Subsidiária da Petrobras, a Transpetro – Petrobras Transportes S/A tem acompanhado a tendência do mercado e inovado na utilização de Sistemas de Informações Geográficas (GIS). O sistema GIS Transpetro foi criado para levar aos usuários da rede interna da companhia todas as informações relativas às faixas de dutos e suas instalações, devidamente mapeadas e distribuídas pelas quatro regionais, colaborando efetivamente na gestão da integridade e segurança dos seus dutos e equipamentos. Na região Norte/Nordeste, alguns trabalhos administrados pelo setor de Confiabilidade e Inspeção têm sido evidenciados como padrões em nível nacional, em função do seu baixo custo de alimentação.

Entre outras funções, o sistema GIS Transpetro de Informações Geográficas tem como característica a exposição de dados extraídos dos relatórios técnicos provenientes de diversos serviços dos setores da empresa. Essas informações são tratadas e configuradas de acordo com a sistemática de exposição dos documentos no sistema. Sendo assim, a alimentação do programa é feita também de uma maneira prática e econômica, nos temas específicos, apresentando seus respectivos relatórios, fotografias e plantas.

Seguindo este conceito, os relatórios e plantas geradas nas contratações e inspeções internas, ligadas ao mapeamento das travessias hidrográficas nas faixas de dutos,  previamente analisadas e selecionadas pelos engenheiros geotécnicos da Transpetro, são individualmente tratadas e inseridas no sistema. A seleção dos dados tem objetivo de atender os requisitos do Padrão de Integridade de Dutos (PID), onde o tema sugere a apresentação das informações batimétricas e topográficas das travessias e suas margens, relatórios contendo fotografias e informações sobre vegetação e tipo de solo, além de plantas e perfis do duto e do terreno natural.

Em seu escopo, o contrato de Inspeção de Travessias de Rios da Transpetro previu a utilização de técnicas e equipamentos condizentes com as necessidades e precisões estabelecidas pelas normas da companhia. Em travessias com cobertura do duto até 1,5 metros, são utilizados os seguintes equipamentos: GPS Ashtech LM XII L1, Estação Total Nikon DTM – 410 e 420, Sistema Ramac e o Sistema PCM-TX e RD 433; para as travessias com cobertura superior a 1,5m foram utilizados, além dos equipamentos acima descritos, os equipamentos: DGPS – Hydro, Ecobatímetro, Sonar de varredura lateral, SBP – perfilador de subfundo 3,5 kHz, técnicas de magnetometria e inspeção submarina.

São descritas abaixo as etapas do trabalho:

1. Transporte de coordenadas – GPS –  Método Estático

A metodologia empregada foi o rastreamento diferencial estático com GPS, com rastreamento simultâneo de dois marcos de apoio, localizados em cada uma das margens, e um terceiro posicionado em um marco referencial (rede oficial), definindo assim o transporte de coordenadas, com precisões da ordem de 1:1.000.000 nas coordenadas tridimensionais (XYZ).

2. Levantamento planialtimétrico e cadastral

Com a utilização da estação total, foram levantados pelo método topográfico trigonométrico todos os pontos notáveis, obstáculos naturais e não-naturais dentro da faixa de domínio especificada, além de perfis trigonométricos de 5 em 5 metros, paralelos e ortogonais à faixa de domínio, com a finalidade de caracterização altimétrica das mesmas incluindo, quando possível, o levantamento topobatimétrico no leito dos rios.

3. Ground Penetrating Radar – GPR

O Georadar (GPR) é um método de investigação geofísica que tem como seu conceito básico a teoria de propagação de uma onda eletromagnética em diferentes meios. Em muitos aspectos, o GPR é semelhante ao método de reflexão sísmica, com um pulso de onda eletromagnética substituindo um pulso de onda mecânica (sísmica).

4. Levantamento com Pulso Induzido – PCM

O método eletromagnético consiste no envio de um pulso através do cabo de ligação duto / Ponto de Teste Eletrolítico (PTE). No pulso detectado é possível identificar, com determinada confiabilidade, a localização espacial do duto. Ou seja, é possível conhecer as coordenadas X e Y (topografia auxiliar) e a profundidade de enterramento do ponto central do duto (Z).

