A jornalista Cristina Amorin, repórter do jornal Folha Online, trouxe à tona um dos mais polêmicos assuntos que fazem parte do programa espacial brasileiro. Tudo gira em torno da semelhança entre os projetos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Sipam – Sistema de Proteção da Amazônia, braço civil do Sivam – Sistema de Vigilância da Amazônia.
Um dos motivos citados no decorrer da critica feita pela jornalista se baseia na tarefa do Inpe, de alimentar o Deter: Sistema de Detecção de Desmatamento, um banco de dados virtual sobre modificações na cobertura florestal. Outro é de que o Sivam se uniu em abril à Universidade Federal de Goiás para criar o Siad – Sistema Integrado de Alerta de Desmatamentos.
Além de detectar o desflorestamento, o programa faz um atlas de suas causas socioeconômicas. "A sopa de letrinhas mascara dois projetos que têm mais semelhanças do que diferenças, a despeito do que propagam os técnicos envolvidos. Ambos se baseiam em dados gerados pelo Modis, conjunto de sensores instalados nos satélites Aqua e Terra – o Siad conta ainda com imagens compradas de uma empresa francesa, e o Deter, com informações coletadas pelo Cbers, satélite sino-brasileiro – e hoje entregam informações a cada 15 ou 20 dias – mas prometem atualização no mínimo semanal se necessário", afirma a jornalista.
Ela traz a informação de que um sistema de monitoramento em tempo real é uma das exigências do Plano de Ação de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, lançado em março de 2004 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e representantes de 12 órgãos federais.
Segundo o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, o que foi apresentado até agora ao GT – Grupo de Trabalho interministerial para a Amazônia, ligado à Casa Civil, é o Deter: "Sou um dos coordenadores do GT e não conheço o sistema do Sipam. Se houver, espero que sejam compatíveis e integrados". O Deter, apesar do caráter oficial, não teve verbas específicas para sua criação. Os recursos e o pessoal foram desviados de outros projetos previstos para 2004.
O coordenador-geral do departamento de Observação da Terra do Inpe, Gilberto Câmara, conta que a verba dedicada no próximo ano ao sistema gira entre R$ 600 mil e R$ 800 mil, dividida entre MCT e Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.
O Siad conta com R$ 450 mil, pagos até agosto de 2005 pelo Sipam e a Universidade Federal de Goiás. "São duas metodologias próximas, mas o Inpe faz ciência e nós somos mais operacionais", afirma o diretor-executivo do Sipam, Edgar Fagundes Filho.
Apesar do que diz Fagundes, a jornalista cita a informação de que ambos os sistemas são testados atualmente pelo Ibama com o mesmo propósito: alimentar o Centro de Monitoramento Ambiental, órgão que gera um documento indicativo de desmatamento, um guia para as equipes de fiscalização trabalharem em campo e acompanharem com periodicidade as áreas que sofrem pressões humanas.
Informações da Folha Online