fornecer acaba sendo extremamente grande e detalhado, as vezes até contendo nossa remuneração no trabalho como, citando a necessidade de apresentação de "holerite".
– registros de todos nossos acessos a internet, com os sites acessados, páginas visitadas, "downloads" realizados, emails enviados e recebidos;
– etc…
Como podemos notar, não somente a aquisição de sistemas de rastreamento e localização nos imputarão uma nova forma de vida monitorada. Com o advento das novas tecnologias, acabamos involuntariamente, ou sem nosso consentimento, sendo monitorados de muito perto por várias instituições públicas e privadas.
A grande pergunta que paira no ar, é: "Nós permitimos sermos monitorados? E, se sim, nós podemos limitar a utilização de nossas informações pessoais?
O direito ao sigilo e à confidencialidade começam a ser discutidos por vários grupos. E se hoje já temos nossos dados pessoais derramados em uma série de instituições, tudo nos leva a crer que este movimento, que é sustentado pelo crescimento tecnológico acelerado, é um caminho sem volta.
Entendendo que os dados acima citados já são de alguma maneira de poder público, que este fato não é nada mais que nossa realidade atual, e sabendo da ausência de legislação efetiva e rígida o suficiente, no que tange a limitação de utilização das nossas informações,podemos acreditar que não estamos devidamente protegidos ou amparados legalmente em nossa individualidade e privacidade.
Exemplos disto são claramente observados em nosso dia a dia. Caso você tenha email, não é estranho recebermos centenas de SPAMs, emails de propaganda, em nosso endereço eletrônico, sem termos solicitado ou permitido. De mesma maneira, também não é incomum recebermos dezenas de malas diretas pelo correio com propagandas de produtos, serviços, etc… .
Quanto mais participamos da vida ativamente, comprando, vendendo, participando de eventos, viajando, navegando pela internet, utilizado celulares, etc…, mais o mundo conhece nossos hábitos e costumes, e mais somos descobertos em nossa intimidade.
Além de tudo isto, hoje os sistemas de rastreamento de carros e caminhões são uma realidade, e já começamos a ver o aparecimento de sistemas miniaturizados, falando em rastreamento de pessoas, animais e pequenos volumes.
Neste tema específico, nos vemos em uma situação de tomada de decisão complexa. Mesmo que tenhamos muita preocupação com o sigilo de nossas informações, somos obrigados a utilizar cada vez mais os sistemas tecnológicos intensamente, e distribuindo informações pessoais no mercado.
Exemplos deste fato são simples, veja no caso da utilização de serviços de rastreamento:
– se possuímos uma transportadora, somente conseguiremos bons clientes se realmente tivermos sistemas de rastreamento e controle de nossa frota;
– se desejamos uma maior segurança para nossa família, e para nós mesmos, devemos nos valer da utilização de sistemas de rastreamento, que simplesmente nos controla 24 horas por dia;
E exemplificando alguns casos de nosso dia a dia, de mesma forma, somos inseridos no mundo da não privacidade:
– em nossa empresa ficaríamos pouco competitivos, se não utilizássemos a internet para comunicação entre as pessoas por email, se não utilizarmos a internet para pesquisa de mercado, pagamentos bancários, etc… ;
– se gostamos ou precisamos comprar a prazo, facilitando os pagamentos, somos obrigados a apresentar uma boa parte de nossa vida pessoal e informações para conseguir os financiamentos, e comumente o fazemos;
Mas, mesmo com esta dita "invasão de privacidade", ou "Big Brother", como muitos intitulam estes movimentos, somos obrigados a admitir os benefícios que estes movimentos tecnológicos nos oferecem, tais como mais segurança em nossas vidas, rapidez e facilidades no dia a dia.
Sendo assim, vamos abordar um pouco esta nova modalidade de serviços e produtos, que chamamos de Rastreamento. Já que poderemos ter que utilizar estes serviços, em detrimento a uma maior privacidade, mas com um benefício compensador, explicarei a seguir um pouco do funcionamento dos sistemas de rastreamento, bem como as variáveis necessárias a ser consideradas na aquisição do sistema.
