Dando continuidade à discussão iniciada na edição anterior, Nelson Ismar, gerente de contas da Autodesk, opina sobre um dos temas mais polêmicos do mercado.
Inicialmente, vamos esclarecer os conceitos. É muito comum a confusão entre os termos “software livre” e “software gratuito”. No título deste artigo, quando escrevemos “Software livre ou comercial?”, podemos dar a entender que “livre” e “comercial” são conceitos antagônicos, como “claro” e “escuro”, mas, como você verá, isto não é verdade.
O termo software livre, segundo o GNU Project (www.gnu.org) tem a ver com o conceito de liberdade e não gratuidade. De acordo com o GNU, você tem a liberdade de executar, copiar, distribuir, estudar, modificar e melhorar qualquer peça de software livre. É, portanto, um pré-requisito o pleno acesso a seu código-fonte.
Por definição, é permitido distribuir um determinado software livre para qualquer pessoa ou organização sem a necessidade de autorização, seja de forma gratuita ou (isto mesmo!) recebendo algum pagamento em troca. Você pode então construir uma aplicação específica baseada em um software livre e depois comercializar esta aplicação. O software livre é também uma oportunidade de negócio! Um exemplo clássico disto é o Linux, que, quando comercializado, pode chegar a 2.500 dólares a licença.
É importante também dizer que, embora o software livre possa ser distribuído comercialmente por muitos, você sempre o encontrará de forma gratuita, pois esta é sua forma original. Mas por que será que algum lunático se disporia a pagar milhares de dólares por uma licença de software, já que pode obter até mesmo seu código-fonte sem gastar um centavo?
A resposta está no fato de que os distribuidores comerciais de software livre agregam valor ao software, seja pelo empacotamento, seja pelas ferramentas e funcionalidades que agregam ao código original, seja pelos serviços que oferecem, como instalação, suporte, treinamento e outros. Assim, ainda que esteja disponível uma versão gratuita, dependendo do tipo de usuário e do uso que se dê ao software, o custo total de propriedade (TCO) será menor se contarmos com o apoio de uma organização especializada que vai garantir, dentre outros, a qualidade, a robustez e a disponibilidade deste software.
Na arena do software geoespacial há uma grande excitação em torno do software livre e a cada dia surgem novas alternativas para os usuários. Há desde aplicações batch para conversão de formatos, passando por bibliotecas, plataformas de desenvolvimento, sistemas de navegação por GPS, servidores de web, ferramentas de análise, até bancos de dados espaciais (veja uma lista no site http://opensourcegis.org).
A mais recente novidade é a fundação da OSGeo (Open Source Geospatial Foundation, www.osgeo.org), iniciativa capitaneada pela Autodesk e em parceria com outros importantes atores do mundo open source, aberta à participação de todos, inclusive de outros fabricantes de software comercial. Esta organização, sem fins lucrativos, tem como missão o suporte ao desenvolvimento de software geoespacial e a promoção de seu amplo uso. A OSGeo conta hoje com diversos projetos, dentre os quais o Autodesk MapGuide OpenSource, o MapServer, GDAL/OGR, GeoTools, GRASS, Mapbender, MapBuilder e OSSIM, todos eles com download gratuito.
O software geoespacial livre, gratuito ou comercial, chegou para ficar e vai ganhar muita força agora que fornecedores de peso também começam a perceber a importância de se investir nesta forma de disseminação da tecnologia. A partir de agora, utilizar a versão gratuita ou a comercial de um software geoespacial deixa de ser uma questão dogmática e passa a ser uma questão de negócio.
Nelson Ismar
Gerente de Contas – Brasil
Autodesk, Inc
nelson.ismar@autodesk.com
E você, prefere executar seus trabalhos com software livre ou comercial?
Escreva para opiniao@mundogeo.com.
Seu texto pode ser publicado na seção Fórum ou no portal MundoGEO. Participe!