O uso do Geoprocessamento na gestão patrimonial das usinas da CEMIG

O geoprocessamento e suas tecnologias correlatas vêm se mostrando extremamente eficientes nas avaliações de interferências espaciais e nos estudos de fenômenos em diversas áreas do conhecimento, dando origem a novos processos de análise da informação nas empresas do setor elétrico brasileiro. Estas tecnologias permitem aprimorar a publicação, análise e integração da informação, adequando-as a processos tradicionais que tinham como complicadores na sua gestão, o grande volume de dados levantados sobre grandes extensões geográficas.

Apoiado nessa infra-estrutura tecnológica, a Cemig (Centrais Energéticas de Minas Gerais)passou a adotar em seus processos de análise das ocupações irregulares e do uso indiscriminado do entorno de seus reservatórios, o uso do geoprocessamento na tentativa de obter maior controle, eficácia e rapidez na tomada de decisões, agregando diferencial ao seu Plano de Gestão Sócio-Patrimonial dos Reservatórios junto a ANEEL.

Atualmente a necessidade de possuir, atualizar, controlar e fazer o bom uso da informação é vital ao incremento da competitividade das áreas de negócio da empresa. Exemplo do grande aliado que o Sistema de Informações Geográficas (SIG) se tornou na gestão dos ativos imobiliários das usinas da Cemig, é que com os seus recursos, conseguimos armazenar, recuperar, tratar, analisar, integrar e manipular os dados das usinas e apresentá-los integrados a mapas digitais georreferenciados, imagens de satélite de alta resolução, gerenciamento eletrônico de documentos
e bases de dados complementares.

Portanto, o uso do geoprocessamento no controle do patrimônio, aliado ao conhecimento do seu entorno, sua interação com o meio ambiente e as comunidades, agrega valor e conhecimento à gestão de um empreendimento de geração de energia elétrica.

Para a concretização do Plano de Gestão dos Reservatórios, a Superintendência de Geração (GA) – que possui sob sua responsabilidade uma extensa abrangência territorial com 44 usinas hidrelétricas, 3 usinas térmicas, 1 usina eólica, além de 6 barragens de perenização nos estados de Minas Gerais e Santa Catarina – designou a Gerência de Segurança de Barragens e Manutenção Civil (GA/SM) e a Assessoria de Segurança da Superintendência de Geração (GA/S).


Figura. 1: Usinas da Cemig no Estado de Minas Gerais

Foram pesquisados e catalogados, nos diversos órgãos da empresa, todos os documentospatrimoniais existentes sobre as usinas da Cemig.

Problemas de invasões indiscriminadas, loteamentos clandestinos, plantações até à margem dos reservatórios, desmatamentos, destruição de matas ciliares, captações indiscriminadas de água para irrigação entre outros, indicou a necessidade de uniformizar procedimentos para otimizar ações, coibir invasões e promover o retorno social dos empreendimentos, a preservação patrimonial e a manutenção das condições normais de geração. Após o estudo do caso e da quantidade de problemas encontrados, chegouse à conclusão de utilizar as ferramentas de geoprocessamento para consolidar os dados, disponibilizá-los para as diversas gerências da geração que ficariam encarregados de manter a base atualizada.


Figura 2: exemplo de impactos nos reservatórios

Foram vetorizadas e georreferenciadas as plantas chave e digitalizados os documentos dominiais (escrituras e registros) dos ativos da geração para serem agregados ao GEDOC Sistema de Gerenciamento eletrônico de Documentos da Cemig). Atualmente, estão sendo identificadas e georreferenciadas a cota máxima de operação, a cota máxima maximorum e a cota de desapropriação. Também estão sendo identificados e cadastrados os invasores, os confrontantes e as áreas remanescentes.


Figura 3: Exemplo de um dos reservatórios no software de GIS

A base de dados está em servidores SQL Server e a plataforma utilizada para a manipulação dos dados é o software Geomedia. Todos os dados alfanuméricos, vetoriais e raster estão sendo consolidados, georreferenciados e validados. O sistema está sendo elaborado e consolidado no ambiente corporativo denominado GeoCemig. A base contábil dos ativos imobiliários migrados para o sistema de gestão corporativa (SAP/R3) também serão integrados ao ambiente georreferenciado de gestão dos ativos imobiliários da geração.

Para dar inteligência geográfica ao sistema elaborado, agregando valor ao produto final e melhorando a percepção visual do usuário, estamos acrescentando novas camadas de informação
ao sistema, como ortofotocartas, cartas do IBGE, imagens de satélite LandSat e QuickBird (imagem de alta resolução) compactadas para poderem trafegar pela rede Cemig.


Figura 4: Exemplo da utilização de imagens de satélite de alta resolução

O sistema permite determinar quem e quantos são os invasores do patrimônio, através do cadastro realizado, possibilitando a identificação e localização geográfica das invasões. Os dados servirão de subsídio para a proposição de ações judiciais ou o planejamento da preservação da posse dos bens da Cemig. O cadastro dos confrontantes aumentará a eficácia das campanhas educativas direcionadas ao uso da área, da água, bem como dos riscos decorridos da invasão do patrimônio das usinas.

Luciana Rodrigues Alves Barbosa
Graduada em Geografia e análise Ambiental pela UNIBH (Centro Universitário de Belo Horizonte)

Marcelo Martins Santos
Administrador pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais)
Especialista em Geoprocessamento pela UFMG
martins@cemig.com.br