Na Figura A, apresento um modelo explicativo dos sistemas envolvidos em um sistema de rastreamento, que basicamente é explicado com a apresentação de 4 subsistemas, abaixo apresentamos os 4 e uma explicação:
1 – Sistemas de geração de posicionamento :
Existem duas formas comercialmente aplicadas hoje em dia, básicas para geração da latitude e longitude onde nos encontramos, uma que gera a localização através de um sistema de triangulação de sinais de satélites, chamado de GPS (Global Position System),e um segundo através de triangulação de antenas de rádio ou celulares. Alguns fornecem precisão aceitável (dezenas de metros) outros não. Os sistemas através de GPS funcionam em todo planeta, já os sistemas via rádio, tem cobertura limitada a um número muito pequenos de cidades. Os sistemas de posicionamento via celular, ainda não fornecem posicionamento com precisão, estes apenas oferecem a localização de qual foi a última antena (ERB, estação rádio base) onde o sistema se comunicou, precisão de até alguns km de raio.
2 – Sistemas de Transmissão de seus dados :
Os sinais gerados pelos sistemas de rastreamento de posicionamento, alertas como botão de pânico, bem como os atuadores como bloqueios de ignição e combustível, sirenes e travas, são utilizados através de contatos entre a Central de controle e o veículo através de meios de comunicação. Na Figura B, vemos a evolução das tecnologias dos celulares, que são as mais utilizada hoje em dia. Passamos pelos sistemas de 2G (segunda geração) e estamos vivenciando o aparecimento dos sistemas de 2,5G. O grande desafio é que, cada passo a mais dado pela evolução dos sistemas de comunicação, aparecem novos equipamentos, mais sofisticados e mais baratos. Desta forma, entender qual é a forma de comunicação e sua cobertura geográfica atual, são elementos indispensáveis para o bom entendimento do sistema.
3 – Central de Controle
Nesta categoria, temos as centrais de controle das empresas de segurança e rastreamento. Devemos checar sempre a infra estrutura da empresa que nos vende os serviços. A mesma deve ter backup de comunicações quando os links de transmissão de dados caiam, exista um meio alternativo de comunicação, mantendo o controle de sua frota 24 horas por dia, e backup de energia, sem contar que as instalações devem ser extremamente segura contra invasões.
4 – Prestação de Serviços
Neste caso, temos empresas que contratamos, pelo pagamento de taxas mensais, para que controlem nossa frota, aumentando o nível de segurança das mesmas. Caro leitor, lembre-se sempre, quando você compra um sistema de Rastreamento, você não está comprando tecnologia, softwares, sensores, apresentações via internet, ou seja lá o que for. Você evidentemente estará comprando o benefício esperado por você – SEGURANÇA, que somente será obtido com a coerente utilização e controle das tecnologias aplicadas.
Isto é, escolha de forma competente, e tenha realmente muita atenção na escolha da empresa prestadora de serviços que estará controlando sua frota, pois ela é quem entregará o benefício esperado por você. É claro que a tecnologia deve ser a mais adequada para cada caso, mas de nada resolverá seus problemas se adquirir um bom sistema tecnológico, com um suspeito prestador de serviço.
De nada valerá uma excelente tecnologia, se os operadores de segurança forem despreparados. Sempre que for contratar uma empresa de serviços de segurança, procure saber informações desta empresa, tais como:
– tempo de atuação no mercado da mesma;
– se a empresa possui muitas ações movidas por usuários, oriundas de reclamações dos serviços prestados;
– verifique a existência de títulos de qualidade que a empresa possua, os mais reconhecidos e competentes, são os títulos e certificados de qualidade internacionalmente reconhecidos da ISO 9000;
– use sua sensibilidade, fazendo perguntas, para saber se o interlocutor da empresa é conhecedor do assunto;
– fale com o maior número de empresas quanto possível, é na discussão que se conhece a estrutura intelectual da empresa;
– visite as duas empresas mais competentes em seu ponto de vista;
– tenha sempre cuidado em preços extremamente baixos para os serviços e para os equipamentos, pois não existem mágicas, nenhuma empresa consegue preços muito menores que seus concorrentes hoje em dia.
Lembre-se, a segurança de seus bens e de sua família é diretamente dependente
da sua escolha na aquisição de tecnologia e na contratação de serviços
de segurança.
Marcelo Cássio Necho
Diretor da Graber Mobisat
Sistema de Rastreamento
marcelo.necho@graber.com.br