O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) vem estudando, via imagens de satélites, a região de desmatamento da floresta amazônica há algum tempo. Segundo os dados coletados em constantes levantamentos, entre os anos de 2003 e 2004, 26 mil quilômetros quadrados da floresta amazônica deixaram de existir. Segundo os estudos, nos últimos anos a média do desmatamento tem sido muito maior do que a registrada nos anos 1990. "A grande questão, nesse caso, mais do que o índice em si, é justamente poder dizer o que é legal e o que é ilegal", afirma Ane Alencar, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), uma ONG sediada em Belém (PA). "A contabilidade das áreas que foram liberadas para o desmatamento, dentro do que foi realmente derrubado, poderia nos trazer revelações importantes", afirma a também especialista em sensoriamento remoto. Para Ane e outros pesquisadores do Ipam, o debate sobre o desmatamento da floresta amazônica busca saber o peso da ilegalidade no desmatamento anual. Segundo Ane, as estimativas mais conservadoras falam que apenas um terço do que cai da floresta todos os anos está legalizado. Depois de separado o desmatamento apropriado, ou seja, necessariamente legal, mas também realizado em solos aptos para agricultura e, portanto, com baixo risco de abandono precoce da atividade, do ilegal, o debate poderá ganhar nova profundidade, acreditam os pesquisadores do Ipam. "As ações na Amazônia produzem processos diferenciados de ocupação, que requerem tratamento distintos." Nas fronteiras chamadas familiares, infra-estrutura adequada, assistência e crédito para intensificar a produção e a rotatividade vão diminuir a pressão sobre a floresta, acredita Ane. "No caso das áreas onde o agronegócio empresarial está consolidado, a única chance é usar o mercado para cobrar uma conduta ambiental adequada", explica. Um terceiro caso é o tratamento das chamadas áreas de fronteira de expansão explosiva. "O governo começou fazendo isso ao longo da BR-163 (estrada no Sul do Pará considerada uma área complexa de fronteira agrícola). Além de fiscalização rigorosa, são necessários grandes exemplos contra a ilegalidade, para inibir aqueles que representam 80% dos ilegais e que mudariam de lado frente a uma ameaça real de punição, como começou a ocorrer." Informações do Boletim da FAPESP
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