Um milhão de pessoas na capital paulista não têm acesso adequado à saúde. É o que revelou um levantamento feito recentemente pela Secretaria da Saúde do município. O problema encontra-se na "porta de entrada" do sistema, os postos municipais, que dão o primeiro olhar ao paciente por meio de clínicos-gerais e pediatras para depois encaminhá-lo, se necessário, ao atendimento especializado.
"O estudo demorou a ser feito porque antes sua pasta não tinha recursos como software de georreferenciamento e impressoras que pudessem reproduzir grandes mapas para a análise", afirmou Osvaldo Donini, coordenador do Centro de Informação da Secretaria da Saúde, ao jornal Folha de São Paulo.
O resultado deste grande problema é percebido em filas "silenciosas", que reúnem os que já desistiram de sair de casa devido às dificuldades de atendimento, ou nas aglomerações que dobram esquinas nos hospitais e postos.
"Se você considerar ainda que 40% da população está nos planos de saúde, metade da população não usa ou não tem acesso ao SUS", diz o secretário municipal da Saúde, Gonzalo Vecina.
O trabalho de georreferenciamento identificou pelo menos 32 locais em que os paulistanos demoram mais de 30 minutos para chegar a uma UBS (Unidade Básica de Saúde): o posto municipal. "O correto é que a unidade não fique a mais de 30 minutos de casa", afirma Vecina.