5. Inspeção direta através de Jet-Probe

Jet Probe é um método de investigação direta para conferência dos dados dos levantamentos realizados com o pulso induzido. O método da investigação direta, em pontos de menores profundidades de enterramento, possibilita uma maior confiabilidade nos equipamentos, levando em consideração o método de trabalho de cada aparelho. Esse resultado é comparado com a profundidade obtida pelo pulso induzido, descontando a medida do raio de cada duto, uma vez que o equipamento tem a sua projeção vertical direcionada para o centro de massa do duto. O sistema de investigação direta é realizado penetrando uma haste de aço com a ponta arredondada até o encontro da superfície do duto, e medindo o comprimento de penetração da haste.

6. Embarcação posicionada por DGPS

O posicionamento da embarcação – tipo chata – é realizado por meio do sistema de posicionamento DGPS. Os dados são integrados por computador, com as correções de posicionamento recebidas através de link via satélite, sendo o sistema de navegação interfaceado ao software para levantamentos geofísicos HYDRO – Trimble Navigation.

7. Batimetria de feixe único

O objetivo do levantamento batimétrico é determinar a topografia geral do fundo dos rios. Toda informação batimétrica é acompanhada de suas respectivas coordenadas, de maneira que a distância entre pontos batimétricos garanta a caracterização e a definição das formas e irregularidades do fundo do rio.

8. Perfilamento de subfundo (3,5kHz)

A finalidade do levantamento sísmico é a determinação da profundidade de enterramento. Constitui de uma ferramenta de detecção de dutos, enterrados ou não, definindo a espessura da cobertura sedimentar sobre os mesmos, quando assim existir, em seções transversais e eqüidistantes de no máximo 5 metros.

9. Sonar de varredura lateral

O objetivo de sua utilização é a realização do mapeamento da tubulação aparente, com possibilidade de identificação de vãos livres nos trechos submersos.

10. Levantamento magnetométrico

Método que utiliza a medição das pequenas variações na intensidade do campo magnético, provocadas pelos corpos metálicos (tubulações), tanto em terra quanto ao longo dos rios.

11. Inspeção submarina

A inspeção visual com mergulhador é efetuada quando ocorrer a constatação de que o duto esteja descoberto, com vãos livres, ou outra não conformidade identificada de forma remota, estando devidamente georreferenciada.

Características do sistema

A exposição dos dados é feita de uma maneira prática e rápida, onde, ao clicar em cima da referida travessia locada no mapa (figura 1), são disponibilizadas as opções de visualização dos documentos (figuras 2 e 3). Entretanto, vale salientar que nem todos os relatórios existentes são expostos no sistema, como é o caso dos relatórios de GPR (extensões SEG-Y, 2DS e XLS), dados de PCM, subfundo 3,5 kHz, sonográficos e magnetométricos que, devido às suas complexidades, são apenas compreendidos por técnicos especializados e carregariam o sistema sem serem consultados pela grande maioria de usuários. Porém, tais dados são armazenados e salvos no arquivo técnico central para consulta.

Através do tema interferências hidrográficas
-> Figura 1: Através do "tema" interferências hidrográficas, são listados
e disponibilizados os documentos relativos a referida travessia.

Doc´s associados e disponibilizados: plantas de perfil, condições de enterramento do duto, dados batimétricos e dados topográficos.
-> Figura 2: Doc´s associados e disponibilizados: plantas de perfil, condições
de enterramento do duto, dados batimétricos e dados topográficos.

Relatório de sistemática de levantamentos, condições de vegetação e registros fotográficos.
-> Figura 3: Relatório de sistemática de levantamentos,
condições de vegetação e registros fotográficos.

Paulo Seixas
Técnico de projeto e georreferenciamento – WORKTIME Assessoria Empresarial a serviço da Transpetro
pauloseixas.worktime@petrobras.com.br