A abertura do mercado doméstico de navegadores GPS para carros começa a atrair gigantes dos setores automotivo e eletrônico, de olho em uma das maiores frotas do mundo, com cerca de 22 milhões de veículos. O setor cresce rapidamente, assim como nos EUA e na Europa, onde as líderes de mercado vendem quase US$ 2 bilhões em aparelhos.

"Avaliamos que os navegadores tenham potencial para chegar a 10% da frota no país", diz Edson Brasil, diretor da Delphi para o mercado de reposição na América do Sul. A empresa norte-americana lançou seu navegador no país em novembro e estima ter vendido 10 mil aparelhos em 40 dias no ano passado. "O mercado respondeu muito mais rapidamente do que nossos estudos apontavam", diz o executivo.

A Visteon, dos EUA, colocará seu modelo no mercado nacional em março. As alemãs Bosch e Siemens VDO, que dispõem do equipamentos no exterior, também estudam trazê-los.

Em paralelo ao varejo, fabricantes e montadoras negociam e iniciam testes para que navegadores possam equipar veículos zero-quilômetro instalados no painel.

Eletrônicos

Mas não são apenas grupos do setor automotivo que investem. No ramo de eletrônicos, a espanhola Infinity, que detém a marca Airis, foi uma das primeiras a entrar no mercado, em agosto passado. A sul-coreana LG é outra que trará navegadores para o país, provavelmente ainda neste ano.

A norte-americana Garmin, uma das maiores fabricantes de GPS do mundo, estreou nesse nicho no país há quase um ano, por meio de representantes, e já comercializa mais de uma dezena de modelos. Nos EUA, viu a receita com aparelhos para automóveis subir 168% nos nove primeiros meses de 2006. "Acreditamos que o mercado no Brasil continuará a crescer rapidamente", diz Greg Quirk, gerente de vendas da Garmin para a América Latina.

A Infinity prevê vender neste ano dez vezes a mais (1.000%) do que em 2006 (em cinco meses), segundo Ricardo Kamel, vice-presidente para a América Latina.

Produto de massa

Na distribuição, a estratégia dos fabricantes também não passa apenas por concessionárias e lojas especializadas. "Tratamos o GPS como um produto de massa", diz Kamel. Redes de varejo tradicionais como Extra, Lojas Americanas e Magazine Luiza, lojas especializadas em eletroeletrônicos e portais na internet passaram a oferecer o produto.

No entanto, apesar da expectativa de vendas crescentes, fabricantes descartam grandes reduções no preço ao consumidor nos próximos anos na esteira de um ganho de escala. "O GPS chegou ao país com os mercados norte-americano e europeu já desenvolvidos. Como a produção na Ásia serve para o mundo todo, o hardware que vem para o Brasil já está barato", diz Mario Okuno, sócio-fundador da MobiMax, empresa que representa no país a marca taiwanesa Altina.

O raciocínio é endossado por outros fabricantes. Eles ainda apontam o custo do mapeamento como fator de encarecimento do GPS, cujo preço gira em torno de R$ 2.000. No exterior, o valor cai pela metade. "Como o mercado interno ainda é pequeno e de poucos "players", esses custos não são diluídos", afirma Kamel. O preço, no entanto, não é visto como único obstáculo para a massificação do GPS. "A população ainda está desinformada sobre o navegador.

Faltam ações dirigidas", afirma Edisson Galassi, diretor comercial da Magneti Marelli. Um dos fatores que podem ajudar é a esperada flexibilização, pelo Contran, das normas de uso, como permitir a exibição de mapas com veículos em movimento. Hoje, só comandos de voz e símbolos de direção são liberados.

Fonte: Folha de São Paulo