Já há algum tempo viraram febre mundial os softwares baseados em globos virtuais.
O pioneiro a se consagrar foi o Google Earth (GE), seguido pelo concorrente da Microsoft, o Virtual Earth. Ambos se tornaram imediatamente populares e disseminaram a cultura da informação geográfica para fronteiras antes não imaginadas. O diferencial é que foram iniciativas de grandes grupos internacionais ligados à Tecnologia da Informação (TI) em geral, não apenas às geotecnologias.
Agora também a Esri, líder mundial em softwares para GIS, com um faturamento em 2006 da ordem de 660 milhões de dólares, anuncia um novo produto nessa mesma linha: o ArcGIS Explorer (AGX), disponibilizado ao público no dia 4 de junho de 2007. Apesar de ter sido criado com outro propósito, não o de concorrer diretamente com as demais ferramentas, o AGX claramente agregou soluções que se consagraram no GE, principalmente em termos de navegação, e até mesmo com o formato de dados para compartilhamento KML/KMZ.
A nova ferramenta possui outras capacidades que a torna mais expansível para a vertente de serviços de geoprocessamento, sendo possível executar consultas e tarefas de ferramentas GIS como: análise de visibilidade, roteamento, modelos espaciais, entre outras.
-> Tela do ArcGIS Explorer
A inovação fica por conta da arquitetura do sistema, que sinaliza a opção para distribuição de aplicações mais leves e gratuitas para os clientes, incluindo inúmeras possibilidades de aplicações móveis no futuro. Além disso, apresenta investimentos maiores no lado dos servidores, tanto em termos de software como de capacidade computacional, assim como foi feito no ArcGIS Server, lançado recentemente.
Porém, observa-se que alguns avanços já presentes no GE, hoje na sua quarta versão, como visualização do grid de coordenadas em UTM e suporte a dados temporais, ainda não estão presentes no AGX.
Globo 3D
A aplicação se baseia no formato de um globo tridimensional que, na abertura default, carrega imagens de satélite. A estes dados iniciais o usuário pode adicionar outros, tanto locais como serviços web. Para os servidores, são aceitos o padrão ArcGIS Server, ArcIMS e WMS.
-> Inserção de dados por parte do usuário
Desta forma, podem ser utilizados dados on-line de instituições como IBGE (servidor ArcIMS), Ministério do Meio Ambiente (servidor WMS), Nasa, entre muitos outros.
Para dados locais, são aceitos File Geodatabases, o novo formato de banco de dados geográfico nativo da versão ArcGIS 9.2. No entanto, ainda não é aceito o formato Personal Geodatabase, das versões anteriores do ArcGIS. Outros bancos de dados podem ser acessados através da criação de um serviço de globo com as ferramentas ArcGIS Server e ArcSDE.
Outros formatos locais suportados são: arquivos raster georreferenciados, em várias extensões (tif, jpeg, etc.), shapefiles, arquivos KML e KMZ, nos quais existem atualmente disponíveis inúmeras bases para download, inclusive cidades em 3D que podem ser encontradas em sites como o Google Earth Hacks (www.gearthhacks.com).
-> Modelos tridimensionais de cidades
Arquivos com georreferência incompatível com o AGX poderão não aparecer. Neste caso, se for dado um Zoom, a vista poderá ser levada para o ponto de intersecção 0° e 0° (Equador e Meridiano de Greenwich). Abaixo um exemplo para a cidade de Orlando (EUA).
Também podem ser adicionados arquivos de texto com coordenadas e endereços, como por exemplo para locais com serviço de endereçamento, isto é, base cartográfica preparada no padrão necessário. Esta é uma vantagem sobre o GE, que limita esta modalidade de suporte de dados à sua versão Pro. No AGX, podem também ser utilizadas notas em HTML relacionadas às coordenadas, contendo links, imagens, tabelas, e o que mais for relativo a uma determinada localização.
As opções de navegação são bastante intuitivas, podendo-se utilizar o mouse para aproximar, afastar e inclinar o mapa. Os usuários também podem trabalhar com a transparência dos layers e usar a ferramenta Swipe, que alterna entre duas imagens para facilitar comparações temporais.
O conceito inovador do AGX é agrupar as operações sobre os dados na janela Tasks (tarefas). Ela engloba funções já existentes no software, como identificação, medição de distâncias, busca de um local pelo nome, etc., funções programadas pelo usuário e funções disponibilizadas em servidores externos, como modelos espaciais de propagação de fogo, criação de perfis de terreno, entre outras. Desta forma, a ferramenta gratuita assume potencialidades de uma ferramenta completa de GIS, dependendo dos acessos permitidos a cada usuário.
-> Conteúdo adicional relacionado aos mapas
Estamos presenciando hoje um momento muito particular, do qual o lançamento do AGX faz parte. É o surgimento e a consolidação de um novo modelo de negócios para geotecnologias, que no lugar de apenas tratar do intercâmbio de dados, tornará cada vez mais comuns as transações envolvendo acesso a servidores, não só de dados, mas também de serviços de geoprocessamento on-line.
Mesmo fora da esfera de negócios, este modelo permite que instituições ampliem a divulgação e o compartilhamento das informações, para uma base de usuários cada vez maior e mais participativa.
As tendências seguem todas para um mesmo rumo: o da integração, interoperabildiade e disseminação da tecnologia. Como resultado destas transformações, finalmente a informação geográfica acabará saindo das antigas “ilhas de tecnologia”, operadas por especialistas altamente capacitados, para o mundo real, o que criará uma demanda extraordinária de novas aplicações para os profissionais e instituições que souberem ser flexíveis o suficiente para se adaptar à nova realidade.
Mais informações
Demonstração em vídeo do software
www.esri.com/flashmedia/arcgisexplorer/arcgisexplorer.html
Download (necessário uma Esri Global Account, cadastro gratuito)
http://arcgisonline.esri.com/index.cfm?fa=download.arcgisexplorer
Blog oficial
http://blogs.esri.com/Info/blogs/arcgisexplorerblog
Silvana Phillipi Camboim
Engenheira cartógrafa
Diretora de GeoPlus Geotecnologia e Informática
silvana@geoplus.com.br