A artista plástica Anna Bella Geiger, 71 anos, abriu no último dia 4, em Pequim, a primeira exposição individual de um artista contemporâneo brasileiro a ser realizada na China.
A mostra teve caráter retrospectivo e reuniu cerca de 50 obras realizadas nos últimos 40 anos, abrangendo três linhas gerais do seu trabalho:abstração, figuração e o uso da cartografia para reflexão sobre temas como espaço e identidade. Os trabalhos que envolvem cartografia têm presença destacada na mostra de Geiger.
"O uso dos mapas começa no momento em que o artista toma a cartografia e tenta perceber o Brasil", observa ela, que fez o primeiro trabalho nesta área nos anos 70. Um dos mais célebres, de 1975, é o que reproduz o mapa-múndi de um livro didático e o mergulha em um mar onde se repetem as palavras "correntes culturais dependentes dominantes". A chegada da exposição de Geiger coincide com o aumento do interesse dos chineses por esse tipo de arte e a maior tolerância do governo com a produção artística atual.
"Até poucos anos, o governo ignorava ou tentava controlar a arte contemporânea", afirma o australiano Brian Wallace, diretor da Red Gate Gallery. Geiger já havia exposto na China em 2001, ao lado de outros 11 artistas contemporâneos brasileiros, e havia recebido o convite para a mostra individual no início de 2003.
"Anna Bella Geiger faz parte do reduzido grupo de artistas do país que elaborou, na própria obra, a passagem do moderno para o contemporâneo", diz Cocchiarale, que é presidente do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Informações da Folha Online