O Ministério do Meio Ambiente (MMA) encomendou ao Inpe, Funcate (Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologias Espaciais) e ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) um levantamento detalhado dos remanescentes da cobertura vegetal em cada um dos seis biomas do país: Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Campos Sulinos. A iniciativa, inédita no Brasil, irá uniformizar as informações sobre os biomas brasileiros, permitindo maior eficácia no planejamento de ações de conservação.
A maior quantidade de dados obtidos até hoje é sobre a Amazônia e a Mata Atlântica, os únicos com programas permanentes de monitoramento da evolução da cobertura vegetal. Na Caatinga, por exemplo, o último levantamento parcial foi realizado há 15 anos. Para o Cerrado há apenas mapeamentos parciais realizados em alguns estados, mas sem dados gerais sobre o bioma. Entretanto, mesmo nas áreas mais documentadas, os mapas são parciais e utilizam metodologias diferenciadas, dificultando análises comparativas.
Cobertura vegetal por bioma: Os levantamentos atuais de biomas do Brasil trazem muitas vezes informações controversas
O gerente de Conservação da Biodiversidade do MMA, Bráulio Dias, diz que o trabalho deverá trazer novidades até mesmo sobre a Amazônia, que conta com um levantamento anual do desmatamento feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mas que mapeia apenas a perda de floresta densa.
"O levantamento irá mostrar as modificações também em áreas de cerrado da Amazônia, nos campos de lavradio e nas campinas, ecossistemas típicos da região, mas que não são alvo do monitoramento do Inpe", explica Dias.
O mapeamento encomendado pelo MMA abrange a totalidade dos biomas e exige a utilização da mesma metodologia por todas as instituições contratadas.
O trabalho será concluído até o segundo semestre de 2005. Os resultados serão apresentados na escala de 1:250.000. Nos mapas finais devem ser inseridas as bases cartográficas de hidrografia principal, divisão política, áreas urbanas, cidades, municípios, malha viária principal e tipologias de vegetação.
Desmatamento Paulistano em Atlas e pela internet
Mal foi lançado o "Atlas Ambiental do Município de São Paulo" e ele já está disponível na internet. Financiado pela FAPESP, dentro do Programa Biota, ele foi elaborado ao longo de quatro anos a partir de imagens de satélite, fotos aéreas e pesquisas de campo. O Atlas é o mais recente e completo levantamento da vegetação natural paulistana.
Com 38 mapas em anexo, a obra traz como destaque a dimensão da devastação do verde da cidade de São Paulo. O Atlas revela que São Paulo perdeu cerca de um quinto de sua vegetação nativa na última década. De 1991 a 2000, loteamentos clandestinos e favelas avançaram sobre 53,6 quilômetros quadrados da área verde paulistana, sobretudo na periferia das regiões leste, norte e sul. Hoje, restam pouco menos de 200 quilômetros quadrados de vegetação intacta no município, o equivalente a 13% do território ocupado pela maior metrópole brasileira.
Crescimento populacional e desmatamento em dez distritos do Município de São Paulo
O trabalho mostra também que o processo contínuo de crescimento desordenado vem levando a população carente a morar cada vez mais distante do centro e a avançar sobre as principais áreas de proteção da vegetação natural e de mananciais, situadas em regiões ainda hoje oficialmente classificadas como rurais. Desse modo, o pouco que resta do verde paulistano se concentra nos 32 parques municipais salpicados pela cidade e nos sete estaduais – a maior parte da vegetação nativa está na Área de Proteção Ambiental Capivari-Mono, ao sul das represas Billings e Guarapiranga.
"O objetivo principal do trabalho foi analisar os danos à vegetação nativa para orientar a implantação de novas áreas de preservação nas regiões ameaçadas e conservar as unidades de preservação já existentes", disse a geóloga Harmi Takiya, coordenadora do Atlas e atualmente subprefeita da Mooca, zona leste da capital paulista.
Mapa Geológico do município de São Paulo, 2000.
O levantamento apresenta, além de muitas outras informações, dados sobre os tipos de solo e relevo sobre o qual a metrópole cresceu e o perfil de ocupação da cidade, com a definição das áreas em que se concentram as indústrias, os prédios comerciais e residenciais formados predominantemente por casas ou por ocupação vertical.