A política de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) da Petrobras, bem como suas 15 diretrizes, delimitam as fronteiras dentro das quais todos os executivos, gerentes e equipes da companhia devem atuar, consolidando as melhores práticas nessa área, em que a busca por excelência tornou-se requisito tão indispensável quanto crescimento e rentabilidade, como foi definido no plano estratégico da Companhia.
Uma dessas diretrizes (11 – Contingência) refere-se à prontidão para situações de imprevistos, dentro da qual está previsto que os planos de emergência de cada unidade sejam avaliados, revisados e atualizados utilizando-se ferramentas corporativas informatizadas.
Segundo a norma técnica N-2644, interna da Petrobras, um Plano de Emergência Local é um documento, ou conjunto de documentos, que contém informações relativas aos diversos tipos de acidentes ou incidentes (cenários acidentais) passíveis de ocorrência em uma unidade ou instalação da companhia e sua área de influência, decorrente de suas atividades ou serviços. Entre essas informações estão a definição da Estrutura Organizacional de Resposta (EOR), a lista de recursos humanos e equipamentos disponíveis e os procedimentos operacionais de resposta, bem como mapas, cartas náuticas, plantas, desenhos, fotografias e outros anexos.
Pode-se perceber que o conjunto de informações contido em um plano de emergência é diverso e numeroso, possuindo uma característica dinâmica que torna necessário um processo constante de atualização. Um ponto importante de um plano é o aspecto geográfico, que trata de situações como a dinâmica de propagação do acidente devido às condições de terreno em torno da unidade, se existem áreas de reunião pública na vizinhança (escolas, hospitais, igrejas), ou ainda se existem áreas de preservação ambiental que possam ser impactadas por um possível acidente.
Os Planos de Emergência atualmente em uso são descritos em forma de documentos muito extensos. Isso dificulta sua gestão, pois a atualização e manipulação durante a emergência são difíceis, assim como o acompanhamento da aderência das ações executadas com as ações previstas no plano.
Para enfrentar esta questão, a Petrobras desenvolveu um conceito de Plano de Emergência Informatizado, que pressupõe três características básicas:
1) As informações são organizadas em uma base de dados;
2) Os procedimentos de resposta são estruturados através do encadeamento lógico das ações, a serem executadas para cada cenário acidental (em uma árvore de decisão);
3) Existe uma integração com um módulo de geoprocessamento.
-> Figura 1: Processo de melhoria continua aplicado à informação dos planos
A partir deste conceito, foi desenvolvida uma ferramenta computacional, chamada InfoPAE, que disponibiliza um ambiente para gestão desses planos de emergência informatizados.
O InfoPAE (Sistema Informatizado para apoio a Plano de Ação de Emergência), desenvolvido em parceria pela Petrobras, sob a coordenação do SMS Corporativo, e o Tecgraf/PUC-Rio (www.tecgraf.puc-rio.br), é livre de pagamento de licença para instalação e utiliza a biblioteca TerraLib (www.terralib.org) para suporte de geoprocessamento.
O sistema tem como objetivo apoiar a elaboração e a revisão do plano de emergência, a realização de simulados e o combate a emergências. Através da utilização do sistema, é possivel aplicar um processo de melhoria contínua (ciclo PDCA) para a gestão dos planos, cuja qualidade poderá ser aprimorada após cada ciclo: definição da versão corrente do plano (Plan), execução do plano (Do), avaliação do plano (Check) e revisão do plano (Action).
-> Figura 2: Estrutura de um plano
Planejamento
Essa fase corresponde ao planejamento da unidade para enfrentar situações de emergência, representado pela versão corrente do plano de emergência. Os planos podem ser criados a partir de templates pré-definidos.
No plano são definidas as estratégias de combate para cada cenário específico e montada uma base de dados que armazena informações referentes à estrutura formal do plano: organograma padrão (EOR), fluxograma de comunicação, lista de equipamentos e fornecedores, mapas de sensibilidade ambiental, modelos hidrodinâmicos para deriva de manchas de óleo, procedimentos de SMS e dados georreferenciados da unidade e seu entorno (imagens de satélite, fotos aéreas, planta da unidade, estradas, hidrografia, etc.). A partir dessa estruturação, o sistema oferece a possibilidade de selecionar as informações necessárias para um determinado tipo, em um determinado lugar e em uma determinada fase da emergência.
-> Figura 3: Definição de estratégias de combate
Deve-se ressaltar que a qualidade do plano é de responsabilidade de quem o cria e revisa (administrador do plano), uma vez que o InfoPAE somente disponibiliza as informações inseridas pelos usuários.
Execução
Nessa fase, o sistema oferece a oportunidade de se executar o plano. Ao se definir um cenário acidental no sistema, o usuário recebe vários tipos de informações como, por exemplo, as primeiras ações a serem executadas, acompanhadas da lista de recursos materiais necessários para executá-las e da lista das pessoas a serem contatadas com os respectivos telefones.
