A 3ª Conferência Científica do LBA (Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia), realizada no último dia 27, alterou humor da maioria dos cientistas brasileiros presentes no encontro. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi quem abriu o evento e a autoridade que mais direcionou criticas à comunidade científica.

"Existe uma ausência de estado na Amazônia. Por isso, entre outros pontos, precisamos agir na organização territorial do espaço da região", disse Marina. Segundo ela, os problemas relacionados com o desmatamento da floresta, e também com as queimadas, são gravíssimos, "e precisam ser combatidos a qualquer custo". Até aí houve consenso entre os participantes da conferência.

A discordância ocorreu quando a ministra apontou sua visão diante das políticas públicas para a região. "As relações entre o governo e a comunidade científica são restritas, mais especificamente, com os pesquisadores do LBA", afirmou. "Temos conhecimentos científicos suficientes para ajudar no desenvolvimento de políticas públicas para a Amazônia, mas é claro que nós, como cientistas, ainda temos que aprender como fazer isso", defendeu

Carlos Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) e diretor científico do LBA. Enquanto Marina Silva afirmou que a pavimentação da estrada que liga Cuiabá e Santarém (BR-163), no coração da floresta, está sendo feito dentro dos princípios do Plano da Amazônia Sustentável, muitos ambientalistas torceram o nariz.

"Temos que criar condições objetivas para que o impacto seja o menor possível", disse Marina. Para o ministério, o asfaltamento da estrada é uma ação emergencial, que precisa ser feito para ajudar no desenvolvimento econômico da região. De acordo com Nobre, o maior desafio em termos globais está posto: "Como fazer o desenvolvimento científico gerar políticas públicas, melhorando a qualidade de vida do povo amazônico e preservando o meio ambiente? Essa é uma pergunta que temos que responder."

Se nada for feito, ou se a situação piorar, os cenários previstos pelos cientistas, e apresentados ontem no primeiro dia da conferência, é certo. "Se levarmos em conta apenas o aquecimento global, corremos o risco de termos até 60% da Amazônia savanizada em 50 a 100 anos", afirmou Marina.

LBA

O Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA) é uma iniciativa de pesquisa internacional liderada pelo Brasil.

O LBA está projetado para gerar novos conhecimentos para entender o funcionamento climatológico, ecológico, biogeoquímico e hidrológico da Amazônia, o impacto das mudanças no uso da terra nesses funcionamentos e as interações entre a Amazônia e o sistema biogeofísico global da terra.

Informações da Agência Fapesp e do Inpa