Segundo reportagem trazida há alguns meses pela agência Terra, a ONU acredita que as tecnologias espaciais podem servir como ferramentas para favorecer a agenda de desenvolvimento, especialmente o cumprimento das Metas do Milênio.
Para Adigun Ade Abiodun, presidente da Comissão da ONU para o Uso Pacífico do Espaço (Copuos), o termo "corrida espacial" se refere à militarização do espaço, enquanto a Copuos tenta promover o que denomina "empreitada espacial".
O objetivo é que os governos, Organizações Não-Governamentais (ONGs) e o setor privado se unam para implementar o plano de ação estabelecido na conferência internacional Unspace III, realizada em Viena em julho de 1999. Este programa propunha passos a serem seguidos durante dez ou quinze anos pelos governos e pelo setor privado no desenvolvimento de tecnologia espacial para melhorar as condições de vida dos humanos.
De acordo com Abiodun, o plano Unspace III é um instrumento de valor inestimável para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio relativos a erradicação da pobreza, educação, saúde e proteção meio ambiental. O programa enfatiza o uso da tecnologia espacial para avançar no desenvolvimento sustentável, na proteção do meio ambiente, no acesso universal às comunicações globais, assim como na prevenção e gestão de catástrofes naturais.
Também destaca que a tecnologia espacial poderia ser aplicada em serviços de tele-saúde e tele-medicina nas regiões do mundo menos privilegiadas, assim como para impulsionar o desenvolvimento econômico e cultural nestas áreas. Segundo a ONU, as despesas anuais com tecnologia espacial por parte dos governos e entidades comerciais que operam em nível nacional, regional e global são, atualmente, de 100 bilhões de dólares.
"Estas cifras tão elevadas não deveriam ter como objetivo apenas o lucro e interesse nacional, mas poderiam também ser a base de uma nova cooperação internacional no espaço para enfrentar os desafios da humanidade", diz Abiodun.
Já o diretor do Escritório Espacial da ONU, Sergio Camacho, diz que a idéia apresentada pela Comissão para estabelecer um sistema de observação global dos sistemas da terra (Geoss, na sigla em inglês) seria administrado por um organismo internacional, permitindo assim coordenar "virtualmente" a capacidade dos satélites, como compilar informação e dados que possam ser aplicáveis a políticas de desenvolvimento.
A Copuos conta com uma subcomissão legal e outra científica, e é integrada por cerca de 50 países, entre eles Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Alemanha, Índia, Irã, México, Nicarágua, Portugal, Rússia, Uruguai e Venezuela.
Informações da EFE