Uma característica importante do InfoPAE é a utilização de recursos de geoprocessamento aliados à lógica de combate, o que possibilita ao programa localizar a região da emergência (através de informações passadas por telefone, por exemplo) e, a partir desse ponto, apresentar os acessos às instalações, aos hospitais mais próximos, aos órgãos locais, além de documentos relevantes como “as builts” e mapas de localização, contribuindo para possibilitar o controle da situação.
Diferentemente do plano em papel, que apenas indicava a referência das informações relacionadas com as ações, o plano inserido no InfoPAE disponibiliza dados para consulta imediata (documentos, desenhos, mapas, imagens, vídeos). Dessa forma, a execução passa a ser também um processo de controle da qualidade do plano, com a validação das informações pelos responsáveis, garantindo assim que todos os dados inseridos nele sejam relevantes e válidos.
Avaliação
Durante a execução, o sistema registra as ações executadas e informações gráficas e textuais. Baseado nesses registros, o sistema gera relatórios que permitem avaliar de forma sistemática o resultado dos treinamentos, simulados e eventuais emergências. Essa avaliação possibilita um estudo mais apurado da lógica empregada, a detecção de eventuais falhas no processo ou a garantia de que as devidas providências foram tomadas no momento correto, identificando oportunidades de melhoria. Esses relatórios podem ser customizados de acordo com a necessidade do usuário e impressos ou disponibilizados através da web.
-> Figura 4: Exemplo de um relatório
Revisão
Para essa fase, o sistema oferece um módulo que permite a atualização do banco de dados e a inclusão e revisão dos cenários acidentais e dos procedimentos de resposta. Existe, também, um mecanismo de governança que permite que haja um controle das modificações efetuadas e que seja feita uma auditoria dos dados.
Como conclusão desse processo de PDCA, pode-se dizer que o sistema ajuda na geração, disseminação e registro (“memória”) do conhecimento técnico e das experiências (lições aprendidas) da Petrobras sobre emergências. Nesse sentido, pode-se atribuir ao InfoPAE uma mudança de paradigma no que se refere à gestão dos planos de emergências, pois permite a aplicação do processo de melhoria gradativa e contínua.
Implantação
Atualmente, o InfoPAE está em processo de consolidação para se tornar uma ferramenta de uso corporativo, onde se destacam as ações referentes ao processo de governança, treinamento e implantação da infra-estrutura. Pode-se ressaltar que o desenvolvimento do InfoPAE está inserido em um contexto mais amplo, no qual existem diversos projetos no sentido de se estabelecer um alto padrão de qualidade para o gerenciamento e o combate a emergências nas unidades operacionais da Petrobras, segundo a diretriz 11- Contingência.
Em relação à governança, foi criado um Grupo Técnico (GT) do InfoPAE que responde pelo acompanhamento e direcionamento das atividades do projeto. Esse GT se reúne periodicamente com a participação de representantes das áreas de negócio da empresa.
Em relação ao treinamento, foi feito um trabalho junto à Universidade Petrobras que montou um calendário anual e ficou responsável pela sua coordenação. O curso é dividido em módulos, de acordo com o público-alvo. Além do treinamento para os usuários, foi montada uma estrutura para o pessoal da TI, que dará suporte ao sistema.
Em relação à infra-estrutura, o sistema está implantado em um ambiente de rede dedicado, de alta disponibilidade, com toda a segurança, redundância e qualidade necessária. Esse ambiente é formado por 21 servidores de aplicação e dois servidores de banco de dados.
O projeto contempla ainda, para cada Unidade de Negócio, um notebook local em réplica com os servidores centrais, que, além de funcionar como contingência da rede – caso a emergência ocorra em um momento em que ela esteja indisponível – dá mobilidade ao processo, podendo ser levado para campo e apoiar as emergências onde estão acontecendo. O sistema disponibiliza um módulo para acompanhamento remoto e utiliza a tecnologia Citrix/Metaframe, que permite o acesso através do browser a partir de qualquer máquina que acesse a rede Petrobras, dispensando instalação prévia.
-> Acompanhamento remoto
Além do ambiente computacional, a TI/CORP responde pelo helpdesk e atendimento ao usuário, através de uma mesa especializada que recebe chamados através do 881.
Atualmente, o sistema está implantado no Abastecimento e na Área Internacional, além de algumas unidades do E&P, da BR e do Gás e Energia.
Maiores informações sobre o InfoPAE podem ser solicitadas ao SMS-Corporativo, através da Gerência de Articulação e Contingência.
Rohny da Cunha Antunes
Técnico de Exploração de Petróleo
Coordenador do Projeto InfoPAE na Petrobras
rohny@petrobras.com.br
André Prista
Coordenador de Projeto Senior da TI-COPR
Consultor dos Projetos de Sistema de Contingência de SMS dentro da TI aprista.
bl_informatica@petrobras.com.br
Marcelo Tilio
Engenheiro civil. Coordenador da área de Geoprocessamento do Tecgraf/PUC-Rio. Responsável pelo Projeto InfoPAE no Tecgraf/PUC-Rio
tilio@tecgraf.puc-rio.br